O que temos em Portugal? Ode aos nossos misters e jogadores.

Muitos são os textos sobre formação partilhados ao longo dos anos.

Preocupações várias. Desde a protecção do talento sobre o mais apto apenas pelas capacidades condicionais, à necessidade imperiosa de criar espaços suficientemente competitivos para que o estímulo seja sempre elevado por forma a potenciar a evolução dos jogadores (escalões acima, equipas B), à forma como tantas vezes o jovem treinador coarcta possibilidades de desenvolvimento aos seus atletas com modelos altamente sofisticados para as idades em questão, tudo na busca do resultado imediato, ou como não se promove o jogo e o tempo de empenhamento motor no processo de treino, nunca ignorando a importante condicionante que é o contexto social em que vivemos nos dias de hoje. Poucos espaços, pouco tempo livre para as crianças. Em suma, poucas possibilidades para uma prática livre durante horas a fio na rua. Como vivenciou a nossa geração de ouro.

Tudo problemáticas importantes e que não podem deixar de ser tidas em conta quando pretendemos continuar a promover a formação dos jogadores em Portugal, independentemente dos recentes resultados de excelência!

Todavia, é importante realçar o quão é impressionante o trabalho que uma franja de clubes formadores fazem em Portugal.

Um país que tem hoje um pouco mais de 168 mil praticantes federados, recorde máximo experienciado em Portugal, vai formando jogadores de nível elevado, vai competindo com outros paises cujas condições são completamente inalcançáveis. Há precisamente um ano atrás, a Federação Alemã alcançava um recorde de 6.9 MILHÕES! de atletas federados. E não é só a base de trabalho e recrutamento que é infinitamente inferior em Portugal. As próprias condições de trabalho, se conseguirmos esquecer o topo da pirâmide, são ridiculas quando comparada a realidade portuguesa com a das maiores potências europeias no que ao futebol diz respeito. Competimos com os grandes com tão pouco e sem qualquer responsabilidade de o fazer.

O título Europeu em sub 17, o apuramento dos sub 19 para o Mundial sub 20 do próximo ano, aos pés da anfitriã Alemanha, o titulo Europeu em séniores. Tudo marcas aprazíveis às quais é sempre preciso perceber contextos, sob forma de não se crer que tudo está bem e que nada deve ser alterado. Porém, é demasiado grandioso o que em Portugal os treinadores e jogadores fazem, com o contexto praticamente sempre demasiado amador que enfrentam, para que continue a ser sistematicamente alvo de críticas fáceis.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

5 Comentários

  1. Caro Paolo Maldini

    Os clubes/sads terão de perceber que resultados desportivos e financeiros querem alcançar e obviamente implementar uma estratégia que os leve a esses resultados.

    As brincadeiras dos jogadores nas selecções têm prejudicado os resultados desportivos e financeiros dos clubes/sads, desvalorizam os jogadores e minam o trabalho dos treinadores.

    Menciona os recentes êxitos das selecções nacionais, já os recentes êxitos dos clubes/sads simplesmente não existem.

    • Nao significa que os clubes nao tem merito, alias é inseparavel uma coisa da outra, ja que sao os clubes que formam os jogadores, mas sao as competiçoes de selecçoes k permitem uma aferiçao correcta do trabalho que cada país faz na formaçao dos seus atletas, ja que os clubes podem actuar com uma equipa inteira de jogadores formados fora do clube

    • Caro Nuno Fernandes

      Presumo que não esteja a compreender, eu estou a falar de FUTEBOL PROFISSIONAL.

      A formação dos clubes integra cada vez mais jogadores de outros países, numa clara tentativa de conseguir os melhores talentos mais cedo e mais barato do que o habitual e também de conseguir jogadores que não brincam nas selecções. Não é por acaso que se trazem jovens jogadores brasileiros.

  2. Autênticos milagres face ao que temos!!!seja pela táctica pela união ou pela crença,os resultados não mentem…ou será que sim!?

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