Valorizar o jogador. Valorizar o jogo. Fernando Valente e o Vitória de Couceiro que trava o “grande” que faltava. Passando por Quinito.

Em conversa com o fantástico Fernando Valente, a percepção de que nem sempre é percorrido o caminho que beneficie todos.

Como se pode valorizar o jogador se não lhe dás bola? Quem contrata a correria, ou o fechar espaços? Se houver quem o faça, talvez todos possam ser futebolistas, haja “saúdinha” e vontade para correr. Todavia, nem todos são futebolistas. Certo?

Não interprete mal. Quando não há bola, há que haver disponibilidade. Há que haver responsabilidade.

Mas quando a tens, há que a preservar, tratá-la, usá-la. Mostrar que se pode chegar ao patamar mais acima! Valorizar-se!

Na actualidade, e talvez mais que nunca, os clubes precisam que os seus activos se valorizem! “…desta vez empatámos dois a dois, mas tivemos o dobro do tempo com a bola. Quem acham que se valorizou mais? Vocês ou eles?” Ao fim de semana é a montra! E continuar a deixar passar a oportunidade prejudicará toda a industria.

Já em 1982 o génio de Quinito entrou Jamor a dentro de fraque cor de creme, com um laço ao pescoço. “Coloca gel e põe-te bonito porque vais estrear-te” terá sugerido a Nuno na sua primeira aparição no Vitória de Guimarães.

Como podemos, hoje, vinte e cinco anos depois não ter aprendido os ensinamentos do mestre?

Porque alguns ainda procuram fazer diferente, o exemplo do Vitória de Setúbal de José Couceiro. Bem possivelmente o orçamento mais baixo da Liga, a valorizar exponencialmente vários dos seus jogadores, pela primazia pelo futebol.. com bola! Sempre que o adversário não a retira, claro. Porém, a intenção está sempre presente! E o exemplo de que podes avaliar possibilidades e sair na construção quando tal é viável tentando ligar pelo chão com as zonas mais adiantadas. O exemplo de que podes promover o jogo mesmo que com diferentes armas, e ainda assim, não estar condenado ao insucesso. O Sporting era o último “grande” que faltava tropeçar aos pés de uma ideia menos comum nos de menores recursos. Depois de injustiçado na Taça de Portugal, onde terá pago demasiado caro a falta de eficácia, hoje o registo do Vitória é notável. Somente duas derrotas em cinco partidas disputadas contra as três melhores equipas portuguesas. E a jogar, sempre que foi possível jogar! Com Costinha, João Amaral, Mikel, Ryan, Nuno Pinto, Geraldes, entre outros. Todos mais reconhecidos hoje que ontem.

 

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

2 Comentários

  1. Para mim é uma surpresa bonita, tenho a certeza que o Couceiro tem evoluído bastante porque nunca me pareceu ter equipas tão giras como este Vitória. Longe disso, sobretudo sem bola. Mais uma prova de que todos evoluímos e que passamos por diferentes fases e estímulos. Mesmo os treinadores de futebol. Parabéns.

  2. “Com Costinha, João Amaral, Mikel, Ryan, Nuno Pinto, Geraldes, entre outros. Todos mais reconhecidos hoje que ontem.”

    Caro Paolo Maldini

    Quero aproveitar esta oportunidade para dar-te os parabéns pela reconhecimento da evidência da valorização destes jogadores que não brincam nas selecções.

    Até podes não acreditar na minha teoria mas já começas a praticá-la.

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