A evolução. FC Porto soma 5º empate nos últimos 7 jogos da Liga.

Não foi com surpresa que foi por cá acolhida a indignação às críticas do jogar do FC Porto. Surgiram ainda antes da entrada da equipa azul e branca numa fase desastrosa em termos de resultados. O FC Porto vinha de uma série consecutiva de vitórias, e o resultado tende sempre a tapar os olhos a toda a gente. Mesmo que muitos dos jogos tenham sido definidos por uma eficácia extrema nas bolas paradas (o expoente máximo, o jogo em que o Dragão viu o FC Porto completamente subjugado a uma equipa incrivelmente superior do ponto de vista colectivo, o Rio Ave, e três golos de cantos / livres disfarçaram. Mas, muitos outros abriram com bolas paradas ou bolas longas atiradas à sorte (Arouca, Sporting, Tondela, Estoril). A própria recepção ao Nacional que terminaria com a goleada da época, trouxe um FC Porto cuja primeira finalização foi a do golo, já depois da meia hora de jogo.

Naturalmente, que vencer abrindo os jogos com golos de canto ou livres indirectos, ou como na recepção ao Sporting, com um esticar longo do guarda redes na frente, também conta. O problema é que são momentos mais aleatórios! Mais difíceis de se repetirem ou de se ter sucesso. Mesmo que estejamos a falar de uma equipa preparada pelo seu treinador à moda do futebol da década de noventa. Gente para esticar na frente, e por lá quem tenha competências físicas acentuadas que possa fazer a diferença assim. O FC Porto de Nuno Espírito Santo seria uma equipa competente há duas décadas atrás. Hoje, numa era em que cada vez mais importa a inteligência, o perceber os melhores caminhos para se chegar à baliza adversária, o facilitar o trabalho aos colegas (ter de receber constantes bolas longas não facilita ninguém e apenas torna tudo mais dependente da sorte), é apenas a pior equipa grande no seu jogar colectivo da última década em Portugal.

Porque colocando os jogos no domínio da sorte e de momentos mais aleatórios, esperando que ter melhores jogadores que todos os adversários (no máximo haverá uma excepção na Liga), faça cair a sorte para o seu lado, em detrimento de pensar em formas inteligentes para construir e criar, é muito da responsabilidade de um treinador, nunca se poderia por cá concordar com o tipo de jogo pré-histórico que trouxe para Portugal, Nuno Espírito Santo. Mesmo que ainda termine no primeiro lugar.

A indignação pelas críticas quando se ganha é bastante normal. O problema não terá sido a incapacidade para se ver mais além dos apaixonados. O problema é que ao treinador cabe analisar cada jogo de forma minuciosa. E Nuno tinha de perceber que o ciclo de vitórias não tinha sustentação no seu jogo. Tinha de fazer a equipa crescer em cima dos resultados que iam trazendo confiança. Pelo contrário, tal como os que não tinham responsabilidade no processo, deixou-se embarcar na onda dos resultados e foi incapaz de capitalizar para o seu jogar, o que os resultados iam trazendo.

O FC Porto evoluiu zero, e expôs-se a que a sorte virasse para outro lado. Na verdade, empates com Marítimo, Feirense, Braga, Benfica e Setúbal nos últimos sete jogos não são mais invulgares do que terão sido as nove vitórias consecutivas de uma equipa que não estava preparada colectivamente para tanto. Nem tão pouco o fraco pecúlio de nove golos em sete jogos da Liga.

Terminando campeão ou não, caberá à administração azul e branca decidir o futuro próximo. Com a certeza de que para se aproximar o FC Porto dos triunfos há um caminho diametralmente oposto a percorrer ao do que o jogar do FC Porto 2016 / 2017 trouxe.

Tudo isto no fim de semana em que Paulo Fonseca devolve o troféu de campeão da Ucrânia ao Shakthar, depois de um curto domínio do Dinamo de Kiev, e no fim de semana em que todas as esperanças azuis e brancas residem nos comandados de Luís Castro. O Ex FC Porto que apresenta um dos jogares mais aprazíveis da Liga. E que tão bem assentaria num plantel que tem Óliver, Corona, Jota, André Silva, Brahimi e Rúben Neves.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

14 Comentários

  1. Sempre se falou disto….! Mas acho que piorou com o colocar de corona, oliver no banco! Estes com brahimi eram os únicos que usavam o cérebro!

    O maior problema é que nenhum dos outros está melhor!!! Aquela fase negra do sporting se não tivesse acontecido, iria ser bonito, isto!!!!!

    • Não é o caso de usarem o cérebro, eles continuam a não jogar em equipa. A diferença destes é que em ações eles conseguem fazer a diferença.

    • Apesar desse texto não ser meu nao tenho problemas em fazer a defesanem do texto nem do PF.
      O próprio já confirmou que o FCP chegou ainda antes de estar preparado para tal desafio. Recordo o nervosismo que se percebia e a dificuldade tb em lidar com outras situações. Portanto esse texto, q é de um anterior autor(a psssagem p site desconfigurou algumas coisas) pode ser assinado por baixo por mim (à data em que foi feito). Hoje nao…

  2. Temos de dar mérito ao Nuno: conseguiu motivar os jogadores e fez-los acreditar que as suas ideias os fariam campeões. Agora, enquanto adepto do FC Porto, não me lembro de uma equipa com um jogar tão pobre. Na minha opinião, qualquer pessoa que ocupe o cargo de treinador do Porto (ou de outro clube) deve adaptar as suas ideias à cultura do clube e não me parece que o Nuno o tenha conseguido. Saberá, fruto de todos os anos que passou enquanto jogador do Porto, a cultura do clube melhor do que qualquer um de nós, mas não creio que essa se limite à inegável dedicação e capacidade de superação dos atletas. O Porto deve ser uma equipa dominadora, ofensiva, tem que querer a bola e saber o que fazer com ela. É essa a realidade do clube e é isso que os sócios querem.

    Ver o Oliver no banco demonstra que o Nuno ou não percebeu, ou não conseguiu adaptar as suas ideias à cultura do clube.

  3. Que triste de ver o melhor plantel treinado por um zero. O Lopetegui nao teve sorte, se tivesse ficado este ano e sem ser genial, arriscava-se a ser campeao. Desta vez, nao hà Jorge Mendes que o salva para treinar uma equipa de topo

  4. ” Hoje, numa era em que cada vez mais importa a inteligência, o perceber os melhores caminhos para se chegar à baliza adversária…”

    Caro Paolo Maldini

    Não há muito a criticar no jogo do FCPorto a não ser a de não jogarem em bloco.

    No último Barcelona-Juventus, os jogadores do Barcelona não foram inteligentes em insistir em jogar da mesma maneira, sabendo que o árbitro não estava a assinalar as faltas cometidas pelos jogadores da Juventus.

  5. O NES é provavelmente o pior treinador do Porto desde o Octávio machado e a maneira de jogar não lembra nem a equipas de meio da tabela da segunda liga inglesa.

    Agora, não compreendo como é que se continua a insistir que o plantel do Porto é fantástico quando dos 11 habituais titulares pelo menos quatro ou cinco deles não sabem usar o cérebro (Filipe, Alex telles, André André e ainda podíamos juntar o Danilo, soares ou herrera, já para não falar do jogador mais sobrevalorizado de sempre do campeonato português de seu nome maxi Pereira).

    Maxi pereira não vale meio Nelson semedo, Filipe pior que os dois centrais do slb, André André ao nível de um samaris, Alex telles nem dá para comparar ao grimaldo.

  6. Sim, o lindo plantel para jogra num 4/3/3 ofensivamente e 4/4/2 em defensivo.

    Na defesa, o Layun na ala esquerda.
    No meio campo, danilo ( o meu equilibrio), herrera( que nao é mau nesse modelo com boa tecnica e que sabe fixar) e oliver que tem as chaves do jogo.( Ruben Neves se nao estiver là)

    A frente, o Brahimi que vagabunda na ala e dà tambem apoios no centro.

    O jota ( que dà mais profundidade e pode jogar na area) a rodar movimentos com andre silva no centro( prefiro o avançado que se move). Os suplentes da frente sao todos bons ( corona,otavio e Soares!!)

  7. Curioso que o feitiço se voltou contra o feiticeiro, o Marítimo a empatar de pontapé de canto, não tendo do meu ponto de vista uma organização ofensiva muito forte,para alem de que ao meu ver falta alguma qualidade aos jogadores da frente do Marítimo , é uma equipa muito forte nas bolas paradas tal como o FCP, e por ironia do destino o FCP provou do seu próprio veneno.

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