As avaliações fechadas. Treinadores em formação.

O treinador é como um director de uma orquestra em permanente formação. Nada do que aprende é definitivo, mas sim volátil e em permanente mutação. É alguém que independentemente do nível a que esteja tem de auto reciclar-se permanentemente sem que exista um livro mágico que indique a rota exacta.

O treinador aprende a ver e a pensar, a observar e a reflexionar. Aprende experimentando.

A tendência usual é crer que um treinador que atinja a elite deve ser alguém completamente formado, no entanto a realidade é outra. Os treinadores que vencem não o fazem porque estão totalmente formados. Ganham apesar do muito que ainda têm para aprender. E a maioria deles aprenderam e melhoraram depois de ganhar.

Hoje que Zidane voltou a ganhar dizem que por fim aprendeu conceitos tácticos para altos voos. Claro que sim! Precisamente nele reside o seu principal mérito. Aprendeu os ditos conceitos, quis aprendê-los!

Martí Perarnau

Há pouco mais de uma semana aqui, referenciava precisamente o mesmo.

“Uma larga maioria das pessoas tem determinada imagem de um treinador e do seu modelo, e parte do princípio que tudo será sempre igual. Sérgio Conceição porque mesmo desde os tempos de jogador tinha um perfil de uma pessoa mais “intempestiva” fica com a mesma imagem associada para a sua carreira de treinador. Com o seu modelo, sucede o mesmo.

Porém, tal não é necessariamente verdade. Bem pelo contrário. A cada contexto, a cada nova experiência, mesmo os treinadores que até então foram bem sucedidos, reinventam-se. Não há treinadores que sejam fechados. Mesmo os que mais se aproximam desse perfil, como Jorge Jesus, por exemplo, também mudam pequenos pormenores. Em suma, pretender olhar para o que fazia qualquer treinador há dois ou três anos atrás e partir do princípio que fará exactamente o mesmo, é algo sem qualquer sentido, exceptuando uma minoria de casos. Não haverá treinadores que não se questionem, que não mudem conceitos e ideias de trabalho para trabalho, de contexto para contexto. Mesmo que o que é geral seja menos passível de ser alterado.

No Nantes, depois de uma pequena paragem que terá permitido inúmeras reflexões, surgiu em 442. Com um modelo diferente dos experimentados até então. E essa é uma prova de que também no caso de Sérgio Conceição não se pode falar de um treinador de evolução fechada.”

No futebol, já nem as regras do jogo parecem ser fechadas. E por mais que por determinado estilo se possa tentar prever o tipo de jogo que determinado treinador traga para o seu novo projecto, tal é sempre imprevisível. Porque o que determina o modelo é sempre a qualidade individual que se tem ao dispor. E o treinador do Lourosa caindo em Camp Nou, seguramente que não levaria para Barcelona o modelo da distrital de Aveiro.

Sobre Rodrigo Castro 219 artigos
Rodrigo Castro, um dos fundadores do Lateral Esquerdo. Licenciado em Ed física e desporto, com especialização em treino de desportos colectivos, pôs graduação em reabilitação cardíaca e em marketing do desporto, em Portugal com percurso ligado ao ensino básico e secundario, treino de futsal, futebol e basquetebol, experiência como director técnico de uma Academia. Desde 2013 em Londres onde desempenhou as funções de personal trainer ligado à reabilitação e rendimento de atletas. Treinador UEFA A.

4 Comentários

  1. Sugiro que expliquem isto tudo ao vosso colega que escreveu recentemente para o Record sobre o Real do Zidane.
    É que aparentemente ele tem opiniões muito fechadas e definitivas sobre tudo relacionado com estes aspetos.

    • O que se diz para fora é o que deve ser ouvido… não significa absolutamente nada… foi apenas uma demonstração para fora de … “estou pronto!”

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