Passei uma tarde de Domingo diferente. Numa experiência que me foi proporcionada pelo Maldini, tive a oportunidade de ver dois jogos, de quatro equipas de formação, sendo que duas delas são de grande reputação.
Aquilo vem sendo defendido por aqui, ao nível do treino de crianças, é verdadeiramente uma necessidade emergente. Isto porque, no passado, éramos todos brindados com a obsessão pelo físico. O desenvolvimento dessas qualidades era o essencial no treino. Hoje, voltámos a errar relativamente ao treino de jovens. A prioridade deixou de ser física, para que, desde cedo, se tente desenvolver qualidades “tácticas” que se enquadrem num modelo de jogo. Deixou-se de inundar os miúdos com barreiras, para que sejam afogados com quadros tácticos.
Nas idades daquelas crianças (10 anos), o pensamento táctico é absolutamente castrador do desenvolvimento de qualidades individuais, que lhes vão ser úteis no futuro. Sem falar dos esquemas mentais demasiados complexos, a que os treinadores sujeitam as crianças. Sendo que nem todos apresentam o mesmo grau de desenvolvimento, o foco deverá ser o adquirir de qualidades técnicas, sobretudo. E isso pode, e deve, ser conseguido com jogo/s.
O objectivo, nesta fase de desenvolvimento, é que os miúdos se transformem em monstros técnicos. Capazes de executar, com perfeição, todos os skills do jogo. Relação perfeita com a bola. Sendo que são eles que devem descobrir o jogo, através de tentativa-erro. Sucesso, insucesso. O treinador guia, e cria o contexto: 1×1, 2×1, 2×2, 3×2, 3×3, etc. O jogador descobre a solução, repete, aperfeiçoa.
Amarrar os miúdos a esquemas rígidos, e a padronização de comportamentos, é o que mais castra a criatividade dos jovens jogadores. Ele deve ter liberdade para agir, e descobrir por si a solução mais eficaz em cada contexto. E depois de errar, ele irá perceber que não foi o melhor caminho. Errando sistematicamente, poderá dar-se o caso do treinador ser mais interventivo. Mas não no sentido de castrar o jogador da sua autonomia. Mas sim na criação do contexto de exercitação certo para que a dificuldade apareça, e o jogador encontre o caminho do sucesso por repetição sistemática.
Feedbacks do tipo, baixa o bloco, o Mdef só joga a um toque, cruzamentos é sempre ao segundo poste, depois da bola entrar no lateral para onde segue?, varia o flanco, são, à meu ver, errados para seniores, quanto mais para os que estão a aprender e descobrir o jogo. Para mim, o foco do treinador, ao nível do feedback, deverá estar sempre ligado à necessidade de ajudar o jogador a descortinar a situação em que está envolvido. Não em dar-lhe a solução, mas em ajuda-lo a entender o contexto. De modos, a que eu usaria estratégias simples, no treino e no jogo como: 1×1, João. 3×2. 1×2, tens polícia, tas só , etc.
On-Topic Daniel Alves, fantástico!
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