A mudança de Pogba

Ao ver o jogo entre a selecção francesa e a irlandesa perceberam-se duas partes com um perfil completamente distinto. A primeira onde as acelerações foram constantes, e por isso os erros técnicos e na tomada de decisão a subirem de forma exponencial, e uma segunda parte mais tranquila onde uma equipa (a única que tinha obrigação de o fazer pela qualidade individual que goza) controlou e ditou os ritmos de jogo com bola. A mudança ocorre por vários factores dos quais me interessa citar dois: 1) O intervalo. Com os jogadores a terem tempo para esfriar a cabeça, perceberem que os erros se deviam sobretudo à velocidade constante que eles queriam dar ao jogo, e que com esse tipo de jogo não estavam a ser capazes de chegar com perigo e ainda estavam a conceder demasiado espaço. 2) A mudança de Pogba. Da primeira para a segunda parte se não tivesse a mesma camisola diria com a mais absoluta certeza que não era o mesmo jogador.
Foi a mudança de Pogba de dentro para fora do bloco, e não a entrada de Coman, que fez toda a diferença no jogo francês, e com isso a selecção ganhou um perfil de jogo completamente diferente. Ganha imensa qualidade nas acções de construção, onde ele conseguiu libertar quase sempre colegas com espaço, e também na transição ofensiva o critério foi completamente diferente. Recuperava e entregava na melhor opção, sempre pelo chão. Foi tão bom para o jogo francês como foi para Pogba porque ele tem, de facto, muita qualidade. Mas é fora do bloco que se pode tornar num caso verdadeiramente apaixonante. Insuperável na primeira bola, nos duelos, e com muita qualidade para decidir com muitos atrás da linha da bola. Entendo que pela sua morfologia se queiram aproveitar dessa característica para a primeira e segunda bola, que pela sua capacidade técnica e boa média distância se queira que apareça em zonas próximas da baliza. Mas é precisamente nessas zonas que o seu pior jogo aparece, porque sob-pressão, nas zonas de stress, erra constantemente, e mete-se em problemas que não tem competência para resolver. Acaba invariavelmente por perder a bola ou por a entregar ao adversário por erros técnicos, ou por erros de decisão, por ser um jogador que precisa de espaço para o seu melhor jogo aparecer. O critério com que a equipa francesa tentou na segunda parte atacar, ao contrário da primeira, foi completamente diferente e para isso bastou colocar um jogador importante onde as suas melhores qualidades aparecem e onde os seus defeitos se escondem. Onde tudo começa, na construção, França precisa de jogadores que acrescentem ao jogo ofensivo, que não façam apenas o óbvio, para que se crie e depois finalize em melhores condições, e tanto a equipa como Pogba sairiam beneficiados caso ele fosse o principal responsável pela construção jogando como médio mais recuado.

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