Resposta aos leitores. Parte IV.

Quarta parte das respostas alusiva ao Futebol Internacional. Se perdeu as três primeiras partes é clicar nas etiquetas “Entrevistas” que abrirá as restantes partes. Os temas foram “Futebol nacional”; “Treino e metodologias” e “perguntas mais pessoais”.
De que forma pode a sistematização da organização defensiva e da transição ofensiva do JJ inspirar/influenciar a forma como os treinadores dos grandes clubes europeus abordam estes momentos de jogo?
B: Para ser o mais simples possível, vê a forma como Real Madrid hoje defende nos cantos. Mais precisamente, a forma como atacam a bola. Falo deste por ser um aspecto fácil de notar, mas poderia falar de outros mais no pormenor.
As abordagens diferem de modelo para modelo e há compromissos por esse motivo, mas, em todo o caso e assumindo que se trata de um especialista com aspetos diferenciadores na sistematização destes momentos, será esse trabalho do JJ visível e notado no meio e estará o mesmo enquadrado com a realidade e necessidades que se colocam ao mais alto nível?
B: Klopp, pouco antes de receber um convite do Liverpool, esteve em Alvalade a ver o Sporting de Jorge Jesus. Penso que isso responde a alguma coisa.
Leicester, tem um bom modelo de jogo ou é sorte? 
DB: O modelo de jogo nao ]e de equipa que se aguenta la em cima muito tempo. Mesmo que nao venda ninguem, vai bastar 2 ou 3 jogos sem ganhar que aquela confian;a que esta a fazer muito a diferen;a vai por a nu os problemas de se jogar “na cavalice” e na loucura, e cheios de fisgas.
PM: Na minha opinião tem muito mais a ver com as variáveis que referes serem pouco controláveis. Confiança, ausência de pressão, factor sorte muitas vezes. O modelo não me agrada e mesmo na Liga Inglesa não me parece que faça sentido. Um jogo muito vertical, muito baseado no defender com muitos e sair simples, a poucos toques e rápido para o ataque. Há dois jogadores a atravessarem um momento fantástico (Mahrez e Vardy) e que elevam a equipa. Não sendo a equipa a traze-los para cima. Portanto, citando o Nuno do Entre Dez, depois de passado este clima, na próxima época lá voltarão com o mesmo modelo e mesmos jogadores à habitual luta pela manutenção.
Como explicar a epoca de Mourinho e Van gaal
B: Tem tudo a ver com resultados. Escrevi no Posse de Bola um artigo sobre isso mesmo (http://possedebolla.blogspot.pt/2015/12/a-historia-do-jogo.html). As dinâmicas negativas, e toda uma conjunção de coisas que leva campeões a um nível tão baixo de confiança que, qualquer coisa menos positiva que aconteça no jogo os leva a colapsar do ponto de vista mental, e a duvidar imenso das suas próprias capacidades. Nota-se em equipas nesse estado mental (que resulta de não estarem a ir de acordo às expectativas que criaram) que enquanto estão no jogo conseguem manter-se competitivos, e depois de um golo sofrido o jogo para eles acabou.
Treinadores a seguir nos proximos tempos? Eddie Howe e Sarri?
B: Pochettino, Roberto Martinez, Sarri, Paulo Sousa, Paulo Fonseca…
Pep no barcelona, espanha campeã, Pep na Alemanha, Alemanha campeã, Pep no City….?
PM: Têm havido discussões muito interessantes no Entre Dez sobre o que é a Premier League, por mais estrangeiros que se contratem e por mais dinheiro que se esbanje. Concordo em tudo com o que refere o Nuno no EntreDez. Há ali factores que nunca vão mudar porque partem de uma cultura enraizada. Portanto, não vejo a Inglaterra como campeã mundial. Nem vejo como Pep possa influenciar toda a Premier League. Conseguir influenciar a sua própria equipa já será muito bom e ao nível daquilo que ele é. O melhor treinador do mundo.
B: Complementando a resposta, dizer que o City não tem uma base de jogadores ingleses que seja suficiente para contagiar a equipa nacional. De resto, dizer também que, se em Espanha ele influenciou toda uma nação, o efeito Barcelona – não tanto Bayern – foi o que provocou a mesma mudança na mentalidade alemã em termos de jogo.
Noutro âmbito, o que recomendariam ao Liverpool de Klopp? O quê e que posições há a melhorar além dos defesas centrais? E para vocês, quem é o melhor treinador em Portugal (sem contar com JJ, pq a resposta é óbvia)?
B: Ficar com Coutinho, Lallana, Allen, Can (para rodar), Moreno, Clyne, Lovren, Milner, Firmino, Sturidge. O resto mandar trocar.
A seguir a Jesus, na primeira liga, Paulo Fonseca.
VB: Aproveitar o Markovic. Transferir uma batelada de monstros físicos e com o dinheiro contratar mudando o perfil das individualidades. Paulo Fonseca.
Assumindo que o melhor treinador do mundo é o Guardiola, gostaria que comparassem o Barcelona dele com o Bayern dele. Gostaria de saber se notam alguma evolução no sistema de jogo ou se as diferenças apenas são ditadas pelos jogadores em cada uma das equipas e pelas diferenças culturais em que se tem que inserir. 
B: Há evolução todos os anos num treinador como Guardiola. As diferenças que existem entre Bayern e Barcelona são ditadas por aquilo que uns jogadores conseguem fazer e outros não, que vão resultar naquilo que se vê que o treinador pode fazer tendo em conta as melhores qualidades dos jogadores que tem.
Daqui resulta uma dúvida, inserindo-se numa nova realidade, como a do Manchester City (ou qualquer outra equipa inglesa) será que o modelo da futura equipa evoluirá novamente em função da nova realidade em que se insere, o futebol inglês?
B: Depende. Creio que sim. Mas o futebol inglês permite um nível de contratações que nenhum outro permite (excepção ao Paris, Real Madrid e Barcelona). O que leva a que ele possa escolher exactamente quem são os jogadores adequados para executar o que vai na cabeça dele. Por isso vai depender do que lhe vão permitir em termos de contratações e de remodelação do palntel. Depois, da forma como se vão adaptar ao excesso de agressividade que se permite por lá.
Mais direcionada para o Blessing, não obstante, pode responder qualquer um dos autores: Quem é/são para ti os melhores treinadores(neste momento) nas 5 fases do jogo? 
B: O.Of – Guardiola
T.Of – Wenger
O.Def – Jesus
T.Def – Guardiola -> Jesus
E que treinador/es achas que os vão suceder, ou chegar mais perto deles? 
B: Acho quue esses vão reinar mais uns anos. Por isso será cedo para falar de sucessão.
E se não for pedir muito, uma breve explicação da tua escolha. 

B: Todos defendem contra ele enfiados na área. Continua a ter mais bola que todos. Continua a atacar com mais do que com os que defende. Continua a jogar ao ataque, e por isso permite aos outros apenas um, por vezes dois momentos do jogo. Guardiola.
É o que melhor sistematiza este processo através da procura do corredor central para definir o lance, e das desmarcações na profundidade, sempe no sentido da baliza. Wenger.
É aquele cujos jogadores demonstram mais conhecimento sobre esse momento do jogo, maior agressividade sobre os espaços, maior controle em todas as linhas sobre o adversário. É que deixa menos espaço para o adversário jogar controlando a última linha de forma incrível. É aquele cujos médios estão mais preparados para serem defesas, e oas avançados para serem médios. Jesus.
Numa primeira fase, na reacção à perda tem os jogadores mais preparados para saltar em cima do adversário e tentar recuperar. A agressividade é incrível. Porque os prepara para perceber que dessa forma correm menos do que se o adversário passar para zonas mais perto da sua baliza. Guardiola. A defender com poucos e muito espaço é ímpar. E ainda hoje continuo a estudar, por exemplo, a forma diferente como a última linha reage caso o portador da bola venha em condução sem contenção para cima dela. Jesus.
Esta para o Blessing, o que achas da Fiorentina de Paulo Sousa. Especialmente da sua fase de criação.
B: Acho que jogam de acordo com as cararterísticas dos seus homens da frente. Por forma a tirar o máximo proveito deles.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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