Rui Vitória não gosta de passes laterais

Confirma-se assim a preferência do presidente pelo seu nome entre os que estiveram em cima da mesa. Um dos pontos basilares do seu modelo assenta no facto de pedir aos seus jogadores para não fazerem passes laterais. Diz que podem passar para frente, para trás, em diagonal, mas para o lado não. Acrescenta ainda que quer que todos os jogadores devem ser fortes na reacção à perda de bola, e combativos nos duelos individuais.
Sistema de jogo no momento ofensivo 1x4x3x3
Sistema de jogo no momento defensivo 1x4x4x2
Linha defensiva – Tenta organizar-se por referências zonais. Defende bem a largura. Defende relativamente bem a profundidade. Quando a bola entra na área a referência passa a ser individual.
No pormenor percebe-se que a linha defensiva não é muito agressiva no cumprimento dos posicionamentos, nos ajustes, e que não é muito agressiva a sair na bola (centrais principalmente). Quando existe possibilidade de cruzamentos central afasta da cobertura e tenta fechar a baliza. Aí percebe-se a pouca agressividade dos extremos ou médios em surgir na cobertura ao lateral, e a indefinição dos espaços a ocupar no caso de o central ser obrigado a sair na contenção, criando por vezes um espaço enorme entre os dois centrais.
Linha Média e Linha Avançada no momento defensivo – Um dos médios é responsável por pressionar o central do lado contrário, ficando com dois homens na linha da frente. Os restantes colocam-se em cobertura aos espaços. Os médios fecham bem do lado da bola, excepto o ala do lado contrário que por vezes fica muito afastado dos restantes colegas. Não foram nunca extremamente agressivos na pressão.
No pormenor percebe-se que quando os médios são ultrapassados mostram alguma inércia para recuperar as posições, e voltar a entrar em tarefa defensiva.
Transição defensiva – Demonstra a intenção pressionar rapidamente assim que perde. Mas sem a rede apoios bem trabalhada do ponto de vista ofensivo, torna-se difícil que os jogadores tenham sucesso nesse comportamento, por isso alguns optam por não o fazer. Se a bola entra para defender com poucos organiza-se para defender a baliza em contenção e cobertura, mas no momento certo os centrais não mostram a agressividade para sair na bola evitando assim a possibilidade de um remate à entrada da área. Nota-se também aí a inércia para alguns elementos recuperarem posições.
Transição ofensiva – Se tiver possibilidade de sair rápido para o ataque, ainda que recupere em zonas recuadas, sai. Se não, tenta segurar para depois sair em organização. Nas duas possibilidades mostra critério, bola no pé até encontrar o momento ideal para colocar no espaço.
Construção – Tanto sai pelo corredor lateral como pelo corredor central. Tenta ter critério com bola. Procura tanto extremos e laterais como médios, e algumas vezes avançado na profundidade. Quando os centrais têm a bola, apenas lateral do lado da bola fica projectado contrastando com o movimento do extremo que baixa para pegar. Quando a bola entra no lateral, extremo em profundidade, avançado baixa para tocar médio do lado da bola em apoio interior, trinco em cobertura. Se a bola entra nos médios centro, procura a profundidade nos 3 corredores. Se a bola entra nos extremos, uma cobertura e restantes na profundidade.
Criação – Procura trabalhar todos os lances para terminarem no corredor lateral. Aí procura combinar, acções individuais, e cruzamentos. Mas a esmagadora maioria dos lances segue para os corredores laterais, normalmente para cruzamento.
Bolas paradas defensivas – Zona no primeiro poste (3 homens – dois no primeiro poste e um mais na zona central), restantes HxH.
Aguardaremos para perceber como se comportará colectivamente num grande, e que formas irá adoptar na organização das suas peças para cumprir com os princípios que propõe. Esperamos também com ansiedade para perceber se será brindado com a qualidade individual que os seus antecessores tiveram no primeiro ano de trabalho.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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