A (falta de) maturidade. Maior inimiga de jogadores e treinadores.

Não foi há muito tempo que tive oportunidade de sentar e conversar durante algum tempo com um dos treinadores da primeira Liga. A incrível abertura demonstrada levou ao fascinante tema da liderança. Sobre alguém consagrado cujas características são desadequadas aquele que é o modelo de jogo da equipa, e como tal não tem tido muitos minutos e quão difícil ou não seria tomar a decisão.

Eles nunca percebem. Vai perceber daqui a dez anos, quando já não jogar e olhar para trás. Mas no momento, eles nunca percebem…

E de facto, assim o é. Esta falta de maturidade gritante é tantas vezes o maior entrave ao próprio desenvolvimento do próprio jogador, além da dor de cabeça consequente que se transforma para o treinador.

Uma entrevista fascinante de Simon Vukcevic, um talentoso jogador a quem foi necessário bater com a cabeça e descer para patamares bastante inferiores ao prometido, para se dar conta do nefasto caminho que levava, a fazer-me pensar não apenas no alto rendimento, mas no próprio futebol jovem, onde tantas vezes o não saber reconhecer a superioridade do(s) colega(s) ou o não saber esperar dos encarregados de educação, coarcta possibilidades ao próprio educando.

Mas é tudo culpa minha, deveu-se ao meu comportamento, que era muito mau. Eu destruí a minha carreira, não é nada de extraordinário. Pensava diferente do que penso agora, era mal comportado. Quis ser tudo, pensei que sabia tudo, não quis ouvir ninguém e não deixei ninguém ajudar-me. Tinha tudo, mas Deus dá tudo e tu não queres nada. A constituição de família veio ajudar a acalmar. Não gosto do futebol como está atualmente, em que há muita pressão até em miúdos com 12 anos. Os treinadores berram que têm de ganhar. Até me assusto, não há alegria. É culpa é de todos, os pais apontam os erros em vez de dizer aos filhos que os amam. 

Quando se é jovem pensa-se que se sabe tudo, mas não sabes nada. Queremos mandar, achas que é o mais inteligente do mundo, mas isso não é bom e eu tive isso. Morava sozinho há muito tempo, saí do Montenegro com 14 anos e pensava que sabia tudo. A coisa mais importante da vida é o comportamento enquanto homem; dinheiro, sucesso e fama é tudo falso.

Ele tentou ajudar-me, hoje percebo que foi para o meu bem, mas o meu comportamento não era bom. Quis ajudar-me, tentou fazer-me ver que o grupo era mais importante, mas eu parecia que era jogador de ténis, que estava sozinho.

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Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

14 Comentários

  1. Boa Noite, Pedro. Sei que já deve encher a paciencia tanta pergunta a respeito do Patreon, mas eu também gostaria de uma alternativa para contribuir apenas esporadicamente, pelo menos por enquanto. Se me permite a sugestão, eu aconselharia a fazer um post para concentrar todas essas perguntas de pessoas interessadas numa alternativa de contribuição esporadica num post à parte.

    Obrigado pelo trabalho.

  2. Estamos a falar de duas coisas. Uma é o deslumbre com o dinheiro que se ganha ainda muito jovem, caso do Vuk.
    Outra situação bem diferente, é a que refere primeiro. Se as características do atleta não são as que o treinador pretende para aquela posição, só tem que o dizer frontalmente. Se o fizer, o atleta, mesmo que não goste do que ouve, irá compreender. Se, por outro lado, a comunicação treinador-atleta não for boa – responsabilidade maior do treinador, como líder – então sim, aí terá problemas.

    PS: Se pretender colaboração para textos sobre o Mental Coach no Desporto, estarei disponível.

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