Primeira parte no Dragão. O resumo do jogar da equipa de Nuno Espírito Santo.

Zero de critério, zero de inteligência. Bola na frente, a chegar em péssimas condições, e os avançados que consigam dominá-la e inventar algo, mesmo sabendo que receber “balázios” e dar-lhes sentido (receber e enquadrar) é de uma dificuldade extrema.

Um jogo nada pensado. Naquilo que está ao alcance de um treinador definir, a organização ofensiva do FC Porto é das coisas mais primitivas que se podem observar na última década em Portugal. Um retrocesso completo a um passado em que o jogo eram correrias, intensidade e muita reza para que algum adversário falhe.

Bola no corredor lateral é para morrer ali. Ou sprint e bola na área mesmo sem olhar, ou bola por cima para o mesmo corredor para que alguém a domine.

Não é só a bola que é mal tratada pela inexistência de ideias. Os próprios movimentos sem bola são sempre no intuito de a receber nas costas das defesas adversárias. Joga uma espécie de Rugby a equipa de Nuno. Estica, vai ao duelo. Se o perder, pelo menos subiu uns metros.

Defensivamente, não se consegue encontrar qualquer coordenação ou definição de movimentos colectivos. Tudo se fica pelo geral: Danilo à frente da linha de quatro e… desenrasquem-se. O desnível individual dos grandes para os pequenos é de tal forma absurdo em Portugal que tal vai sendo suficiente para impedir os golos ao adversário. O problema é que a equipa está sempre muito afastada e mesmo resolvendo os lances defensivos com defesas e Danilo, tem a equipa longe para poder ligar rapidamente e pelo chão as transições.

Naquilo que o treinador controla, será preciso recuar quase uma dezena de anos para se ver uma equipa grande em Portugal com o nível da de Nuno Espírito Santo. Este FC Porto é um recuar ao futebol de antigamente. Fica a curiosidade de mesmo assim, estar a três pontos do primeiro lugar.

Sobre Rodrigo Castro 219 artigos
Rodrigo Castro, um dos fundadores do Lateral Esquerdo. Licenciado em Ed física e desporto, com especialização em treino de desportos colectivos, pôs graduação em reabilitação cardíaca e em marketing do desporto, em Portugal com percurso ligado ao ensino básico e secundario, treino de futsal, futebol e basquetebol, experiência como director técnico de uma Academia. Desde 2013 em Londres onde desempenhou as funções de personal trainer ligado à reabilitação e rendimento de atletas. Treinador UEFA A.

11 Comentários

  1. Os sinais estavam lá todos, sempre estiveram. Quando faltam os maiores criativos (Brahimi e Corona) e se retira do jogo o único com capacidade para fazer diferente, para fazer melhor (Oliver) e equipa fica entregue ao que é trabalhado, expondo a nú as infinitas debilidades desse mesmo trabalho.

  2. Não digam isso, a cartilha já chegou ao lateral esquerdo. O Rui Malheiro afirma que o Nuno é um treinador de topo e eu acardito nele. Ámen.

    • Ele e o amigo Carlos Daniel não podem criticar o treinador do Porto. Depois quem é que iam convidar para apresentações de livros?

  3. Jorge Jesus com este benfica deveria ser lindo! Já se festejava campeonato….!

    A alma em soares, a perda de qualidade de oliver (ainda questionam a qualidade dele) começaram a ter sucesso e começaram a acreditar nisso…..! Muitos jogos a ganhar, de forma folgada com este modelo…..!

    • Alguma vez? Sem Lindelof, Ederson, Nelson Semedo, Grimaldo, Gonçalo Guedes e com metade do plantel lesionado… era campeão no país das maravilhas.

  4. vi uma estatística e era qualquer coisa do estilo, 50 ataques 36 cruzamentos, acho que isto diz tudo. Coitado do Oliver, deve pensar é para receber e esticar!!!! (adoro esta palavra do futeboles “esticar na frente”)… alias se é para jogar assim talvez seja melhor o Herrera, mais intenso e com passada mais larga.

    • “(adoro esta palavra do futeboles “esticar na frente”)”

      Caro Pedro

      Olha, tens aí um exemplo do que é “esticar na frente” a partir do minuto 1.38 até ao 1.46 (nunca se mencionou a nulidade de critério nem de inteligência) nem sequer se mencionou a falta de passada larga.

  5. Muito interessante perceber como é que o Porto deu 7-0 ao Nacional. Sem esse resultado, as poucas dúvidas em relação ao campeão estavam já dissipadas.

  6. Concordo com a ideia geral do post que aliás já tinha sido referida noutros posts anteriores.
    Mas a comparação com o Rugby é um bocado forçada. É certo que o Rugby é um desporto de contacto e de ir ao duelo, mas há muitos anos que as melhores equipas preferem ter a posse de bola e fazer combinações para desmontar a organização contrária. O “chutao”para a frente é tal como no futebol atual, mais uma medida de recurso do que a base da metodologia de jogo das melhores equipas.

  7. o problema não está em “esticar na frente”… o problema está, em não saber quando o fazer, e que tipo de movimentos tem que ser feitos, para que esse esticar crie 1×1 de forma enquadrada com o jogo (baliza)… o que se vê no Porto actualmente, é um esticar onde “todos” correm para essa profundidade, onde não criam desequilíbrios defensivos, onde a linha defensiva adversária resolve fácil, pois são poucas as vezes onde são obrigados a sair na pressão… bola no ar, fácil defender, sai um no duelo, outro na cobertura e outro pela frente… e ganho 90% dos lances a ficar em posse! … a diferença para o 2ª video é exactamente essa! o porto esticava em situações completamente diferentes… não em ataque posicional (como o faz 80% da vezes actualmente), mas sim numa transição ofensiva (ataque rápido, ou contra-ataque) em velocidade e com movimentos de apoio e ruptura constantes!
    Na minha opinião, acho que o Nuno está a tentar encostar os adversários à parede, com esse “esticar” constante, visto ter frisado mais que uma vez que quer jogar em 40 metros na maioria do tempo… mas para jogar em 40 metros, tem que ter uma super equipa em termos de transição defensiva + ofensiva, com movimentos de apoio e ruptura constantes (entre-linhas), porque a jogar por fora, e a bola a rodar por fora do bloco… só lhe resta uma solução – CRUZAMENTOS!!!

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