Jogo de erros

Quando falámos aqui das variáveis que o treinador controla, relativamente à organização da equipa, continua-se a interpretar mal as nossas palavras. Por exemplo, continuam a existir respostas do tipo “ah, se é bom por que motivo não ganha?”. Isto porque a maioria ainda não entendeu, verdadeiramente, que o futebol é um jogo de erros. A natureza do jogo é essa porque é jogado por homens. E dentro das organizações de qualidade (trabalho do treinador) vão continuar a existir erros por parte de quem tem a responsabilidade de interpretar as ideias. 
Quem ouviu a conferência de imprensa de Jesus depois do jogo com o Estoril, naquilo que foi importante reter da sua mensagem, percebeu isso. O treinador do Benfica diz que podia ter goleado. Disse ainda que Lima esteve duas vezes na cara do GR. Ora, se o jogo tivesse terminado empatado o Benfica já teria feito um mau jogo? O Benfica já não teria criado situações de golo? O treinador do Benfica já tinha feito um mau trabalho? A organização já tinha falhado naquilo que se diz ser essencial? Já se podia diagnosticar à equipa pouco trabalho de finalização ao nível do treino? Eu não acredito nisso. O treinador não tem culpa de ter criado ferramentas e os jogadores dentro da sua responsabilidade não terem conseguido utiliza-las.
Acho que, neste momento ninguém duvida que o Benfica tem o melhor plantel do campeonato. Ninguém duvida também que as individualidades mais relevantes, ao nível da qualidade técnica e criatividade, jogam no Benfica. Facilmente se percebe que a equipa com a melhor organização de jogo, no ataque e na defesa, é a do clube da luz. Então, como é que se explica que organizações com processos inferiores, como é o caso do Porto e do Sporting, com menor qualidade individual (mais que evidente nas unidades ofensivas), tenham mais golos marcados que o Benfica? A que se deve isto afinal? Simples. Ainda são os jogadores que jogam. E os jogadores são homens. E os homens erram.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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