A maturidade e o aborrecimento

O Benfica controlou o jogo de uma forma… não valoriza nada o futebol.

Percebi o alcance das palavras de Tarantini. Pude presenciar a partida no Estádio da Luz ao lado de um ex internacional português, hoje em funções num grande Europeu, e não estávamos ainda a meio da segunda parte quando após expressar algum desânimo pela pouca espectacularidade da partida, ele me respondeu “O Benfica está a gerir…”.

Há alguns podcasts atrás abordámos a maturidade da equipa encarnada, demonstrada a nível interno. Uma equipa que conhece como poucas os momentos do jogo, e que sabe quando pode e não pode, quando deve e não deve expor-se.

O jogo encarnado muda um pouco quando o Benfica se encontra em vantagem. Não é uma questão de anti jogo. É uma questão de maturidade táctica. As zonas onde as perdas podem ocorrer estão bem definidas, e a equipa vai retirando risco com bola na forma como se torna mais pausada, menos susceptível de perder e levar transição. Perde espectacularidade o jogo, pois então. Ganha o Benfica de Rui Vitória em segurança.

E se a Jorge Jesus era apontado como factor menos a forma desenfreada como a sua equipa geria cada partida, sempre num constante aceleramento, à procura de asfixiar sistematicamente todos quanto os que lhe surgiam no caminho, Rui Vitória com um modelo táctico com óbvias semelhanças, lidera uma equipa mais “cínica”. Se entendermos o cinismo como uma forma de fechar o jogo após se encontrar em vantagem. Fechar o jogo como reduzir número de transições defensivas e sobretudo acautelar a zona onde estas se iniciam.

Leva dezanove jogos internos na presente época a equipa de Rui Vitória. Em dezasseis adiantou-se no marcador. Venceu os dezasseis, e apenas em dois consentiu o empate (de bola parada com Nacional e Primeiro de Dezembro) antes de se voltar a adiantar, num registo tão impressionante como invulgar. E que naturalmente tem bastante daquilo em que Rui Vitória transformou o futebol encarnado.

P.S. – Já são várias as dezenas de utilizadores registados na COMUNIDADE LATERAL ESQUERDO. Esperamos lá por vocês para continuar as discussões sobre este jogo maravilhoso.

P.S. II – Agradecimento muito grande a todos os que já se juntaram a nós no Patreon. Para terem acesso a todos os conteúdos que por cá se produzem, é passar por lá. Alternativa no  lateralesquerdo.com@gmail.com. Boas festas!

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

18 Comentários

  1. A derrota com o Marítimo também surge de bola parada.

    “demonstrada a nível interno.”

    Gostei desta parte… é que o desnivelamento de qualidade do Benfica para outros planteis também ajuda Rui Vitória… e não é pouco.

  2. O que me “enerva” se assim se pode dizer, é o facto de o Benfica não gerir os jogos essencialmente através da posse. Gerindo em posse, talvez podesse dar melhores armas à equipa para conseguir ter bola nos jogos em que a qualidade individual e coletiva do adversário é semelhante ou até superior à sua. A incapacidade para ter bola parece-me ser o calcanhar de aquiles deste Benfica

    • Acabei de ver o jogo outra vez. Não, não se remeteu à defesa. Até teve as melhores oportunidades e as mais vistosas jogadas. Uma mentira repetida… etc.

  3. Se nos lembrarmos que dos jogos todos o Benfica venceu o derby por mero acaso (não controlou coisa nenhuma), e a mesma coisa para o jogo no Estoril, Nápoles, Marítimo, Besiktas, Porto, 1º de Dezembro, Chaves, Arouca, Setúbal, Tondela e tantos outros, o Benfica está verdadeiramente à mercê dos seus jogadores. Podemos pretender decorar a árvore doutra meneira mas o pinho vem sempre ao cimo.
    Recordem o Boavista VS Benfica da temporada passada, já no final do campeonato: é exactamente o mesmo Benfica da presente temporada. Não jogamos nada, não controlamos nada e temos uma equipa em perfeito sub-rendimento. Vamos beneficiando do trabalho que JJ nos deixou e qualidade dos nossos jogadores.

    É inaceitável o que este treinador de guarda-redes anda a fazer ao nosso querido Benfica. Na minha opinião.

    • Este MM quis comentar aqui como benfiquista mas esqueceu-se de mudar o nick e destapou a careca de sportinguista. Nem como troll é competente, eheheh.

    • Se houver 2 jogadores titulares que conheceram o Jesus já é uma sorte. Qual trabalho do Jesus. Ou o trabalho desaparece em 2 meses sem lá estar o cérebro, ou dura anos e passa para jogadores que nem o conheceram, decida-se lá.

      Depois vem a lenga-lenga que o milagre é dos jogadores. Quem ouvir pensa que estamos a falar do barça. 50 mil lesões, é graças aos jogadores. A seguir é a máxima, forte com os fracos, fraco com os fortes. Depois na prática olhamos para os rivais e o que vemos? Fracos com os fortes e fracos com os fracos.

      Rui Vitória pode não ser o melhor treinador do mundo, mas tem o seu mérito. Já chega de o menosprezar, pois já provou que é capaz de ser bem sucedido.

    • Este deve ser o troll de serviço enviado de plantão pelo Saraiva para este blogue.
      Não percebo a intenção de mentir e distribuir comentários absurdos e surrealistas pensando que essa é a melhor maneira de defender o seu clube.
      A ignorância é muito atrevida.
      O Benfica no último derby, por mero acaso, não estava a vencer 3-0 no princípio da 2ª parte por… por… mero acaso.

  4. Obviamente méritos. Mas cá dentro não é barómetro. Com o FCP e SCP é “outra coisa”. A proposta é esta. E tem o mérito de não se deixar começar a perder (na maioria das vezes). É fulcral. Porque quando acontecer, é que se vai ver (já se viu algumas vezes). Com equipas de posse ou mesmo com outras que ofereçam o mesmo veneno “tático”. Forçados a sair, a abrir para atacar e com pressão de virar, a ter que elaborar mais e inevitavelmente espaçar linhas, tenho dúvidas. Defender com “menos” e em espaços maiores lá atrás. Duvido que haja dinâmicas suficientes para se manterem suficientemente compactos, agressivos e intensos.

  5. Viva,

    Boa analise, como sempre.

    Referir que o SLB é uma equipa jovem e que tem uma margem de progressão enorme, não vale a pena falar das muitas ausências que podiam ajudar a planificar cada partida com mais opções e soluções, mas até ai e mais uma vez houve aspetos positivos, como a afirmação de Nelson Semedo, Grimaldo e Guedes por exemplo.

    Boas festas

  6. Na época passada em Setembro eu já tinha tirado a toalha ao chão em relação ao SLB, porém creio que está á vista de todos que RV anda a fazer 1 excelente trabalho , não acredito que seja obra do acaso , ou apenas mérito dos jogadores ou da confiança destes como foi aqui falado a época passada.

    Eu tambem não gostei do jogo de Rio Ave, contra o SCP minha irritação foi tanta que nem vi o jogo até o final, mas não sendo um SLB de nota artística é 1 equipa eficaz, o que lhe falta é melhorar nos jogos que joga contra equipas do seu nível , mas ele é novo e ainda vai evoluir muito, e como em Portugal jogar contra equipas do mesmo nível acontecem tantas poucas vezes por ano , não penso que isso seja 1 problema.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*