Um jogo de probabilidades.

O treinador do Desportivo das Aves, Fernando Valente, fotografa com o telemóvel a sua equipa momentos antes do jogo da 1.ª mão do play-off de manutenção na I Liga contra o Paços de Ferreira, em Vila da Aves, 16 de maio de 2014. JOSÉ COELHO/LUSA

A combinação dos defesas com os médios é uma boa decisão. Demasiados defesas obrigam a bater um pontapé na frente, e nove em cada dez bolas dessas passam por cima dos avançados e acabam nos pés da equipa adversária

Ersnest Needham, capitão do Sheffield em 1901! Retirado do The Tactical Room

Porquê a organização ofensiva com saídas apoiadas desde trás?

Não somente por estilo, mas por eficiência. Por uma questão de probabilidades. Naturalmente que tudo dependerá sempre do contexto. Da forma como pressiona o adversário, do tipo de jogadores que tens, e sobretudo da forma como se trabalha para receber.

Porém, aproximar do golo é decidir bem a cada momento. Jogar com probabilidades.

Não probabilidades que tragam a notoriedade mas com as que aproximam a equipa do sucesso. Para se chegar com maior perigo à frente, quem lá receberá a bola, tem de a receber “redonda”. Mais fácil de controlar, e de enquadrar. Receber no corredor central, obriga adversário a juntar e dar espaço fora. Se não o faz, há espaço para se poder ser mais rápido (ruptura) até à baliza adversária. Sair por fora, torna mais fácil ao adversário encurralar, porque de um dos lados… não há campo!

E a cada instante há decisões a tomar. Umas aproximarão mais a equipa do golo do que outras. Ser melhor e mais eficiente é decidir bem. É escolher a melhor opção. O colega no melhor espaço. Fazer-lhe chegar a bola da melhor maneira. E para chegar da melhor maneira e ao melhor espaço, quantas vezes é necessário atrair oposição para usar o espaço que se libertou? Realizar determinadas acções para provocar outras no adversário. Jogar com o adversário, enganando-o.

O futebol está muito longe de ser um jogo de correria e intensidade física. Bem jogado, é um jogo do cérebro. De inteligência. De engodo. E naturalmente que muitas vezes é saber quando usar as capacidades condicionais para fazer a diferença. Mas não as ter como centro de um jogar ou de uma ideia.

Quando um treinador defende um determinado estilo, que nunca se pense que o faz em primeira instância por questões “estéticas”. Sair apoiado, não porque é bonito. Mas porque quem o defende, acredita ser um estilo resultadista! Trata-se de jogar com probabilidades! De tomar melhores decisões, de seguir os caminhos mais seguros que nos garantirão bola mais redonda no último terço e já com desequilíbrios provocados desde a rectaguarda.

Ainda que esteja longe de ser as questões “estéticas” o motor. Não se ignore que só ter toda a gente a tocar na bola, e muitas vezes, poderá contribuir para um valorizar das individualidades. E quão importante é nos dias de hoje rentabilizar financeiramente os activos?

 

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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