Controlo da profundidade. Contenção e cobertura, defendendo em linhas diferentes. E o defender à toiro da ganadaria profissional da Suécia.

Muito já aqui abordámos relativamente ao controlo da profundidade defensiva. É uma das características colectivas mais complicadas de perceber. Se jogas demasiado baixo, em determinados momentos os sectores ficam demasiado distantes. Demasiado alto, não controlas o espaço nas costas. Tudo depende da distância a que a última linha joga para a bola. Que depende naturalmente da proximidade da baliza e das condições em que o portador tem a bola.

“Eu acho o Jesus fantástico na forma como comanda a defesa, mas digo-lhe já, a maneira como ele trabalha é difícil de seguir. Não é mesmo para toda a gente. Ele exige muito com a história da bola coberta bola descoberta: se o adversário que tem a bola está com alguém por perto, a equipa não se mexe, se o adversário que tem a bola está sem ninguém por perto, a equipa tem de recuar” Quim

Em situações de inferioridade pede-se aos últimos defesas que vão baixando atrasando ao máximo a saída ao portador por forma a garantir que a ajuda defensiva em perseguição ao portador chegue a tempo de entrar na situação de jogo. 


Este comportamento é passível ser visto na imagem de um post recente. Bastando para tal olhar para a imagem reparando no comportamento dos dois jogadores estorilistas. 

O ideal será ir recuando procurando garantir o posicionamento nas duas linhas diferentes, tão abordadas no blog. Contenção e cobertura defensiva.
Mas, claro que todos estes conceitos podem ser apenas vistos em futebol amador. Garantidamente que a imagem mostrada é uma excepção, porque há quem garanta que no futebol profissional se faz diferente. No futebol profissional o Adrien tem de soltar imediatamente a bola porque os futebolistas profissionais não têm capacidade para progredir sem oposição e porque Carrillo iria ficar em fora de jogo. Sim, no futebol profissional os jogadores encontrando-se do lado de fora dos defesas com a bola do lado de dentro (ou seja conseguindo ver tudo) não são capazes de se manter em jogo, nem que tenham alguns metros ainda em atraso (sobretudo quando estão com pica, como perceberemos mais adiante).
Mas, atenção há uma nova teoria muito aplicada no futebol profissional. Para além da dos defesas honestos, claro.
Parece que no futebol profissional os jogadores da defesa movimentam-se em sentido antagónico ao do ataque. Sim, contenção tem tudo a ver com ir a correr subindo no terreno na direcção do portador da bola quando este já progride em velocidade no sentido da nossa baliza. Isso do baixar o centro de gravidade, colocar apoios, ir recuando é só para o futebol amador. No futebol profissional os defesas é que atacam os avançados. 
É óbvio que os defesas do Estoril só iam recuando porque estavam a ganhar balanço para depois num movimento antagónico atacarem o Adrien. Suponho que o nome da nova teoria seja o “defender à toiro da ganadaria profissional da Suécia”.
Ninguém sabe ao certo se defender à toiro da ganadaria é uma forma de se tornar num defesa central honesto. Todavia, apesar de Paulo Oliveira mostrar qualidades é sempre de desconfiar quando alguém com este entendimento do jogo faz recomendações. Pelo sim pelo não, nunca vou pedir centrais honestos… 
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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