O Sevilla de Sampaoli – Protagonismo excessivo de Nasri

Terminou empatado, o embate que opôs o Sevilla ao Villareal. Perante um adversário que também gosta de ter bola, o Sevilla assumiu, por completo, o protagonismo do encontro.

Não tenho acompanhado de perto a evolução da equipa de Sampaoli e, talvez por isso, tenha ficado surpreendido com alguns comportamentos apresentados no jogo de ontem.

A formação espanhola organiza-se num 3x4x3: três centrais (Lenglet, Rami, Mercado), dois alas (Vitolo e Mariano), dois médios centro (Nasri e N’Zonzi) e três avançados ( Jovetic, Franco Vasquéz e Ben Yedder).

Frente a um Villareal organizado, o Sevilla encontrou dificuldades para explorar o corredor central.

Nasri apresentou-se em grande forma. O francês teve um papel chave durante todo o jogo. Ao seu lado, surgiu N’Zonzi, outro jogador de enorme qualidade. Os dois, foram responsáveis por organizar todo o momento ofensivo da equipa.

Seja em fase de construção ou em zonas de criação, os dois jogadores foram indispensáveis. Um dos problemas observados nasce precisamente aí. Os médios centro baixaram, quase sempre, para fora do bloco adversário, de modo a que pudessem ser eles a iniciar o processo de construção. Aos três centrais, juntaram-se mais dois jogadores, que, à partida, poderiam estar em zonas mais adiantadas, dificultando a ação de quem defende.

Nasri demonstrou enorme qualidade ao nível do passe mas também na forma como foi capaz de conduzir, invadindo zonas interiores. Esta capacidade de desequilíbrio, desde trás, trouxe benefícios ao jogo sevilhano.

Ainda assim, e por mais qualidade que N’Zonzi e Nasri tragam a 1ª fase de construção, a verdade é que os seus posicionamentos, retiram profundidade ao meio campo, ao mesmo tempo que limitam a capacidade de ligação dos centrais. Se aliarmos a este problema, a falta de equilíbrio nos movimentos dos avançados, encontramos explicação para a menor capacidade ofensiva da equipa.

O Sevilla criou muitas oportunidades de golo mas as condições com que chegava às zonas de finalização, nem sempre foram as melhores.

Atribuir, durante todo jogo, tanto protagonismo aos médios, acabou por prejudicar a equipa. Sempre que os centrais se revelaram mais participativos, o Villarreal foi obrigado a baixar e o Sevilla encontrou melhores caminhos para finalizar.

 

 

Sobre Bruno Fidalgo 83 artigos
Licenciado em Ciências do Desporto. Criador e autor do blog Código Futebolístico. À função de treinador tem aliado alguns trabalhos como observador.

4 Comentários

  1. Este Sevilla merecia um olhar mais global. Mais completo. Varia bastante mas parece sempre avançar com calma para depois acelerar na frente.
    Surpreende-me onde estão. Esperava bem pior. Mais tempo de adaptação até render para Sampaoli. Desconcertante. Para o bem e para o mal.

  2. É das equipas que mais prazer dá em ver jogar. Vai ganhar muito menos do que com Emery mas joga muito mais!

    Um jogador como Jovetic (que vi desmontar o Sporting, quando era ainda um adolescente) só poderia voltar a ter prazer em jogar com um treinador como Sampaoli. E depois ainda há Vietto, Ben Yedder, Ganso, Vitolo, Nasri ou N’zonzi a render o dobro porque estão inseridos num esquema que potencia quem tem bola e decisão. Apoios que nunca mais acabam e capacidade para procurar profundidade ou 2×1.

    Avassalador em termos ofensivos, contra quem vier.

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