O resultado que Portugal precisava

Na partida de ontem, nada poderia ter corrido de melhor forma, se daqui se partir para tirar ilações.

O não arriscar. O esperar pelos penaltys. E o… perder.

Penaltys é competência, sim. Mas, porquê crer que há mais probabilidades de cair para o nosso lado do que para o do adversário? Mesmo sendo competência, a aleatoriedade é ainda maior que a normal do jogo. E não foi a primeira vez que esta selecção esperou pela sua fortuna, em jogos em que tinha qualidades suficientes para procurar ser protagonista. Ou mais protagonista.

Não é vergonha alguma cair perante o campeão Sul Americano. Porém, está na altura de se entender que aproximar do sucesso não é esperar a sorte. E sobretudo que há uma geração de miúdos talentosos que podem já hoje acrescentar e contribuir bastante mais do que alguns dos nossos heróis de 2016.

A saída de cena de Éder não espelha nada. O avançado, teve o seu / nosso momento de glória, mas nunca foi um peso pesado na equipa. Ganhou o seu lugar no coração e na história do futebol português. Mas, há opções com mais qualidade que o avançado que está agora de partida do Lille. Avançado que nunca teve peso num contexto de balneário, diga-se.

Para se construir o futuro, quando for hora de tomar decisões, que Fernando Santos olhe para o grupo dos mais antigos não como os heróis de França, mas como os que não conseguiram a final da Confederações.

Portugal estará eternamente grato a todos eles. Todavia, não se pode mais ignorar Bernardo, Nélson Semedo ou Gélson Martins, que são tão superiores a outras opções iniciais, que chega a ser criminoso a pouca confiança que vão merecendo. E tantos que estão agora a sair da equipa que disputou o Europeu de sub21.

A derrota que Portugal precisava, chegou pois no dia de ontem. Para que se possa cortar com o passado recente. Mesmo que tenha sido em 2016 que a selecção festejou a sua maior conquista internacional.

Sobre Rodrigo Castro 219 artigos
Rodrigo Castro, um dos fundadores do Lateral Esquerdo. Licenciado em Ed física e desporto, com especialização em treino de desportos colectivos, pôs graduação em reabilitação cardíaca e em marketing do desporto, em Portugal com percurso ligado ao ensino básico e secundario, treino de futsal, futebol e basquetebol, experiência como director técnico de uma Academia. Desde 2013 em Londres onde desempenhou as funções de personal trainer ligado à reabilitação e rendimento de atletas. Treinador UEFA A.

15 Comentários

  1. Grande texto. Se é verdade que Fernando Santos foi mestre em fazer muito com pouco em 2016, disfarçando fragilidades e apresentando um futebol algo especulativo, mas que funcionou, neste momento temos matéria prima para muito mais! A selecção tem de começar a assumir o jogo pois começa a ter jogadores para tal (e a sorte não nos acompanhará para sempre). Resta saber se terá treinador à altura…

  2. era escusado era manter aquela teimosia em substituições que pioram a equipa. andre silva por nani e bernardo por quaresma – defendemos muito pior, temos menos bola, menos controlo, menos pressão sobre o adversário e ficamos limitados a transições e com o jogo partido e um buraco no miolo.

  3. Não acho que o Fernando Santos vá fazer essa tão precisa limpeza de balneário (espero estar enganado). Esteve muito bem quando iniciou o percurso na seleção e durante certo tempo não olhou a “estatutos” mas penso que já desenvolvi deixou acomodar. E pelas palavras que disse ontem, algo do género, estes vilões foram heróis nem à 1 ano, está a crer que nada vai mudar tão rapidamente como seria preciso.

  4. Sinceramente, acho que não vai acontecer agora, que estamos a meio de uma qualificação. Devia ter sido feito antes desta ter começado.
    Não entendo B.Alves, Eliseu,Quaresma e até Nani ou Moutinho. E Beto apenas pq foi solução em cima do joelho. E a desculpa das competições Subxxx não pega. Veja-se a Alemanha…

  5. Bom dia,

    Bom texto Rodrigo, estou totalmente de acordo.

    Ainda ontem abordava este assunto com um amigo meu treinador, um dia destes os 4 centrais saiem de cena e depois ficas com 4 novos centrais todos com menos de 10 internacionalizações A.

    Isto é um disparate autêntico, eu sei que não temos a mesma qualidade neste momento, mas tem que ser agora que o futuro tem que ser integrado na veterania, começar a chamá-los, a integrar nas rotinas.

    E o mesmo é válido para as outras posições, mas no caso dos centrais a coisa está mesmo a ficar alarmante.

    E, já agora, jogar um bocadinho mais, quando se tem jogadores como Bernardo, Ronaldo, J. Mário, William, Gelson, etc… Temos que ter a bola, temos que QUERER ter a bola.

    Gostava de partilhar da tua esperança de que esta derrota agite os espíritos, mas, francamente, não me parece.

    Um abraço,

  6. Lá está, dedo do treinador haverá sempre, para o bem e para o mal, mas o dedo do F. Santos é assim um bocado pesado. Para não dizer fechado. Para não dizer estreito. Para não dizer míope. Para não dizer chato. Portanto, para tanta gente de valor mantém-se sempre o Quaresma, o Cédric Charutos, o Barcas Alves e o Barcas Fontes, o Eliseu, o Moutinho e outras camadas de gente que andam ali só para não incomodar muito. Ah mas espera eles entram sempre para ganhar! E mostrar muitos dentes! E gritar muito com os árbitros! E cantam o hino em alta voz! E são corajosos porque têm sangue lusitano! Urra! (Foda-se que palhaçada.)

  7. Esses 3 realmente são escandalosos.
    Não se entende. Ou melhor, com o passado entende-se. O ano passado o Rafa andava em forma brutal e raramente jogava (selecção).

    Eu percebo que os treinadores gostem do “núcleo duro” e percebo que isso também pode toldar a visão, pois parece que deverá ter dívida de gratidão. Mas há-que saber quando romper (mas acredito que não seja fácil).

  8. Com F.Santos não acontecerá. Imune à pressão…infelizmente neste caso. Pressão que será sempre menor, tendo em conta aquele acontecimento altamente improvável em 2016. A unica esperança, seria um murro na mesa de C.Ronaldo, frustrado com a forma como a equipa joga. Também não acontecerá, pela relação de respeito que existe (provavelmente, quando sairmos na fase de grupos de 2018, lá soltará de novo um “perguntem ao Fernando”)

    Os resultados foram aqueles, mas numa analise probabilistica, nem em tempos de Paulo Bento, estivemos tão longe de poder alcançar as ultimas fases de uma grande competição…

  9. Ter medo de assumir um jogo enerva-me. Começamos a taça com “o onze do medo” e com as substituições acabamos a taça com “o onze do medo”. As fezadas… E os heróis…

  10. Realmente um grande medo de colocar os melhores e o futuro a jogar.
    O núcleo duro devem ser os melhores.
    Patrício (mau com os pés)
    Nélson Semedo, Semedo, Neto, Guerreiro
    William, Pizzi
    Bernardo
    Gelson, A Silva, Ronaldo

    Alguns a ter em conta:
    Varela, Sá, Pedro Rodrigues, Podence, Medeiros, Sanches, Bruma…
    Necessitamos de renovação e já.

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