Porque não gosto de C. Rodriguez

white corner field line on artificial green grass of soccer field
Tal como quase toda a gente, Rodriguez entende o jogo como um conjunto de 10 duelos de 1×1. Parte da ideia de que a sua função é driblar o seu adversário directo, e como extremo que se preze (????) ir à linha de fundo cruzar.
Partindo-se de uma premissa tão errada, torna-se logo muito complicado ser-se um jogador de eleição.

Para além de limitar muitos dos contra-ataques das suas equipas, fruto dum mau posicionamento em campo (poucas são as vezes que confere largura ao mesmo, preferindo receber sempre a bola no corredor central, promovendo a concentração dos adversários), as opções tomadas com bola são demasiadas vezes erradas. Rodriguez atropela o principal princípio de jogo ofensivo, pois a progressão no terreno com bola, é feita essencialmente na direcção da bandeirola de canto, como se fosse lá o local da baliza adversária.

É claro que é vistoso ver todos aqueles dribles, mas terá nexo ir para um cantinho de terreno trocar as voltas ao adversário, quando a baliza está noutro lado? Deve-se caminhar na direcção da baliza e procurar os corredores laterais quando o central está “fechado”, para então voltar a procurar a baliza adversária ou deve-se desde logo correr na direcção dos corredores laterais, para chegar juntinho da bandeirola de canto e tirar um cruzamento? Perguntem a Kaka, a Messi ou a… Aimar.

É sempre um desperdicio ver um jogador com talento e com capacidades físicas muito interessantes, não contribuir para o sucesso da sua equipa.

P.S. – A generalidade dos adeptos e a totalidade dos jornalistas (formados em jornalismo) nunca compreenderão o quão exagerado é dar valor a um jogador “raçudo”, que corre atrás de todas as bolas perdidas, mas que fruto disso não respeita os principios de jogo defensivos e acaba por prejudicar, também nesse aspecto, a sua equipa.

P.S. – O jogador Hulk vem dar todo um novo significado à expressão “calhau com olhos”. A forma como resolveu a situação de 2×0+Gr no jogo da Sertã foi genial. Conheço mais de uma dezena de tipos com o mesmo tamanho de Hulk, que fariam o mesmo que ele… por bem menos dinheiro.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

7 Comentários

  1. O bonito da blogosesfera é podermos debater e então vamos lá:

    1- Rodriguez pode ser muita coisa mas não é um extremo, joga a extremo o que é diferente e tudo o que disse é causado por este facto. Para mim Rodriguez é um bom jogador.

    2- Hulk tem boas qualidades, desde loga a capacidade fisica e o poder de fogo, com os dois pés, mas andou sempre perdido no Japão. Com o acompanhamento certo pode vir a dar num bom jogaddor, mas claro que o preço é, no minimo exagerado.

    carlos_saraiva07@hotmail.com

  2. Bom texto. Mas, sinceramente, este Rodriguez de início de época não é o verdadeiro Rodriguez. Acho que ele gosta demasiado de participar no jogo e tem um grande defeito que é não controlar esse ímpeto. O Quaresma, muitas vezes, ficava aberto num flanco e permitia ao Porto que as transições rápidas saíssem facilmente. Rodriguez quer vir a todo o lado, quer correr. É demasiado disponível. Com bola, tem sido demasiado egoísta. Mas é um desequilibrador. E acho que pode fazer a diferença, desde que modere a sua forma de actuar. Não é assim tão diferente de um Di Maria ou mesmo do Vukcevic. São jogadores possantes, que vivem da explosão e da capacidade individual. Precisam é de enquadrar essa capacidade, que é muita, naquilo que pode beneficiar mais a equipa. Quanto ao Hulk, excelente expressão. Tem boas qualidades físicas e técnicas, mas falta qualquer coisa àquele cérebro. O Porto, este ano, tem demasiados jogadores com boas qualidades físicas e técnicas, mas perdeu qualidade na percepção do jogo. Exemplos disso são Sapunaru, Guarin, Hulk, Pelé, Rolando e Rodriguez. E coincidência ou não, a equipa está muito mais débil que a dos anos anteriores.

  3. Não concordo com algus questões abordadas, pois Rodriguez demonstrou no Benfica que sabe jogar para a equipa, para além de ajudar nas missões defensivas, mas concordo que terá que melhorar o aspecto tactico…
    Mas os treinadores servem para ajudar.

    Abraço

  4. PB, o texto está extremamente lúcido e objectivo, como já vem sido hábito neste blog.
    Sobre o conteúdo do mesmo, devo dizer que concordo com o Nuno: o Rodriguez é um desiquilibrador nato. Como mistura força e técnica em excelentes doses, é especialmente forte nos duelos individuais. Agora a questão é enquadrar esta capacidade na mecânica do colectivo e, como Rodriguez não é um jogador cerebral e inteligente para se auto-avaliar, isso é uma missão de Jesualdo. E, como disse o Nuno, a excessiva disponibilidade do Rodriguez também não ajuda o jogo ofensivo do Porto a fluir.
    Quanto ao Hulk, se tivesse neurónios, seria um avançado de excepção. Só para concluir, Nuno, devo dizer que não acho o Rolando intelectualmente fraco. Nesse aspecto, parece-me claramente superior ao Bruno Alves, por exemplo.
    Cumprimentos e continuação do bom trabalho.

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