O futebol que poucos entendem e… o golo!

Golo de Pepe, Bale e Benzema (sobretudo este)… no score, mais um golo de Ronaldo!


Pensa-se que, como em tempos passados no futebol, os defesas são para defender, os médios para correr o campo todo, e os avançados para marcar golos. Mas hoje, todos têm um papel activo no ataque e na defesa. Na recuperação e na ocupação de espaços. Na construção, na criação e na finalização. O jogo é cada vez mais colectivo. Cada vez mais equipas adoptam formas colectivas de resolver os problemas do jogo. E cada vez mais se exige aos jogadores pensar em função de uma forma colectiva de jogar.

Qual é a forma mais fácil de ultrapassar um adversário, num um contra um? Para mim é simples: criar um dois contra um.

Na forma como se idealiza o jogo por aqui, quer-se ver replicadas situações destas que o Real Madrid criou, permitindo a Ronaldo (que tem mérito zero no golo, apesar de ser apenas seu o nome que aparece no score) somar mais um. Situações de finalização fácil, onde qualquer infantil fosse capaz de finalizar. Quer-se 1×0 (com ou sem GR), 2×1+GR, 2×0+GR… Percebe-se o porquê de não se valorizar tanto o gesto final quanto os gestos anteriores? Porque o gesto final deve resultar como consequência de algo colectivo com sentido, e deve ser o mais fácil de todos eles.

Henry dizia há tempos, Esqueçam Ronaldo e Messi. Imitem Muller. E é isso mesmo. Esqueçam os fora de série que conseguem por si só construir, criar e finalizar (Messi). Pensemos em 99% dos comuns jogadores de futebol, e como é que se pode favorecer/facilitar a finalização deles. Para mim é óbvio: melhorando a construção e criação, por forma a que o gesto final seja o menos complexo possível.

Diego Costa continua a meter bolas lá dentro e Torres falha ocasiões que Diego não desperdiça. Argumento, para mim, falacioso. Se o Chelsea tem criado, no tempo de Torres (com Mourinho ao leme), as ocasiões que cria agora para Diego, não duvido que o score de Torres fosse muito parecido ao de Diego. Diferenças?! O Chelsea hoje cria muitas e muitas vezes situações de finalização fácil. Situações de grande qualidade. Não sei ainda se pelo brutal impacto que Fabregas tem tido no seu jogo, se por colocar os mais criativos em campo ao mesmo tempo, ou se por mudanças no trabalho de Mourinho. Outrora era muito mais difícil para o Chelsea marcar, precisamente porque as situações em que se tentava finalizar eram mais difíceis. De pouca qualidade.
Mas que Diego também falha é inegável. Como aliás qualquer outro avançado, por estar mais vezes exposto a situações finalização. Em Alvalade percebeu-se que ele falha, (1×0+GR), e contra o Arsenal percebeu-se o mesmo. Porém, Diego Costa tem os factores que o público gosta: é robusto, corre muito, bate em tudo e em todos, e aparece no score. Não é egoísta, só não percebe muito do jogo.

Não é fácil marcar golos em fora de jogo. Como se pode perceber, por aqui.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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