O Nelsinho do Sintrense vai para o mundo

Em todos os desportos há histórias incríveis. Sem ter dados que o confirmem, é bem provável que noventa por cento, ou mais, dos jogadores europeus que chegam aos gigantes da Europa, pelos seus quinze, dezasseis anos, já integrassem as camadas jovens de clubes grandes. Seja em Portugal ou em qualquer outro país Europeu. Desde bem cedo que não há muitas surpresas. E cada vez mais assim o é.

Nelsinho escapa à norma. Quem imaginou que aquele miúdo já com a idade de júnior e ainda a deambular entre campeonatos distritais e nacionais, lá chegasse?

Não engana, contudo.

Nelsinho nunca foi somente mais um jogador muito rápido. Por isso, e ao contrário dos aceleras todos, cresceu e viveu no corredor central. Mesmo que a um nível competitivo baixo.

Hoje impressiona pelo critério que tem quando a bola lhe chega aos pés. É óbvio que é o drible e a forma aparentemente demasiado fácil com que ultrapassa adversários que chama a atenção. É a passada veloz que deixa o comum adepto a querer ver mais. Não é, porém, pelo lado vistoso que desperta a atenção da Europa. Aliada à qualidade técnica que lhe permite ser altamente bem sucedido em espaços muito reduzidos, é a sua decisão, a sua inteligência com bola nos pés que faz toda a diferença. Se nunca tivesse espaço, nunca saberíamos que é um acelera. Afinal, enquadra sempre a sua decisão com o contexto. A progressão na direcção da meta, trazendo para o corredor central a descobrir opções, a saída rápida na transição, mas também as decisões que toma em organização (devolve no central ou dribla primeira contenção, chama outro opositor e toca?) combinando sempre com qualidade no corredor, mas também ligando com corredor central, que fazem de Nelsinho um lateral invulgar.

Se as notícias que dão conta do encantamento do Bayern tiverem veracidade, então os alemães precisam de saber que terão de mover-se rápido. É que na Premier League há um gigante que promete não o deixar escapar.

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Sobre Rodrigo Castro 219 artigos
Rodrigo Castro, um dos fundadores do Lateral Esquerdo. Licenciado em Ed física e desporto, com especialização em treino de desportos colectivos, pôs graduação em reabilitação cardíaca e em marketing do desporto, em Portugal com percurso ligado ao ensino básico e secundario, treino de futsal, futebol e basquetebol, experiência como director técnico de uma Academia. Desde 2013 em Londres onde desempenhou as funções de personal trainer ligado à reabilitação e rendimento de atletas. Treinador UEFA A.

18 Comentários

  1. Desde Danilo e Alex que n havia 2 laterais na mm equipa a jogar isto td por cá.. O Nélson acredito que vai sair 1o q o Grimaldo…

    Respondendo eu…
    Premier iria melhorar a maior lacuna q tem.. bolas aereas e avaliar trajectorias… mas parece q é mm p o Bayern q deverá ir… jogo mais ao seu estilo sem duvida.

  2. Uma das coisas que mais gozo me dáem seguir-vos é mesmo o quando lançammts elogios a jogadores q os adeptos normais dizem q nao vão a lado nenhum… como sp disseram do Semedo ou do Gelson… e passado uns tempos a jogar os jornais anunciam os grandes todos atras deles..

    Aguardo para ver as transferências concluirem-se mas sem duvida que fico impressionado com o que por cá dizem tao cedo quando todos estao contra e pensam ser anedota e depois… pum

    • Havia malta a duvidar da qualidade do Gelson? Se tivermos em conta que um jogador sendo de 1 grande tem sempre adeptos dos outros 2 grandes prontos para vê-lo na lama, talvez isso tenha acontecido sim (confesso que no caso do Gelson nem dei por isso) mas quanto à qualidade do mesmo e tendo visto este maioritariamente em jogos das seleções mais jovens, desde cedo se via a qualidade que estava ali.

  3. Acerta-se, falha-se. Chegar lá depende de muito muito muito mais do que só qualidade visível… O Nelsinho até sei que tem o que é preciso…

    Sobre as avaliações que se fazem, os nossos adeptos passaram de uma fase do “dribla é craque” para o “dribla é burro”. Nao conseguem nunca perceber o que é ou não uma boa tomada de decisão fora dos preconceitos que têm e falta de entendimento do jogo que revelam. Já é bom hoje falarem de decisões. Se calhar daqui a outros dez anos saberão distinguir uma boa de uma má decisão… porque isso é o que faz mais confusão hoje em dia… pessoas que nao percebem nem sabem distinguir boa de má decisão a falar disso para fazer a sua avaliação! Mas como disse… só falar-se disso já foi um passo em frente grande! E o Maldini teve mta responsabilidade nesse crescimento!

  4. é é lol é o que te disse em cima:

    “os nossos adeptos passaram de uma fase do “dribla é craque” para o “dribla é burro”. Nao conseguem nunca perceber o que é ou não uma boa tomada de decisão fora dos preconceitos que têm e falta de entendimento do jogo que revelam. Já é bom hoje falarem de decisões.”

  5. Tudo certo. Contudo, é importante relembrar.

    “Nelson Semedo e André Almeida. Talvez aqui a posição mais debilitada do plantel, mas Nelson com potencial para chegar a um nível bom. André Almeida garante qualidade defensiva; É inteligente, e por isso sabe o que consegue ou não fazer; Joga seguro. Nelson é mais desequilibrador, e mais vistoso nas capacidades condicionais. Porém, com muito erro ofensivo e defensivo. Estabilizando ao nível emocional, percebendo os seus erros, pode crescer muito se for opção regular. Como lateral, e tendo em conta as suas características, pode ser relevante nos próximos anos em Portugal.”

    As coisas, pelos vistos, mudam, convém relembrar isso.

    • 1o há mais que um autor no site.
      2o As coisas de facto mudam… Em Agosto estaria muito mais perto dessa opinião que curiosamente não foi escrita por mim, do que da que dei agora.
      3º Não deixo de destacar que o Blessing anunciou logo o potencial para ser relevante. Não se enganou.

    • o autor desse texto não disse logo que tinha erro (que ainda tem defensivo, na minha opinião) e que poderia ser relevante?

      “Significado de Relevante no Dicionário Online de Português. O que é relevante: adj. Importante; que tem valor, relevância ou pertinência: argumento relevante.”

      Qual é a dúvida?

  6. Vou voltar a colocar o excerto do texto que citei.

    “Nelson Semedo e André Almeida. Talvez aqui a posição mais debilitada do plantel, mas Nelson com potencial para chegar a um nível bom. André Almeida garante qualidade defensiva; É inteligente, e por isso sabe o que consegue ou não fazer; Joga seguro. Nelson é mais desequilibrador, e mais vistoso nas capacidades condicionais. Porém, com muito erro ofensivo e defensivo. Estabilizando ao nível emocional, percebendo os seus erros, pode crescer muito se for opção regular. Como lateral, e tendo em conta as suas características, pode ser relevante nos próximos anos em Portugal.”

    Qualquer semelhança disto com os posts anteriores em que o Nelsinho é referido é… inexistente.

    Parece-me mais fácil dizer “não esperava que fosse capaz de mostrar este nível todo, mas enganei-me”. Pronto, assunto encerrado, bola para a frente.

    Mas ok, vamos lá descortinar isso. Relevante em Portugal… relevante em Portugal foi o Maxi, por exemplo. É por isso que teve nível para jogar ao mais alto nível (fora de Portugal, obviamente), como os últimos posts sobre o Nelsinho subentendem? Não. O mesmo raciocínio é válido para o Pizzi, para o Salvio e para muitos mais.

    A posição mais debilitada do plantel? Se a posição mais debilitada do plantel fosse a de lateral direito, que conta com o Nelsinho, então o Benfica teria um plantel capaz de lutar pela Champions, o que não é verdade.

  7. Miguel, ler implica interpretar. Experimenta. Depois, soma a isso o facto do blog ter vários autores, individualidades, que, podem partilhar muitas opiniões consensuais, mas também algumas divergentes.

    Potencial. Precisava de jogar. Jogou. Potencial confirmado. Não existe sequer divergência…

  8. Sim, Rui, é isso. Claramente isso. Experimenta, então, proceder a esse raciocínio com isto:

    ““(…)mas Nelson com potencial para chegar a um nível bom.”

    O Nelson tem potencial para chegar a um nível bom? Um nível bom?

    Um jogador que a nível físico é, provavelmente, dos mais completos a atuar em Portugal, com uma capacidade técnica muito acima da média e com uma criatividade para a posição absurda? Um jogador que desequilibra por fora e por dentro, que solicita, vezes sem conta, combinações diretas, que evita cortar para fora para manter a posse de bola…

    Não tem apenas potencial para ser bom. Tem potencial para ser um fora de série.”

    Ao que foi respondido: “Vamos ver.”

    Ler implica interpretar.

    Aristóteles, 364 a.C.

  9. Outra coisa, o potencial já tinha sido confirmado um ano antes. Teve o seu auge em Madrid, quando desmontou o Atlético de todas as formas e feitios. Potencial esse que tinha mostrado na equipa B, mesmo no primeiro ano, onde foi suplente de outro jogador com um potencial absurdo, o Cancelo.

  10. Não existe grande relação entre uma coisa e outra.

    O Cancelo foi jogador do Benfica durante muito tempo (desde os iniciados) e não foi por isso que não teve oportunidades na equipa A. Não teve porque, na altura, o treinador era JJ e havia Maxi. Isto numa altura em que, com idade júnior, o Cancelo era o principal destaque na equipa B, na altura orientada pelo Norton de Matos, e o Maxi somava erros em catadupa.

    Da mesma forma que o Nelsinho só foi aposta porque saiu o Maxi. Relembrar as palavras do RV que esperava que os anos de casa contassem para o Maxi ficar no Benfica. Como é natural, caso isso tivesse acontecido, o Nelson não teria sido titular. Aliás, basta olhar para a pré-época do ano passado para perceber que o Nelson partiu como última opção para a lateral direita.

    O que diferencia o Nelsinho da maioria dos outros laterais até é a formação que teve enquanto jogador. Jogador de corredor central. Nota-se, embora já se tenha notado mais, apesar de ser um nível diferente (equipa B).

    O Benfica dá-se ao luxo de ter dois jogadores que fizeram parte da sua formação como médios ofensivos. O Nelson até mais tarde (17 anos) e o Grimaldo até aos 15, salvo erro.

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