” A Højbjerg le había dedicado más horas que a ningún otro jugador: le había explicado cómo colocar el cuerpo cuando recibía el balón para poder enregarlo de inmediato con la mayor eficacia;”
A forma como os futebolistas se posicionam para receber a bola, é, em todos os momentos, um fator importante para o seguimento do lance. Para os centrais, os laterais e até os guarda-redes, passando, inevitavelmente, pelos médios e avançados, é fundamental que exista essa consciência. Receber com qualidade é uma virtude de quem prepara o futuro. Percebem-se, portanto, as preocupações de Guardiola com Højbjerg.
Para aumentar as possibilidades de ação após a receção, é crucial que o recetor não feche o seu campo de visão. A qualidade e orientação da receção também são elementos essenciais para o seguimento do lance.
Ao não ter em conta estes aspetos, quem receba a bola poderá expor-se, facilitando a ação de quem pressiona.
Guardiola foi, como jogador, um pivô defensivo de excelência. Inspirado pelas lições de Cruyff, o agora técnico do Manchester City, revelava muita qualidade na forma como se colocava para receber a bola dos seus companheiros.
As preocupações com este tipo de situações são agora mais frequentes. Alguns fazem-no parecer fácil, mas é fundamental que exista uma preparação nesse sentido. Para quem valoriza a posse e nunca ignora o seu pivô no momento de construção, torna-se indispensável a passagem deste conhecimento aos jogadores.
Weigl é um dos exemplos que melhor retrata as competências necessárias a um médio defensivo do futebol moderno. É fantástica a subtileza como se move atrás da 1ª linha de pressão. A qualidade da receção que o coloca quase instantaneamente virado para o jogo, mesmo quando não consegue receber de frente é algo que só se alcança com muito treino. A essas virtudes, o jogador alemão alia uma capacidade para recolher informações a todo o instante. Também por isso, tem uma percepção quase sempre correta, do meio envolvente. Muitas vezes, é essa a chave do sucesso.
Ainda assim, e mesmo percebendo as dificuldades existentes para os pivôs, acredito que é dentro do bloco adversário, em zonas mais adiantadas, que surgem os maiores problemas para quem recebe.
Analisar e interpretar o contexto em situações onde existe menos espaço e tempo para agir será, à partida, uma tarefa muito mais complexa.
O espaço entre a linha média e defensiva do adversário tem ganho uma enorme importância no jogo ofensivo. Ao conquistar esse espaço, promovem-se reações na linha defensiva adversária e é natural que se abram espaços importantes.
Conseguir enquadrar nessas zonas torna-se essencial para quem quer agredir, de forma assertiva, os poucos opositores que restam.
Sobretudo para quem recebe um passe frontal, nem sempre será fácil ficar de frente para a baliza. Para quem consegue, a forma como o faz terá, obviamente, reflexo no seguimento do lance. Receber orientado para a linha lateral não é o mesmo que receber de costas para esse local. Ainda que seja possível receber para fora e depois atacar o espaço interior, é muito mais fácil para quem quer atacar a baliza de forma rápida, rececionar a bola com o corpo virado para dentro.
As vantagens são óbvias. É lá que mora a baliza.
O Weigl é um bom exemplo. mas o melhor do mundo nesse sentido, é sem sombra de dúvida Busquets. Para além de se enquadrar sempre bem para o jogo, é capaz de tirar jogadores do caminho apenas com a recepção. Incrível o que o espanhol faz, e não é nem um pouco reconhecido
AT20, são 7 anos de diferença! Quando o Weigl começou a aprender o que era uma recepção, andava o Busquets treinado por Guardiola a competir com o Xavi por minutos! =)
É fantástico, sem dúvida!
Excelente artigo! Parabéns
Obrigado!
Busquets, para mim o melhor exemplo. Quem por cá quiser aprender pode ver o Alenitchev no Porto do Mou e perceber como a inteligência na recepção pode ajudar a criar a vantagem e o espaço a um jogador que para o futebol moderno não era especialmente rápido, alto, “intenso”, ou outras características que são hoje tão apreciadas. Não era o Renato mas recebia e ganhava aquele primeiro meio metro como poucos.
Pormaiores,jokers
Capaz de ter sido das melhores coisas que li por aqui. Excelente post.
Obrigado!
Extraordinário post!
É verdade que receber entre linha média e defensiva adversária é mais complicado, pela pressão, pela densidade de jogadores etc… No entanto, acho que no caso do pivot e nas receções entre a linha avançada e média, há um fator que torna esta missão um pouco diferente. A proximidade da receção com a sua própria baliza faz com que cada erro se possa tornar numa oportunidade de golo para o adversário e o medo acaba por condicionar a decisão do jogador de uma forma diferente do que o faz em zonas mais avançadas.
Daí que considere ainda mais importante trabalhar isto nos pivots, porque não são muitos que o fazem, porque a reação natural da parte dos jovens e de imensos profissionais( o Danilo pura e simplesmente não oferece linhas de passe aos centrais dentro do bloco adversário, grande parte das vezes acredito que por medo) é fugir de dar este tipo de opções, é sair fora do bloco. É por isso crítico que o pivot saiba colocar o corpo e saiba receber bem, porque caso contrário vai fugir porque perdeu ali bolas. É isso que torna 6’s que como Busquets e Weigl, jogadores ainda mais especiais, não fogem não se escondem, sabem dar linha de passe e contribuir de forma brutal para aumentar a qualidade da circulação.
Obrigado! A proximidade em relação à baliza é um fator importante, sem dúvida. Concordo!
Lembro-me de num belo grupo de whatsapp se falar sobre isto durante o Euro. Tantas e tantas vezes que os medios centro recebem apenas para devolver, ou para rodar por tras.
Dezenas de situacoes em que tinham espaco para receber enquadrando com o alvo mas nunca o fazem… porque nem sabem que teem espaco.
Um dos posts recentes fala do provocar dos centrais para libertar o homem livre. Quando a bola esta “dentro”, o provocar deveria ser o mais utilizado, e tantos e tantos jogadores que nem se mostram perigosos porque nem se viram para a baliza adversaria.
porMaiores
Verdade, Bruno!