A arte da motivação. Simeone.

Quando não se percebe tende-se a pensar que a resposta está no que não se conhece, no que não se explica. A nova tese para justificar o sucesso deste Benfica, tendo em conta a sua rudimentar organização táctica, é a psicologia. Entenda-se, Rui Vitória é melhor motivador que o seu antecessor. Tese essa que tem sido amplamente aceite sem que alguém consiga explicar exactamente o que é, como é, onde se nota a influência. Os jogadores correm mais com a psicologia à eles aplicada? Tornam-se mais inteligentes? 

Simeone, um dos grandes nomes do futebol actual, um dos maiores reflexos das teorias da motivação. A aura da psicologia sobre ele é enorme. Sem que ninguém consiga explicar exactamente onde, como, porquê. Exigência. Nas palavras do próprio. “A condição inegociável para os meus jogadores é a paixão. Ser amador. Muitas vezes eu explico a eles que é difícil encontrar em um elenco importante alguém que jogue mal. Mas não se trata apenas de jogar bem, se trata de sentir. E, para sentir, deve ter paixão, ter um senso de amadorismo, não deve tratar tudo como igual. Deve sentir que o treino te prepara para ser melhor. Que 20 minutos, às vezes, são muito mais que 90 ruins. E o melhor que nos passou nestes quatro anos e meio no clube é que elegemos um conceito de vida. Aqui não se negocia o trabalho, não se negocia a indolência.” O mundo tem dificuldade em explicar Simeone. E quando assim é facilmente se foge para o que não se conhece, para o que não se sabe explicar. Afirma-se de forma veemente que se vê a diferença entre o trabalho motivational, e que isso dá frutos. Não se sabe que trabalho é, e Simeone ri. “Às vezes, escuto que sou um grande motivador. Não. A motivação é interna, é de cada um. É muito difícil que você contagie a outro com a sua motivação. Você desperta a sua motivação interna. E em cada caso isso é distinto.” Quem trabalha com jogadores, diariamente, percebe exactamente isso. A motivação é do próprio jogador. E cada jogador tem motivações e expectativas diferentes. Daí a dificuldade que Simeone fala em contagiar jogadores com motivações próprias. A motivação, a disponibilidade para cumprir com tarefas, para te ouvir, para te perceber, para trabalhar no treino, para as tarefas do jogo, são o maior imponderável que existe no futebol. Dependem de cada jogador. E, no limite, o treinador escolherá sempre aqueles que o ouvem, que cumprem com a sua exigência. Uma equipa que ganha tenderá a estar sempre motivada. A forma mais fácil de se motivar um grupo é a vitória. E essa, na minha opinião, está na maior parte do tempo fora das variáveis de controlo do treinador. 

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