Opções técnicas. Para lá do visível.

Todos temos as nossas preferências. Todos, sem excepção, imaginamos as nossas próprias opções técnicas, mesmo que estejamos fora do contexto. É um exercício demasiado prazeroso para todos, para ser ignorado.

Porém, por mais que as coisas pareçam claras na nossa cabeça, nunca estamos verdadeiramente ao corrente de tudo. Nunca temos todos os dados. Desde o facto de não podermos entrar na cabeça do treinador para poder perceber as suas ideias e perceber se determinados jogadores vão ao encontro do que propõe, ao facto de não avaliarmos o processo. As oportunidades os jogadores têm todos os dias. Todos os treinos são uma oportunidade para demonstrar a quem mais importa que se está disponível e apto para dar à equipa o que quem decide idealiza.

– O que precisa ele de fazer para entrar na convocatória?

– Quem?

– Luke Shaw.

– Luke Shaw? Está difícil para ele entrar na convocatória.

– Porquê?

– Porque não o posso comparar com o Young, com o Darmian, com o Blind… não posso comparar a forma como treina, como está comprometido, o foco, a ambição, não posso comparar… está muito muito atrás..

– Ele é internacional inglês…

– É…

– Esperava mais?

– Joe Hart é internacional e está emprestado em Itália…

Mourinho sobre Luke Shaw.

 

Para quem precisa de créditos para renovar a cédula de treinador e não tem possibilidade de estar muito tempo fora, ou simplesmente para quem pretende ouvir e saber mais ou diferente, em colaboração com a Bwizer saiu uma formação online comigo. Aqui.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

2 Comentários

  1. Espero que ninguém me leve a mal eu estar a comentar negativamente a perspectiva do Mourinho na gestão de RH. Possivelmente eu precisaria de nascer 100 vezes para conseguir ter 1% do sucesso que ele tem.
    Eu não sou treinador e todos vós sabem mais de futebol do que eu e é por isso que sigo religiosamente o vosso blog.
    Mas não consigo entender as perspectivas do Mourinho sobre a gestão de RH.
    Vou dar aqui exemplos com base em modelos teóricos usados na Psicologia:
    1)Tipologia de Holland.
    Baseia-se na perspectiva de que existem tipos de personalidade que “empurram” as pessoas para diferentes vocações
    2) Modelo de Personalidade “Big Five”, que agrega em 5 grandes factores, diversos traços de personalidade e que está validado em inúmeros contextos e diversas situações.

    Com base nestes modelos se o Martial, o Herrera e o Zlatan fossem avaliados muito provavelmente todos teriam tendências diferentes, o que implica que aprendem e interpretam a realidade de uma forma completamente diferente e o melhor é que existe trabalho cientifico sobre este assunto com muitos anos. Para além disto, Liderança não é o mesmo que Leader Member Exchange, que é um conceito mais virado para a relação entre o Líder e um membro especifico. É neste aspecto que o Mourinho falha porque ele viola constantemente algo que se encontra estudado nas empresas constantemente que é o “contrato psicológico” e que é das coisas que mais têm impacto negativo na produtividade de uma empresa (e que basicamente serve para qualquer tipo de relação, como principio de confiança). A diferença é que um trabalhador médio numa pequena/ média empresa não têm nem 1% do impacto que um jogador de futebol têm numa equipa, quer pelo reduzido número de elementos, quer pelo peso financeiro que acarreta.
    Mais um vez, volto a dizer, que o Mourinho sabe muito mais de lidar com high performers do que eu, e nem me posso comparar, nem que seja um bocadinho, com o trabalho dele, no entanto, parece-me que ele têm uma noção rígida do que é a gestão de equipas, quando no fundo, os modelos e as abordagens estão sempre em evolução.
    Espero que este comentário não seja interpretado como arrogância.
    Mesmo que as pessoas não apreciem o trabalho de Psicólogos, ao menos apreciem o trabalho que se faz na área do comportamento organizacional, que é feito por pessoas de muitas áreas. Geralmente os Psicólogos Desportivos tiveram algum tipo de contacto com o Comportamento Organizacional.

  2. Só para esclarecer que não sou Psicólogo Desportivo, mas fui aluno do Professor Pedro Almeida que já foi o Psi do Benfica. Não estou aqui a defender a classe ou algo do género mas realmente não percebo como é que organizações de milhões esquecem aspectos como estes, porque as empresas de outras áreas gastam bastante dinheiro com isto, (com isto e com os data scientists) porque estão na luta pelas percentagens para serem o melhor possível.

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