Como Jesus pretende surpreender na Liga

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Jorge Jesus é o maior influenciador do ponto de vista táctico, das Ligas profissionais e não profissionais em Portugal na última década.

Da “celeuma” provocada pela forma pouco simpática como se referiu ao sistema “433” que era utilizado por todas as equipas da Liga, à excepção da sua, a uma alteração profunda do ponto de vista táctico na realidade nacional, que acabou na última temporada não só por consagrar o “442” como sistema preferencial de uma larga maioria, mas sobretudo por trazer também alguns comportamentos tácticos em todos os momentos e fases, que em tempos só eram observados neste cantinho à beira mar plantado, nas suas equipas, foi um “instantinho”.

Também por esse crescimento de todos, o impacto de Jesus no campo de jogo foi-se esbatendo, e o treinador do Sporting, sentiu-o como nunca na temporada finda. Inteligente como poucos, prepara-se para voltar a descolar?

Há demasiado à frente do seu tempo, estará Jorge Jesus a preparar uma nova revolução táctica que procure surpreender novamente todos os seus adversários?

No amigável no Algarve, terminou o Sporting a partida com algumas alterações ao modelo habitual dos últimos anos de Jorge Jesus. Alterações que trouxeram um Sporting mais aprazível e mais perigoso, mesmo que as principais escolhas já tivessem sido substituídas. Alterações que pela sincronização de movimentos e posicionamentos, percebeu-se estar a ser preparada como uma possibilidade bem real para um modelo diferente.

A utilização de três centrais que tanto impacto teve na última temporada (final da Taça de Inglaterra e da Alemanha, jogada por quatro equipas assim preparadas), sobretudo pela visibilidade que Chelsea, Juventus e Dortmund lhe trouxeram, está a ser preparado no laboratório do Mister Jesus.

Em Organização Ofensiva, com um terceiro médio a posicionar-se mais profundo entre linhas, um ponta de lança (será Dost) que se vê ladeado pelo terceiro médio e pelo segundo avançado (também posicionado no corredor central, entre linhas), com largura máxima a ser ofertada pelos dois laterais / alas. Dois médios nas costas dos avançados adversários, servindo para ligar o jogo entre os três centrais, e os cinco jogadores mencionados anteriormente. Muitas linhas de passe a proporcionarem chegada com bola à muita gente posicionada entre sectores adversários. Tudo enquanto a largura máxima dos laterais serve como pontos de apoio para manter a posse e fazer mover a equipa adversária.

Em Organização Defensiva, dois momentos para fases diferentes bem definidos. A pressão sobre a construção adversária, com um 3x4x3 (3 centrais, dois alas + dois médios, o terceiro médio e os dois avançados), que por deixar mais baixos somente três elementos é feita com mais jogadores, e aumenta dificuldade do adversário em conseguir sair com bola no chão para o ataque, e o regresso ao 442 quando a bola entra nas zonas mais adiantadas. O ala do lado da bola integra sector médio, com central do lado da bola a tornar-se lateral, e ala do lado oposto, a integrar a linha defensiva. O terceiro médio, posiciona-se como ala. E na frente os dois avançados.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

14 Comentários

  1. Bom dia,

    Desde que vi o Sporting contra o Dortmund que tinha ficado com a sensação de que ele ia mudar para o esquema com três defesas,penso que o comentei algures por aqui.

    Gosto deste esquema, sendo bem executado, consegues colocar mais gente em organização ofensiva e mais gente na pressão após perda de bola.

    Vamos ver 🙂

    Um abraço,

  2. Acham que mantendo Gelson, e tendo em conta o interesse, ao que parece forte, em mais dois extremos (Acuna e Pitty), JJ opte por um sistema em que os alas são laterais ofensivos?

    Vêm jogadores como os referidos a jogarem a 3o médio/2o avançado neste modelo?

  3. Mathieu veio sobretudo para poder encaixar nesse modelo como central. Tendo em conta que todo o mundo agora joga em 4-4-2 por cá pode ser uma boa forma de ultrapassar dificuldades, criando na maior parte dos momentos superioridade numérica (que era uma das fragilidades do 4-4-2 clássico de JJ). Curioso para ver como crescem os dois do meio campo com este sistema.

  4. Esse sistema vai ser sempre alternativo e nunca a principal formação:
    -Não tem muitos centrais fortes com bola e neste sistema é quase imprescindível.
    -A construção da equipa não está a ser feita para este sistema. Os alas ou seriam extremos ou laterais? Alguém vê o Gelson a jogar a ala? Eu não.
    -Lembrem-se do exemplo da Juve quando joga neste sistema (2 avançados) e não de clubes como o Chelsea que só joga com 1 avançado e dois extremos.
    -Tentem construir um 11 com este sistema e vejam no que dará (têm de ter em conta os jogadores e as características que têm ou que acreditem ter).

  5. É bem apanhado e alguns jornais noticiaram que o Edgar Ié era pretendido pelo Sporting porque o treinador teria dito que seria uma boa solução para jogar com três defesas. Veremos para onde evolui.

  6. “Há demasiado à frente do seu tempo, estará Jorge Jesus a preparar uma nova revolução táctica…”…fiquei preocupado quando li isto, mas vá lá, continuando a ler o texto apercebi-me que afinal o Homem não ia “outra vez” descobrir a pólvora, mas….”A utilização de três centrais que tanto impacto teve na última temporada (final da Taça de Inglaterra e da Alemanha, jogada por quatro equipas assim preparadas), sobretudo pela visibilidade que Chelsea, Juventus e Dortmund lhe trouxeram”…uff respirei de alivio, afinal não tinha sido ele a inventar a pólvora, afinal o homem é como todos os outros, um comum mortal, um treinador ladrão de ideias, como todos deveriam ser porque a roda já foi inventada há muito tempo, mas JJ nunca chegará mais além, porque as suas qualidades são contrárias às dos grandes lideres….como diz Imanol Ibarrondo:

    “Se trata de construir un equipo que merezca alcanzar resultados extraordinarios, más allá del talento de los jugadores, que es muy elevado en muchos de ellos”.

    “Cuando hablamos de crear un “Equipo”, buscamos alcanzar resultados extraordinarios, trascender, dejar un legado”.

    “El concepto de líder plenipotenciario, visionario, que todo lo sabe, ya no es útil, si es que existe. Ese liderazgo no sirve en un mundo en constante cambio y con tanta información“.

    ….isto é só uma opinião pessoal, não creio que um bom líder tenha a arrogância e a pouca humildade que o JJ tem…o futebol é cada vez mais dos jogadores, e por isso começasse a ver uma mudança pragmática até nas escolha do perfil dos jogadores, inteligência e técnica no topo da pirâmide, mas sempre em prol de um jogo que para ganhar a única coisa que vale é o colectivo….opiniões….
    …adorei a Juventus e o Chelsea o Ano Passado, mas também adorei a recta final do 442 do Real Madrid, com um meio campo sem “extremos” (se é que isto ainda existe….

  7. Há muito que gostava de ver o Benfica a jogar neste sistema alternativo e penso que teria equipa para isso.

    – Luisão como central do meio, Jardel e Lizandro são fortes na construção e rápidos para fazer a lateral.
    – Grimaldo e Nelson como alas (Salvio e Cervi também são fortes defensivamente, poderiam fazer as alas).
    – Fejsa como médio defensivo também poderia juntar ao trio de centrais em caso de descompensação.
    Pizzi poderia jogar como 2º ou 3º médio. Pedro Rodrigues poderia ser um bom 2º médio já que não é tão forte defensivamente mas estaria salvaguardado por Fejsa e 3 centrais. João Carvalho e Krovinovic poderiam ser 3º médios, podendo estar mais focados em tarefas defensivas por jogarem num meio-campo a 3.
    – Na frente as combinações são várias, desde usar Rafa e Jimenez para ataque mais móvel, a usar Mitroglou e Jonas à semelhança deste ano.

  8. Rui, Mathieu, Petrovic, Coates, Gelson e Coentrao, Battaglia, B.Fernandes, Podence, Doumbia e Dost???

    Possibilidade para a liga portuguesa e dar cabo dessas organizações defensivas??

  9. Alterações no plantel e no sistema de jogo, usando um que necessita de muita coordenação. Não serão alterações a mais para gerir?

  10. Sinceramente era algo pelo qual esperava época após época. Não que não haja inovação em alunas rotinas, quer a defender quer a atacar, mas o sistema em si não é novo para o treinador. Se nos relembrarmos como subiu em 2 ou três anos de forma consecutiva o amora (e não só aí), nessa altura já jogava assim. Esperar para ver, se começar a correr bem penso que será o sistema preferencial.

  11. A análise é muito boa.
    Sempre achei que o JJ devia ponderar ter um terceiro homem a meio campo.
    Não me ocorreu foi a mudança para 3 centrais.
    Vamos ver..

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