2010 em dois jogos

Ofensivamente, tão importante quanto o portador da bola é o trabalho de toda a restante equipa. As melhores equipas garantem a todo o momento três e por vezes quatro opções de passe curto. Ao portador da bola é decisivo que se confira linha de passe sobre a sua direita, sobre a sua esquerda, atrás de si e dependendo da posição da bola no campo, é também determinante garantir uma linha de passe em apoio frontal. É o trabalho permanente de todos os colegas sem bola, a garantir tantas linhas de passe que torna imprevisível a decisão do portador da bola.
O maior expoente do que se tornou o futebol moderno é o Barcelona. A selecção espanhola, pelo elevado número de jogadores culés transportou isso para o seu jogo.
Dois jogos que marcam 2010
Espanha – Alemanha. Mundial 2010.
Muitos eram os que garantiam o favoritismo da selecção alemã. A excelência de Ozil, Muller e Podolski, assim como as recentes goleadas sobre Argentina e Inglaterra legitimavam tal pensamento.
Porém, a partida haveria de ser uma das maiores demonstrações de superioridade de um estilo de jogo sobre outro. Contaram-se pelos dedos de uma mão o número de vezes que os germânicos traspuseram a linha do meio campo. Um vendaval de futebol ofensivo espanhol, ainda que não expresso no curto resultado final do jogo, elevou para níveis estratosféricos a diferença de estilos.
Barcelona – Real Madrid
A justificação é precisamente a mesma. Parece que quando se crê que o estilo possa ser colocado em causa, a resposta é sempre extasiante.
P.S. – Impossível esquecer o titulo europeu de Mourinho. Por muito injusto que lhe possa parecer, continuamos a acreditar que o triunfo na semi final sobre o Barcelona foi algo daquele tipo que acontece uma em dez vezes. Tal não pretende, de forma alguma, retirar mérito ao melhor treinador do mundo. Consiga o treinador português vencer uma prova de regularidade (campeonato) ao temível Barcelona, e seguramente que deverá ficar guardado na memória colectiva não como o melhor da actualidade, mas como o melhor de sempre.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

6 Comentários

  1. A nível pessoal, como benfiquista gostaría de destacar 3 jogos: Everton-Benfica (0-2), Benfica-Porto (1-0) e Marselha-Benfica (1-2). Principalmente este último foi um jogo fantástico tanto táctico como técnicamente. Seguramente o melhor jogo europeu do Benfica dos últimos 15 anos.

  2. PB,

    Tu já entendes o Mourinho como o melhor treinador de sempre, caso contrário não escreverias "consiga o treinador português vencer uma prova de regularidade (campeonato) ao temível Barcelona, e seguramente que deverá ficar guardado na memória colectiva não como o melhor da actualidade, mas como o melhor de sempre."

    É que ganhar uma prova de regularidade a este Barcelona é actualidade, portanto não vejo como é que isto pode ser vir para afirmar uma suprema competência "de sempre". PB o "melhor de sempre" é sempre complicado de usar porque está-se a fazer uma eleição de um pote que contém elementos que não podem ser juntos: não sabemos o que é um treinador dos anos 60, 70 ou 80 faria ao serviço de uma equipa dos anos de hoje. Nem sabemos se um treinador de muito sucesso hoje teria o mesmo sucesso caso tivesse sido treinador 40 ou 30 anos antes.
    Tal como os jogadores, não sabemos.
    É impossível.
    O melhor jogador português de sempre caso não tivesse nascido na década de 50 e tivesse nascido meio século mais tarde poderia muito bem – nascendo com exactamente o mesmo potencial e talento – superar o Ronaldo. Porque com o talento que tinha poderia nas mesmas condições ter-se tornado num futebolista ainda melhor. E isto serve para o Matateu / Ronaldo em Portugal, Platini / Zidane em França, ou Pelé / Ronaldo no Brasil, por exemplo.

    PB das duas uma … ou,

    Tens uma admiração tal pelo Mourinho que entendes que ele é o melhor de sempre mas, cais ao mesmo tempo naquele erro de sentir-te tentado a retirar-lhe mérito (diferença do melhor de sempre para o melhor da actualidade é retirar de alguma forma mérito) por causa do Barcelona e do Guardiola.

    Ou, não entendes que o Mourinho é o melhor treinador de sempre ou sequer da actualidade porque achas que o Pepe Guardiola é melhor do que ele. Só assim se entende a introdução desse elemento "Barcelona" para que devamos ou possamos achar o Mourinho o melhor de sempre.

    Tenho a certeza que uma pessoa inteligente como tu verá que não faz sentido nenhum fazer depender uma vitória numa prova de regularidade a este Barcelona para que o José Mourinho ou outro qualquer devam ser considerados isto ou aquilo. Se assim é o melhor da actualidade, para ti, é o Guardiola.

    Abraço.

  3. Se o jogo evolui, particularmente a parte táctica, não vejo grandes complicações de dizer que se houver um que é o melhor de sempre, esse alguém é o Mourinho, tal como se se for a dizer que há um melhor de uma dada época, esse alguém agora é o Mourinho, como noutras épocas foram outros. Tanto isto é verdade que se formos a falar do melhor jogador de sempre falamos quase invariavelmente de 3 ou 4, Pelé, Maradona, Cruyft (ou como se escreve), Eusébio e poucos mais… mas mesmo muito poucos. Só que há aí um miúdo, que joga no Real Madrid, de seu nome Cristiano Ronaldo, que está a dizimar HOJE em dia, recordes do passado, e que não foram batidos por nenhum dos melhores do mundo que houve entretanto, e foram muitos que lá jogaram nesse clube, ou seja, o mais completo será, sem dúvida, por mostrar o que já mostrou onde passou, Mourinho. E se fizer o feito de ganhar 3 vezes ou mais a Champions, como o fez já no Porto e Inter, aí, creio, não haverá nada a dizer, e mesmo não ganhando este ano La Liga, onde a diferença é tão pouca entre o valor do actual Barça e Real, isso não o diminuirá… Digo eu…

    Abraço

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    Bimbosfera.blogspot.com

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