Jogadores muito próximos em tudo o que são momentos defensivos. Muita cultura táctica e um jogo predominantemente físico em tais momentos. Velocidade de decisão na ocupação do espaço e cumprimento dos princípios defensivos do jogo, traduzida sobretudo numa agressividade ímpar.
As diferenças entre ambos são sobretudo a nível ofensivo. O desenvolvimento dos futebolistas tem tudo a ver com aquelas que são as suas características e vivências. João Moutinho não prima pela criatividade. Possivelmente se assim fosse, não seria tão agressivo, tão abnegado, tão rápido nas respostas sem bola. Por não ser um enorme talento, foi adaptando-se e tornou-se um jogador de excelência tacticamente. Cresceu no corredor central, e habituou-se desde bem cedo a tomar decisões rápidas. Boas decisões rápidas. O jogo está-lhe todo na cabeça. A bola dirige-se para si, e João já sabe para onde seguirá a seguir. É a rápida decisão e obviamente a óptima qualidade técnica, sobretudo de passe que fazem do português um jogador especial. Um, dois toques e bola fora do centro de jogo. Foi assim que cresceu, e é por isso que é quinhentas vezes superior a Enzo em tudo o que é ofensivo, para quem joga no corredor central.
Enzo cresceu no corredor lateral. Habituado a receber com pouca concentração de pernas ao seu redor. Habituado a tomar a decisão depois de receber a bola, porque assim era possível, demora eternidades a decidir quando joga no corredor central. Não é uma questão somente de privilegiar o transporte à circulação. É um jogador muito responsável, que se no corredor lateral muito raramente perdia a posse, muito menos risco corre no central. A demora que leva na tomada de decisão faz com que vá perdendo oportunidades. Linhas de passe que foram cortadas porque o passe não saiu logo, e Enzo para não perder a bola vai transportando-a enquanto espera outras opções. Quando finalmente encontra uma opção segura, já perdeu outras tantas porque demora na decisão.
É sobretudo a velocidade de decisão expressa em qualidade ofensiva que diferencia Moutinho de Enzo no corredor central. O argentino jamais jogaria no meio campo do FC Porto, porque num meio campo a três não basta ter excelência no cumprimento das acções defensivas. Há que acrescentar algo mais ofensivamente, tal como Moutinho o faz. Porém pode perfeitamente ser e é, um jogador determinante no modelo de Jesus. Com apenas dois centrocampistas o SL Benfica não resistiria sem a cultura posicional e agressividade na recuperação que Enzo coloca na transição defensiva.
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