Soltas de Lyon. Meio campo, qual meio campo?

O principal problema é o de sempre. Mesmo quando ainda estávamos maravilhados com a qualidade ofensiva do seu jogo, já o referiamos. Os jogos fora de casa seriam agora bem mais interessantes. O SL Benfica tem uma transição defensiva demasiado fraca para poder competir na Liga dos Campeões. Como sempre afirmámos, nunca foi Javi o equilíbrio da equipa. É bom jogador, e o que faz, faz muitissimo bem. Contudo, não faz nada de extraordinário. Nada que outro jogador, com boa leitura táctica não o fizesse. Quem garantia de facto a boa performance defensiva era Ramires. Era a sua cultura táctica, velocidade e disponibilidade que assegurava com assertividade e clarividência a transição defesa-ataque. Era pela sua velocidade a re-ocupar o espaço defensivo, que a equipa de Jesus conseguia colocar tantos jogadores em situação ofensiva, sem nunca se desiquilibrar no campo de jogo.

Mas, Ramires não está, nem voltará a estar. Cabe a Jesus tomar decisões. A equipa não pode continuar a querer colocar tantos jogadores em zonas próximas da baliza adversária, se depois não há quem tenha capacidade para voltar.
Carlos Martins não pode ser tido como uma boa solução para médio interior, precisamente porque para além de ser incapaz de chegar rápido ao espaço defensivo, tem a desfaçatez de perder duas, três bolas por jogo em zona proibida.
Porém, Amorim, a melhor solução para médio interior direito, está lesionado. Além de que, é também a melhor solução para defesa direito. E Salvio está bastante longe de mostrar capacidade para jogar numa equipa que se pretende ganhadora.
Por fim, não há Cardozo. Alan Kardec é bastante mais móvel e é indiscutível que oferece outras soluções. Não tem contudo, a fantástica técnica de Cardozo, que mesmo pouco ágil e demasiado lento, das vezes que recebe a bola, coloca-a com grande assertividade onde pretende. Ao contrário do paraguaio, Kardec não garante à equipa capacidade para segurar a bola e manter a posição. E acredite que Cardozo é francamente bom quando participa no jogo ofensivo. As suas limitações físicas impedem-o é de participar mais vezes.
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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

9 Comentários

  1. Caro PB,

    É uma boa análise, não diria melhor. Em acrescento, há também uma falta de DiMaria, que não se notando tanto como a de Ramirez, é evidente que os desíquilibrios são agora menos. Do meio campo para a frente, o futebol do benfica foi atabalhoado por o Lyon ter recuado bem o meio campo e preencher os espaços defensivos.

    Por outro lado, o que dizes da liga dos campeões é bem verdade: as equipas são de outro nível, e este Lyon não foge à regra. Não sendo nenhum Zidane, o Gourcuf é brutal, tem uma noção de espaço e tempo de jogos… fenomenal. Os adeptos do Benfica (e de outros clubes) têm de se mentalizar que no futebol há equipas adeversárias, e que não poucas vezes são melhores que a nossa, e vencem por isso!

    Abraço,
    Pedro

  2. Gostei muito da análise pena não haver uma solução dentro do plantel que corrija o problema da transição defensiva. Só de pensar que com Ramires, Maxi não tinha tido metade do trabalho com Michel Bastos, dá que pensar. O autor considera que a colocação de dois trincos ou até dum trinco e dum box-to-box, simultaneamente, jogando num sistema parecido ao do Real Madrid teria resultado nos jogos fora de casa da Champions?

  3. Gonçalo eu acho que o sistema táctico deve manter-se inalterável.

    Mas, se não há quem assegure uma boa transição defensiva, então, um dos médios interiores não pode chegar tão à frente quando a equipa tem a bola. Precisamente para precaver o momento da perda da mesma.

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