“Vi o grande Benfica a bater bolas na frente para o Cardozo. O Benfica é isto, pontapé para a frente para o Cardozo” Vitor Pereira.
Vitor Pereira é um treinador com imensa qualidade. Sabe muito do jogo e sobretudo sabe que é bom. Sabe que sabe. É por certo muito difícil para o treinador do FC Porto não ter o reconhecimento dos media que sabe merecer. Tal não seria especialmente grave se Pereira soubesse lidar com o facto. Não sabe. Torna-se deselegante. Fecha portas e maltrata o desporto que o acolhe. Para além de que minimiza o tão interessante feito que havia conseguido. Foi a sua competência, a forma como tacticamente preparou o jogo e condicionou as saídas do Benfica que o obrigou ao pontapé para a frente. Para os adeptos do clube talvez seja óptimo ter alguém assim. Para os adeptos do futebol é apenas lamentável.
É um fenómeno em todo semelhante ao que Jorge Jesus enfrentou em tempos. Há muito que Jesus sabe ser melhor que quase todos os demais. E era (lhe) particularmente difícil que ninguém o reconhecesse. Durante os tempos de Belém as suas conferências de imprensa tinham sempre como tema principal os “banhos tácticos” que dava aos treinadores adversários. Em Belém chegou a perder um jogo por 4 a 0 e garantiu na conferência que tinha dado mais um banho no treinador adversário. Que apenas as bolas paradas e a mais valia individual de outrém tinha levado o jogo para tal desfecho. E tinha razão! Porém, todas estas tentativas de procurar no mundo mais reconhecimento para a sua própria competência, tornam-se por vezes numa falta muito grande de desportivismo, que deveria apenas ser apanágio dos adeptos.
É demasiado injusto quem é competente, não ser reconhecido como tal. Mas é assim o futebol. Todos falamos, todos pensamos perceber, quando na verdade pouquíssimos são os que realmente percebem. Porém, repete-se. É assim o futebol. Quem entra tem de aceitar as regras do jogo.
Brilhante, porém, na conferência antes do jogo. Muitos foram os que acreditaram que estava a dar armas motivacionais ao adversário. Não estava. Não estava seguramente a dar aos outros, o impacto que guardava para os seus. O jogo poderia ter dado para outro lado, mas a serenidade de todos os jogadores do FC Porto que contrastava com a do seu rival era bem perceptível a cada lance que se disputava no relvado. Os erros técnicos pouco habituais nos encarnados sucediam-se enquanto que os azuis e brancos estiveram sempre confortáveis na partida.
A ausência de James retirou quase toda a criatividade ofensiva do FC Porto. O melhor jogador do campeonato é quem faz toda a diferença no processo de construção de jogo ofensivo. E foi a sua ausência que mudou um pouco os dados. O SL Benfica parecia um pouco mais favorito e sobretudo muito mais favorito do que o que seria com James em campo. Todavia, uma vez mais, a “genética” faria a diferença. Vitor Pereira fez questão de a relembrar antes da partida. E fez bem. Naquela casa não se treme.
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