Jogar em poucas linhas, dificulta as coberturas. O exemplo do Sporting.

white corner field line on artificial green grass of soccer field
Várias são as desvantagens para as equipas que jogam em poucas linhas. Ofensivamente a principal dificuldade reflecte-se no formação de apoios próximos ao portador da bola. Defensivamente, poucas linhas dificultam imenso a formação de coberturas (apoios atrás do jogador que saiu à bola na posse do adversário).
Temos sido um pouco críticos com o actual sistema táctico de Domingos, precisamente pela sua opção táctica. Já referimos em textos anteriores, que é demasiado fácil para uma equipa que se prepare convenientemente, fazer a bola chegar à frente da defensiva leonina. É demasiado fácil, porque bastará um passe, ou um único drible (como veremos no video mais à frente) para ultrapassar mais de metade da equipa do Sporting, e ficar desde logo com a bola contra a ultima linha leonina no campo. E é precisamente essa a razão que nos leva a afirmar que os defesas do Sporting têm o triplo do trabalho dos que jogam no FC Porto e/ou SL Benfica.
As imagens e videos são de lances da segunda parte, pois foi esse o período em que o Zurique optou por sair a jogar com a bola rasteira, colocando dessa forma maiores dificuldades ao Sporting.
Em organização defensiva, o Sporting tem onze jogadores atrás da linha da bola. Um único drible, e o defesa central adversário, portador da bola, fica numa situação de 5×5, tendo desde logo como adversário mais próximo o defesa central adversário. Tal situação só é passível de acontecer, pelo alinhamento horizontal da linha de médios. Rinaudo, o único jogador responsável pelas coberturas defensivas em toda a largura do campo, por ter estado segundos antes no corredor lateral contrário, onde a jogada atacante do Zurique se iniciou não chega, nem poderia chegar a tempo.
Foram vários os lances em que também um único passe do central adversário, colocou em risco toda a defesa leonina. A bola que termina na barra de Rui Patrício é um exemplo claro. A falta é cometida por Rodriguez. O Sporting estava em organização defensiva, e um simples passe vertical do central, deixou o Sporting numa situação de apenas quatro jogadores entre a bola e a baliza.

A imagem mostra o Sporting em organização defensiva. Estão dez jogadores atrás da linha da bola. O quarto elemento da linha de quatro não aparece na transmissão televisiva. O portador da bola vai tabelar com o avançado que baixou, para receber, colocando-se entre a linha de quatro defensiva e a do meio campo, e a situação de X contra 10
transforma-se numa situação de X contra 4. Ainda para mais, com um central desposicionado, por ter ido acompanhar o movimento do avançado que baixou e tabelou. O portador da bola agora é o mesmo. Se olhar para a imagem, parece mesmo uma situação de contra-ataque, certo? Mas, não é. É o Sporting em organização defensiva.
P.S.- Aparentemente não é possível colocar mais do que um vídeo (pelo menos dos que se carregam do próprio computador) no mesmo post. Optei por colocar o vídeo da situação do drible, porque parece ser a quem melhor justifica as criticas que vão sendo feitas.
P.S. II – Os golos que se marcam na Liga Portuguesa no momento de organização ofensiva são pouquíssimos. Essencialmente, porque para além de ser o momento mais difícil para chegar ao golo, pela inferioridade numérica,  há também uma incapacidade ofensiva gritante da generalidade das equipas da nossa Liga. As deficiências latentes do modelo de Domingos neste momento podem, portanto, ser menosprezadas. Porém, o número de vezes em que são os defesas do Sporting os jogadores forçados a recorrer à falta e tantas vezes em zonas próximas da grande área, para parar os ataques adversários, obriga a que a equipa seja suficientemente forte também nas bolas paradas. A titulo de exemplo, seis das quinze faltas do jogo na Suiça foram cometidas pelo trio defensivo do eixo central.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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