SL Benfica em Astana

Era por demais evidente e foi neste espaço amplamente “avisado” que a partida de Jesus traria obrigatoriamente um Benfica bastante pior. Durante demasiado tempo, um colectivo soberbo elevou as individualidades. A equipa tinha uma dinâmica muito bem definida (goste-se ou não). Toda a gente sabia em cada momento do jogo tudo o que era esperado de si. Cada jogador sabia para cada momento, para cada zona da bola, e situação de jogo onde se deveria posicionar e onde estariam posicionados todos os outros dez jogadores. Concorde-se ou não com as ideias, era um Benfica de ideias muito claras e extremamente bem definidas. Em privado um bicampeão nacional havia referido que as combinações ofensivas eram um pouco repetitivas, mas que a envolvência na zona da bola (linhas de passe / linhas no campo) era de tal forma grande que ninguém conseguia parar aquela dinâmica ofensiva do Benfica.
O que nunca foi esperado nem mesmo por aqui era que em apenas alguns meses toda uma dinâmica desaparecesse. Em Astana o pior Benfica de toda uma época. Um Benfica cujo jogar se deteoriza de jogo para jogo. Cada vez mais o portador sem opções. Cada vez mais um jogo totalmente previsível, com gente demasiado longe da bola. Cada vez mais um jogo de impulsos individuais. Cada vez mais um Benfica no campo de jogo de forma totalmente aleatória. Jogadores a tentarem ligar-se, mas sem qualquer príncipio comum. Um Benfica que não sabe ao mesmo tempo ter um campo curto sem bola e manter o controlo da profundidade. Um Benfica que não controla espaços nem jogos. Apenas se apresenta em campo com onze jogadores.
Já não dá para fazer reset. Rui Vitória não é o mau treinador que a sua equipa demonstra no campo de jogo. Todavia, está sem soluções. Não estava ainda pronto para o desafio e demasiadas indefinições (novo jogar, o que aproveitar do passado?) traçaram-lhe o destino. Adiá-lo só por não haver, eventualmente, outra opção que no imediato esteja disponível.
Hoje, naturalmente que todos os jogadores do Benfica parecem muito piores que antes. E na época passada já havia sido alertado neste espaço que individualmente um Benfica era uma equipa cheia de lacunas e muito longe de poder competir com um FC Porto incrivelmente mais forte (apenas individualmente) não fosse um colectivo extraordinário (recorde que esta equipa com Lima e Maxi foi campeã nacional. Enquanto que no norte moravam Jackson, Oliver, Alex, Danilo e Casemiro!)
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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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