A estatística que tenta explicar o jogo. Lisandro.

Em Fevereiro passado escrevia aqui

sobre a estatística que tenta explicar o jogo, e o quão perniciosa esta pode ser. Hoje importa recordar algumas afirmações, com o exemplo por video do que se afirmava.

Poderão os números explicar o jogo? Poderão os números avaliar a exibição individual de um qualquer jogador?

Nem por sombras. Nos dias de hoje em que as equipas são autênticos colectivos que se devem mover em conjunto e que o jogo não é mais o somar de características e funções diferentes de cada jogador, numa era em que todos devem participar em todos os momentos, há duas variáveis que definem todo um rendimento.

Posicionamento e Tomada de decisão / acção.

Como se avalia estatisticamente um mau posicionamento?

Lisandro, é tido como o melhor central do Benfica para tantos quantos os que tentam perceber o jogo pela estatística. Porque somará muitos desarmes e vencerá muitos duelos, entre outras variáveis. Mas como se avaliará estatisticamente o seu posicionamento? Recorde o golo do empate do Moreirense na Taça da Liga, e a distância a que estava de Jardel, e a altura a que estava de Ederson com bola tão próxima? Não poderá o mau posicionamento ser a causa de posteriormente se ter de intervir mais? Mau controlo da profundidade, bola nas costas e lá vai em sprint resolver o lance e ganhar pontos na avaliação individual. Bom posicionamento da profundidade e o passe não sai, nem intervém. Jogo menos conseguido.

Com bola nos pés, a situação não é diferente. Porque um passe certo poderá ter um valor muito reduzido e ser uma má decisão que afasta a equipa da vitória. Caso extremo. Imagine o portador da bola com um colega sem oposição pronto para seguir para a baliza isolado, e a optar por um passe para outro colega. Terá sido um passe correcto. Terá contribuído estatisticamente para um bom jogo. Porém, uma decisão péssima! Que penalizou a equipa e que deveria baixar a sua “nota”! Um passe que chega ao destino poderá não ser um bom passe. Como se pode analisar por números um exibição ignorando o que é mais importante em cada acção. Que é naturalmente a decisão que traz por trás.

O jogo é demasiado complexo e só analisando cada acção ao milímetro só poderá perceber se um passe certo é de facto um passe certo. De que adianta um médio defensivo que baixa para a linha do centrais na construção, ficar só a tocar com os centrais, aumentando a sua “nota”. Que mais valia será isso, comparando com outro que soma menos passes mas colocou mais vezes a bola entre os sectores adversários, porque o seu passe vertical rompeu primeira linha adversária?

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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

10 Comentários

  1. O estranho é que é assim desde que chegou e continua a somar minutos… Já se sabe que quando ele joga haverão grandes cortes e grandes falhas defensivas, tudo com influência dele.

  2. O que acham do reyes? Nunca fui grande fã mas tenho gostado dele nos últimos tempos. Acho que na primeira fase de construcao seria um grande upgrade relativamente aos outros dois centrais

  3. Quando vi o lance, vi logo que vinha parar aqui. É incrível, um jogador com a capacidade física, técnica (começou como avançado!) e a sua mais valia nos lances ofensivos de bola parada, serem desperdiçadas por uma constante má tomada de decisão, quer a defender quer a sair a jogar, onde hoje foi um desastre. Se for a avaliar pela pré-época (e porque Kalaica não jogou na Emirates, portanto a minha leitura é de que irá continuar na B), diria que Rúben está mais preparado do que Lisandro, e neste momento já será o 3º central, na minha opinião. Incrível como um jogador com a idade do argentino, e com largos anos de Europa, não consegue tirar o lugar a defesas trintões e cronicamente lesionados, e é ultrapassado facilmente na hierarquia por miúdos da B (não desmerecendo Lindelof e Rúben, claro, principalmente o primeiro que já tem créditos mais que firmados). A liderar a defesa ou com Jardel ao lado, Lisandro é um desastre. Ao lado do Luisão, é quando faz melhores jogos, e joga mais facilmente pela esquerda, enquanto Ruben joga mais à direita, pelo que Rui Vitória poderá estar mais inclinado a considerá-lo o 3º central, mas para mim não o é.

  4. Meh, ó Pedro, acho que deverias relativizar essas merdices tipo goalpoint e do género. Isso é tudo muito bonito mas maior parte é construído com base em situações de eficácia da acção e não no benefício que gera à equipa. Eu por norma ligo pouco a esse tipo de artefactos.

  5. Afinal não sou só eu que acha que o Lisandro não tem qualidade… e nem sequer analiso ao pormenor, como vocês…

  6. Gabo a paciência. Os Lisandristas serão Lisandristas tão certos que certos estão, que nunca verão nada para lá do facto de toda a equipa não perceber o génio do seu Deus Lisandro…

  7. Se a ciência não explica a realidade sabemos que é ciência que está errada e não a realidade.

    Mas deitar fora todo conhecimento apreendido até então porque uma nova equação não é resolúvel pelo conhecimento adquirido é condenarmos-nos ao retrocesso civilizacional.

    A estatística pode ajudar na análise da performance dos jogadores de futebol, tal como ajuda noutros desportos. Pode ser mais difícil que noutras modalidades mas, com a maturação dos mecanismos de análise, pode ajudar e muito à análise, compreensão e estudo do jogo. Por alguma razão se aposta tanto nesta área nos departamentos de futebol.

    Negar isto é negar conhecimento e, a prazo, será como tentar passar a vida com a mão atada atrás das costas. É possível, mas muito mais dificil.

    • mas há algum mecanismo que nos poe o Real perante a Razão sem perdas? Isto é, algum sujeito pode garantir que o que entende por Real não está inquinado por falhas na intuição ou intelecção?

      “Se a Ciência não explica a Realidade (tal como a podemos apreender), como é que sabemos que é a Ciência que está errada e não a Realidade que escapa ao nosso entendimento?”

    • Mas acho que ninguém aqui nega a estatística como ferramenta útil. Simplesmente a estatística precisa de um cérebro acoplado que a possa traduzir.

      Eu tanto posso pregar um prego numa tábua com um martelo como com uma chave inglesa, como com o cabo de uma chave de fendas. Mas desses três objectos há um que me vai permitir ser mais eficaz no acto de “pregar o prego”.

      O que normalmente se passa com um algoritmo estatístico destes sites é que, para não serem apenas frequentados por malta que faz da bola profissão, tenta arranjar uma forma de avaliar os jogadores face às suas características individuais. O que essa nota não consegue traduzir é a importância dessas partes para o sucesso do colectivo. No fundo são uma espécie de FM em tempo real: para a estatística aquele cartão amarelo que o “Costinha” levou no meio campo é negativo porque enfraquece o jogador. Para a equipa foi fundamental porque evitou um contra-ataque muito perigoso…

      No fundo, como o Álvaro de Campos dizia «O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo. / O que há é pouca gente para dar por isso.».

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