Desperdício em Madrid

white corner field line on artificial green grass of soccer field

FC Porto em Madrid. Bom resultado para as aspirações portistas. Mau resultado, em função do futebol produzido.

Em Madrid, uma exibição colectiva soberba, só poderia ter sido manchada por dois incríveis erros individuais.

Tendo o FC Porto nos seus defesas laterais, o seu ponto mais débil, e defrontando uma equipa com executantes do nível de Simão Sabrosa e Maxi Rodriguez nos corredores laterais, poderia supor-se que seria esse um factor de desnível na partida.

Nada mais errado. Jesualdo pertence a uma espécie, ainda rara, de treinadores em Portugal, que não entende o jogo como um conjunto de 10 duelos. O seu FC Porto é um colectivo, onde todos devem defender e atacar. A sua zona defensiva, assente em principios bem definidos, possibilita uma enorme entreajuda em todos os momentos. Ao longo de todo o jogo, Meireles, Lucho e Fernando foram enormes, no garantir das coberturas a Cissokho e Sapunaru.

Garantida a segurança defensiva, em todos os espaços do campo, ao FC Porto bastaria esperar pelos timings correctos para colocar em prática a sua rápida transição defesa-ataque e beneficiar de todo um meio campo ofensivo entregue, em vários momentos, somente a 4 defensores espanhois, que tentavam impedir as cavalgadas dos fisicamente poderosos Hulk, Rodriguez e Lisandro.

Após o jogo em Madrid, parece correcto afirmar-se que apesar de estar muito próximo do apuramento, o FC Porto só por extrema ineficácia na finalização e por dois erros individuais, não resolveu, desde logo, a eliminatória.

Cissokho tem demonstrado enormes limitações de ordem táctica. Habituado a pensar em referências individuais, mantém-se demasiado longe de Bruno Alves (que também poderia e deveria ter-se posicionado de forma diferente), não encurta o espaço e é surpreendido pela diagonal de Maxi Rodriguez. Decisiva também, a má abordagem de Rolando, que oferece o corredor central, ao portador da bola, enquanto faz a contenção.

Jesualdo referiu publicamente as limitações que Cissokho tem na vertente táctica do jogo. Essencialmente na ocupação do espaço defensivo. Mencionou também, que essa situação não o preocupa, pois o seu FC Porto tem sido um clube, para além de treinar, capaz de ensinar os seus atletas, mesmo no escalão sénior. Esperemos pelos progressos do francês. Se Jesualdo potenciou tantos outros, porque não alguém fisicamente tão apto?

P.S. – O Atletico é só isto?
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

2 Comentários

  1. Concordo com a análise, mas no lance do 1º golo foi uma sequência de erros, em que o último a errar foi o Cissokho e o primeiro o Fernando. Gostei do Sapunaru, embora no caso do romeno, esteja sempre à espera do disparate da ordem.

    Sobre o PS, muito mal andará o F.C.Porto, se pensar que o Atlético é só aquilo.

    Um abraço

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