A irreverência em cima do modelo. Potencial para crescer em Alvalade.

Podence naquele espaço vai rebentar com tudo

Em Tondela ainda o jogo não estava a meio e já recebia uma mensagem do André David, um dos treinadores portugueses que vale muito a pena conhecer e seguir.

Na presente época, sobre Jorge Jesus cai sobretudo o erro que terá tido em algumas avaliações individuais aos jogadores colocados à disposição.

A sua época menos produtiva em muitos anos não está de forma alguma relacionada com o seu modelo. Continua a ser o melhor em Portugal. E continua Jesus a ser um treinador muito diferenciado de todos os outros. Muito mais astuto na forma como estrategicamente e tacticamente prepara as suas equipas. Entendê-lo está ao alcance de todos quantos queiram perceber o que foram os jogos de Sporting perante Real Madrid, Dortmund, FC Porto e SL Benfica.

É verdade que, e por influência sua, foi grande o crescimento de todos os outros treinadores na realidade nacional. E onde mais fazia a diferença, as distâncias foram bastante esbatidas. Mas, não terá perdido faculdades. E muito menos deixou de ser um treinador fabuloso no trabalho semanal e no pormenor.

Talvez não faça mal lembrar que não são os treinadores que jogam à bola; são os jogadores.

Relembrava o Nuno Amado na recente crónica no Jornal Record.

Esta terá de ser a maior crítica ao treinador leonino. Mesmo que seja ele quem está diariamente com a equipa.

Em Tondela, facilmente se percebeu que Matheus Pereira e Daniel Podence trazem a irreverência. A variabilidade que não tem tido o Sporting na presente época. Não por imposições do modelo, mas porque as decisões são sempre dos jogadores. As qualidades são sempre dos jogadores. Mesmo num modelo de grande como sempre foi o de Jorge Jesus. E não haverá modelo que possa ser bem sucedido se ofensivamente há pouca cultura das individualidades para se ligarem. E com poucas ligações e pouca irreverência individual, o fraco pecúlio leonino já era por cá adivinhado antes de se tornar real.

Poderá parecer que não há nada mais para o Sporting vencer na presente época. Discordo totalmente. Das opções de Jorge Jesus no presente, dependerá também o renovar de uma forte candidatura ao título na próxima época. Perceber e enquadrar já Daniel Podence, e o erro que o jovem terá será já hoje e cada vez mais corrigido. Com Matheus idem. Com Francisco Geraldes idem. Até ao final da época, o Sporting tem três jogadores incríveis, para “terminar” de formar. Não só garantem já hoje maior rendimento do que as que foram as grandes apostas leoninas do presente, como pelo potencial imenso que apresentam, serão os jogadores que amanhã poderão trazer um Sporting renovado.

Para voltar ao topo, o seu modelo precisa de variabilidade e qualidade em cima. Tem a palavra Jorge Jesus.

 

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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