Cardozo & Nuno Gomes – O que todos os benfiquistas precisam de saber

white corner field line on artificial green grass of soccer field

Factos:

Em 07 / 08, o SL Benfica terminou 10 jogos na liga sem somar qualquer golo (um a cada tres jogos), batendo um recorde pessoal negativo. Os golos que foi marcando nos outros jogos foram essencialmente fruto de lances de bolas paradas (lançamentos do Bynia, cantos e livres laterais de Rui Costa e penaltys e livres directos do Cardozo), tendo obtido uma percentagem quase insignificante de golos de bola corrida (fruto de combinações ofensivas, contra-ataques ou de simples cruzamentos para a área).

Ponto comum a muitos dos jogos da época passada: A dupla de atacantes Cardozo & Nuno Gomes.

Ponto prévio: Com tamanha falta de qualidade, dificil seria que os dois avançados mostrassem (bom) serviço. Ainda assim, estarão N.Gomes e Cardozo isentos de responsabilidade desse facto e poderão ser compativeis? NÃO.

Porque?

Olhando para ambos, todos conseguimos perceber a suas enormes limitações. Ambos são extremamente lentos (Cardozo mais que Nuno Gomes), pouco creativos e incapazes de deixar para trás adversário(s) e progredirem na direcção da baliza.

Quando jogam juntos, os defesas adversários, fruto desse conhecimento tendem a subir a sua linha defensiva até bem próximo do meio campo, deixando para trás quase 50 metros (tomando por exemplo um relvado com 100×60) de terreno, onde pura e simplesmente não se joga, uma vez que tanto um como outro, não constituem ameaça em bolas lançadas em profundidade para as costas das defesas. Imaginando que o Benfica procura tambem subir a sua linha defensiva ao máximo (imaginemos 25 metros, sensivelmente a meio do meio campo defensivo), sobra uma área de pouco mais de 25×60 ocupada por 20 jogadores.

Desta forma, tanto os avançados, como os médios adversários começam por defender logo no meio campo defensivo do Benfica, criando imensa pressão sobre a bola, tendo em conta o espaço reduzido onde se joga, dificultando de sobremaneira não só as transições, como a simples circulação de bola (não admira ouvir Quique Flores dizer que não se conseguiu efectuar mais de 3 passes consecutivos em Leixões).

Para além da desvantagem óbvia que representa o “encurtar” do campo de jogo, não raras as vezes os adversários optam por uma marcação 1×1 entre os centrais e os avançados do Benfica, não colocando nenhum líbero a fazer as coberturas defensivas, uma vez que raramente é necessário realizar “dobras”, e que podem perfeitamente ser também realizadas pelos laterais que jogam mais próximos dos centrais. Esta opção permite libertar mais um jogador para o meio campo, ajudando na tal pressão que é feita sobre a bola.

Quando se coloca alguém rápido a jogar na frente, obriga-se desde logo a que a defesa adversária jogue bem recuada no campo, para precaver eventuais bolas em profundidade para as suas costas, ganhando com isso muitos metros de espaço, decisivos para realizar as transições e a circulação de bola de forma bastante mais tranquila, além de que qd se coloca um avançado rápido, o adversário recorre (quase) sempre a um líbero, por forma a garantir uma cobertura defensiva eficiente, ficando dessa forma a jogar com 3 centrais, logo com menos um elemento no meio campo.

P.S. – Quando Nuno Gomes faz dupla com Cardozo, o Benfica torna-se a antítese daquilo que Quique Flores pretende para o Benfica. Deixa de ser uma equipa subida no terreno, pressionante e a defender logo no meio campo ofensivo.

P.S. II – Cada vez mais, a velocidade condiciona todo o posicionamento táctico das equipas, pelo que me é muito dificil imaginar, dentro de alguns anos, um futebolista profissional que não possua este atributo. Em algumas das melhores equipas da europa já não entram.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

12 Comentários

  1. Brilhante análise. Se tivessemos analistas destes na comunicação social seria tudo mais interessante.

    Atrevo-me a dizer que algun treinadores da Liga não conseguem fazer este raciocínio.

    Parabéns e fico à espera de mais posts destes

  2. …e para combater isso serve o Suazo. O plantel tem opções diversificadas para fazer face a situações mt diferentes, equipas diferentes e sistemas de jogo diferentes. Parabens pela analise 😉

  3. o suazo vai rebentar… vão ver. com suazo (jogador a, meu ver, ao nivel do lisandro) e cardozo na frente o Benfica vai ser o pesadelo de mtos clubes.

    BENFICA RULES

  4. Não concordo com muitos pontos desta análise:

    1 – Defendes que o Nuno Gomes não é criativo. O que é criatividade para ti? Capacidade de drible?

    2- Não são os jogadores, enquanto elementos individuais, que têm a responsabilidade de garantir profundidade, mas sim a equipa. Obviamente que há jogadores cujas caracteríticas podem potencia um certo e determinado estilo, mas é a equipa que tem de ser capaz de encontrar na sua organização e filosofia, soluções que lhe permitam contraria esses aspectos.

    3- A velocidade mais importante nem é essa a que te referes, mas sim a do raciocínio e da interpretação. Olha o Deco e o Doula( bem sei que são “extremos” de vários “paradigamas”, mas é para vincar de melhor forma o que quero dizer).

    Um abraço.

  5. Ola Gonçalo (n sei se sabes, mas conhecemo-nos pessoalmente!)

    1- Criatividade é bem mais do que a capacidade de drible. Independentemente do que eu creio ser criatividade, acima de tudo pode ter sido um problema de terminologia. O importante a reter dessa afirmação, é que tanto o NG como o Cardozo, são incapazes (e creio que todos somos capazes de o reconhecer) de resolver uma situação de 1×1+GR, ainda para mais, partindo do meio campo.

    2 – No modelo de jogo que Quique Flores está a impor no Benfica, a profundidade é dada pelos avançados. Os Alas que se transformam mtas vezes em médios interiores qd têm a bola (visto que a ideia é atacarem o corredor central), têm por hábito vir buscar a bola no pé. Mais do que os médios centro, é a eles que cabe a tarefa de conduzir os ataques (partindo do corredor lateral para o central), daí, que não são eles que aparecem a dar profundidade (certo ou errado, não é importante. É uma opção de Quique Flores).

    e Camacho…nem sabe o que é um modelo de jogo.

    3 – Eu, como tu, sou um acérrimo defensor dos jogadores fabulosos ao nível da tomada de decisões. Mas, penso que com um treinador competente todos (até o liedson!)poderão desenvolver esse aspecto, creio que todos podem atingir um nível mt elevado de percepção sobre o q é o jogo, enquanto que a velocidade de deslocamento e de execução, é algo que, apesar de poder ser trabalhada, é inata. Daí que eu a valorize mais do que a boa tomada de decisões.

    Em suma, se o jogador decide mal e de forma lenta, provavelmente mais do que um problema do próprio jogador, é do treinador que não o consegue conduzir no treino semanal, a uma correcta tomada de decisões, em função do modelo de jogo adoptado.

  6. Não tinha reparado nisso. Está tudo bem contigo? Tens falado com o Rodrigues?

    Em relação á nossa “discussão”, continuam a existir alguns pontos em que a minha opinião não vai de encontro à tua:

    1 – O que eu defendo é que um jogador deve oferecer à equipa soluções colectivas. O exemplo que deste, nem o acho muito feliz, porque uma equipa como o Benfica não vai encontrar muitas situações destas: “NG como o Cardozo, são incapazes (e creio que todos somos capazes de o reconhecer) de resolver uma situação de 1×1+GR, ainda para mais, partindo do meio campo.” .
    Geralmente, são as equipas que defrontam o Benfica que encontram mais situações destas.

    2 – Vou respeitar a tuia leitura porque, de certeza, tens tomado mais atenção aos jogos od Benfica do que eu. Todavia, nos poucos que eu vi, não foi assim. E não me pareceu que fosse por culpa dos avançados, mas por definição colectiva. Por exemplo, contra o Sporting, não foi isso que sucedeu. As transições do conjunto benfiquista eram rápidas, sendo que o alas ficavam sempre encarregues de conferir profundidade ao jogo colectivo. Na primeira parte isto não funcionou como era previsto, mas por questões inerentes ao próprio sistema táctico( como tem poucas linhas definidas, e é um sistema que visa, essescialmente a largura e as transições rápidas, muitas vezes os jogadores ficam entregues à sua sorte, e dos sues duelos individuais. Se isto para um jogador com as caracteristicas( e com o nível) de Reyes não é probelema, para um jogador como Amorim( que também acho muito bom, mas que se distingue mais pelas qualidades colectivas, do que pelo sucesso dos seus duelos individuais) já não correu da mesma forma. Mas já me estou a afastar do nosso assunto.

    3 – Liedson, este jogador que adoro tanto…;) Compreendo o que dizes, e como é óbvio tens razão qd defendes que um treinador tem muita responsabilidade na ideia colectiva de jogo que os jogadores(não)têm. Porém, num jogo como o futebol, em que existe fricção entre dois conjuntos antagónicos, há uma grande parte do jogo que não é compreendido pelas variáveis que treinamos, nem podemos prever( defendo isso no texto que publiquei” Criatividade e acaso”). E é nesses pormenores( que muitas vezes se assumem como “pormaiores”) que o facto de um jogador ser mais inteligente e perspicaz do que outro, que assenta o sucesso ou não do prevalecimento da nossa equipa sobre a outra. Porque no fuetbol os espaços são cada vez menos, é importante que o jogador saiba o que fazer para os “inventar”. Não quero com isto retirar importância dos factores fisicos, nada disso, e, como é óbvio, entre um jogador burro e rápido e um jogador que é apenas burro, opto pelo primeiro. Mas entre o Nuno Gomes, e o Liedson… Nem hesito escolho o Nuno, de caras!

    Um abraço

    Ps- ( és treinador? Não sabia. Como é que te estão a correr as coisas este ano?)

  7. Bem, só para dizer que estou a gostar deste post e comentários a esta notícia.
    Parece-me, sem dúvida, uma bela discussão de «bola». Parabéns aos intervenientes. Deverei começar a frequentar este blog.

    Abraço a todos, e que, daquí a uns meses o meu Benfica seja campeão, hehehe!

    Márcio Guerra

  8. Não sei de que clube são, mas do benfica não serão certamente. E percebem bastante de bola, ao dizerem que o n.gomes e o cardozo são maus jogadores. Olhando a estatisticas, é lado a lado que o benfica faz golos. Mas se fossem maus não apresentam os números que tem. Cardozo 50 jogos 25 golos. N.Gomes, melhor marcador na actividade do campeonato português.

  9. O Figo fala hoje sobre algo que realmente o Benfica precisa e q realmente n tem com NG e Cardozo.

    “Suazo dá profundidade ao jogo”

    MTS PARABENS PELA LEITURA

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