Formatação em 90 Segundos

 

A era é de Guardiola, e da exaltação da excelência da posse sobre todos os outros factores de jogo. Tão bem fez ao futebol, à evolução do jogo, o treinador mais revolucionário e mais competente que existiu. E com isso, com a forma contundente como triunfou na Catalunha, levou a que todo o mundo o quisesse copiar. Repare, nunca é mau copiar os melhores treinadores do mundo. Se queres ser como eles faz como eles. Mas, é preciso sempre perceber o contexto em que se trabalha e as características do trabalho que te propões a desenvolver. É fantástico ver uma equipa de futebol7 fazer 50 passes antes de finalizar em 2×0+GR. Deixa de ser tão fantástico quando percebes que o fazem repetidamente, porque muito dificilmente nesses escalões o contexto para que se arrisque não está criado logo ao primeiro, segundo, terceiro, ou quarto passe, se me permitem o exagero. Padronização do passe, da segurança, da posse. O que mais importa nesses escalões não é fazer um jogo de posse, de transições, ou de organização defensiva. O que mais importa é dotar os jogadores de extraordinárias competências individuais. De capacidade para enganar o adversário directo. De capacidade para superar constantemente adversários, na direcção da baliza. Drible, passe, recepção orientada, remate, agilidade, velocidade. Condução sempre de cabeça levantada, criatividade. Olhar ao seu redor, colocar bem o corpo, mas sobretudo olhar sempre para a baliza em primeiro lugar. É esse o objectivo do jogo, é onde queremos chegar.

-¿A partir de qué edad y cómo se comienza a trabajar la táctica con los chicos?
-Los niños deben comenzar a jugar a los 8-9 años, pero el trabajo debe ser únicamente técnico. La táctica es muy complicada, por lo que hay que esperar. A los 11 años es cuando se debe iniciar su enseñanza, pero de forma gradual y creciente. Lo mismo que un niño de escuela primaria no recibe las mismas enseñanzas que un universitario, ¿me entiende?

Laureano Ruiz, Olé

PS: As mais de 7 milhões de visitas no espaço anterior – blogger -, e os 10 mil Likes na página do facebook tiveram como vocês o grande impulsionador. MUITO OBRIGADO pela forma como nos obrigam a reflectir, e demasiadas vezes pela inspiração para novos temas, e novos artigos. Espero que continuem por aqui, neste renovado espaço, a usar e abusar da caixa de comentários, e por que não, do facebook.

13 Comentários

  1. Portanto, o objectivo do treinador de jogadores é treinar os jogadores para se tornarem melhores jogadores. Isto é muito inovador.

  2. Sempre me fez confusão, na primeira fase de construção, quando o central tem a bola e a pressão é mínima e mesmo assim não existe progressão. Conduz caralho! Ou os tipos são mesmo cepos ou alguém os faz acreditar que são cepos desde bem cedo e que têm de dar a bola a quem sabe. Mas existe alguma progressão sem provocar? Em termos de definição e inteligência com bola o futsal está a léguas do futebol. Alguém vê um fixo que nao esteja pressionado dar a bola ao lado sem estar pressionado? Fixa, atrai e passa, ou até dribla alcançado de imediato vantagem numérica. Como é óbvio o espaço mais reduzido leva a que o desiquilibrio se faça mais proximo da baliza adversária e o erro saia mais caro por metro quadrado.

    • A comparação entre o futsal e o futebol7 é excelente. O espaço não é assim tão maior, e por princípio um desequilíbrio por se ultrapassar um adversário, em condução ou em passe, fixando ou não dá quase sempre em finalização com ou sem golo. Em miúdos, ainda mais!

  3. Baggio, parabéns pela reflexão e pelo site. Sou um profundo admirador do vosso trabalho. Posto isto, pensas ser crucial a ‘obrigatoriedade’ do coerver coach nessas idades?

    • Leandro, maioritariamente… Mas tal não significa que existam casos onde se imponha outra coisa. Nisto tudo o que importa é o contexto. Se os teus jogadores são tão evoluídos que esse treino já não lhes dá nada, tens de mudar.

    • Gosto muito de Coerver Coaching, mas é preciso não esquecer que a intervenção do treinador é absolutamente decisiva na metodologia. A grande riqueza de Coerver Coaching é o ensino do enganar, e das mil e uma formas de o fazer.

      Se o treinador fechar as coisas e transformar aquilo em algo mega picareta.. deixa de ser Coerver Coaching, tal como deixaria de ser outra qualquer forma de treinar super interessante para aquele contexto, para passar a ser uma fantochada.

      Esse é um dos pontos chaves nas formações que eles têm dado com regularidade. A intervenção do treinador é absolutamente decisiva.

      E com isto não queremos dizer que a estrela do treino é o treinador ou coisa que o valha. As vezes basta que num jogo do drible a coisa passe de :

      O Par A realiza o exercicio até haver finalização

      Para – Assim que o Par A sair do meio, entra logo o Par B e assim sucessivamente.

      Muda radicalmente o que está a acontecer, e não há holofotes nenhuns no treinador

  4. Parabens por mais um excelente texto. Descobri o vosso blog ha cerca de 2 anos e desde entao tenho acompanhado todos os posts e aprendido imenso com tudo o que aqui se diz. Relativamente a novos topicos de discussao, e numa altura em que se prepara a nova epoca, gostaria de saber a vossa opiniao sobre uma vertentes que me parece que tem tido impacto nos ultimos anos na liga portuguesa, nomeadamente nas equipas de JJ: pressao positiva (ex: quando vai na frente) vs pressao negativa (ex: quando esta atras e tem de recuperar pontos). Parece-me qua o JJ (e por extensao as suas equipas) é fortissimo face a pressao negativa (raramente perdr pontos em dois jogos seguidos, faz a sua melhor epoca quando quase todos pediam a sua demissao no slb) mas nao e tao forte na pressao positiva (perda de vantagens confortaveis no campeonato em 2012 e 2016). Penso que a ultima epoca e um exemplo perfeito: muda para o sporting e ganha clara vantagem no inicio da liga, depois perde varios pontos para o benfica ate ficar em segundo e depois ganha todos os jogos ate ao fim. Obviamente que este e apenas um dos muitos fatores que contribuem para a performance das equipas mas parece-me que cada vez mais tem uma grande influencia no futebol.

  5. Caro Blessing

    Há anos, li uma entrevista de Artur Jorge que disse que aos 11/12/13 anos era melhor jogador que aos 21/22/23 anos; concluiu ele que as suas potencialidades inatas não foram totalmente desenvolvidas. E hoje todos sabemos que Artur Jorge foi um dos melhores goleadores de sempre do futebol português.

    Hoje em dia, um dos factores que tem limitado a ascensão ao FUTEBOL PROFISSIONAL dos jovens jogadores é que a partir de certa idade, salvo erro, 14/15 anos, começam a brincar nas respectivas selecções jovens e passam muito do seu tempo por aí em vez de estarem ao serviço do seu clube de modo a mostrar que são dignos de conseguirem um contrato de formação desportiva e obviamente, mais tarde, um contrato de jogador profissional.

    É um dos factores que tem levado muitos clubes a procurar jogadores brasileiros e outros que não brincam nas selecções mas estão sempre disponíveis para a entidade patronal.

  6. Li hoje, numa entrevista ao Aurélio Pereira. 3 partes de que gostei:

    Então (1987), numa reunião com o então presidente Amado de Freitas na qual também estiveram presentes Dias Ferreira e Paulo Abreu, propus a criação do gabinete de prospeção, que, no fundo, passava pela alteração do paradigma: em vez de os miúdos virem até nós para experiência, nós íamos à procura dos talentos”, diz.

    A paixão sempre esteve presente, mas nao foi nem é o único condimento para o sucesso. Um deles é a liberdade dentro de campo. “Enquanto treinador, sempre disse aos meus jogadores para arriscarem no 1×1 no último terço do campo. Se perdessem a bola, seriam os primeiros a defender, mas a atacar tinhama de arriscar no drible. Esta ideia continua presente nos jogadores formados no Sporting que, por norma, são muito criativos. Não se pode cortar a imaginação dos miúdos e obriga-los a imensos constrangimentos táticos”, explica.

    Entre os dez campeões europeus há atletas de eleição pela sua morfologia e outros que…nem por isso. Aurélio Pereira conta mais uma história. “Sabe, quando fui prestar provas ao Sporting fui com mais cinco miúdos do meu bairro. Logo na primeira triagem, uns ficaram de fora do treino por serem baixos. Como era mais alto, eu fiquei. Mas isso marcou-me e não quis aplicar isso no trabalho de scouting. Os jogadores não podem ser avaliados pela sua morfologia mas pelas qualidades futebolísticas”

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