Havia plano, Quique?

white corner field line on artificial green grass of soccer field

18 de Dezembro. Estádio da Luz. 19.45h. SL Benfica sobe ao relvado com Moreira, Maxi Pereira, M.Victor, Sidnei, D.Luiz, F.Bastos, Yebda, Bynia, Urretaviscaya, N.Gomes e Cardozo, para defrontar o Metalist, 2ndo classificado da liga da Ucrânia, sabendo que precisa de vencer por oito golos de diferença.

Bom plano de jogo, penso. Quique não pára de surpreender pela positiva. Demonstra não ser hipócrita. Percebe que a tarefa é impossível, e não expõe os principais jogadores ao insucesso (mesmo uma vitória extraordinária seria sempre um insucesso, uma vez que a Comunicação Social foi alimentando a possibilidade de se vencer por oito). Além de que, não arrisca possíveis lesões, num jogo que face às contigências, se havia tornado num mero formalismo. Cumprir de calendário.

Aproveita o jogo para o voltar à competição da promessa Di Maria, e dá minutos a vários jovens, sedentos por evoluir e por se darem a conhecer.

Tudo perfeito.

A partida decorre de forma natural, até que, um pouco contra a corrente do que havia sido o jogo, o Metalist marca e vence o jogo.

Percebo a frustação dos adeptos, mas não entendo as declarações de Quique.

Para além dum plano de jogo, é necessário haver também um plano para as declarações. Quique tentou “abanar a casa” no único momento da época em que não o deveria ter feito. Naquele momento, criticar era demasiado fácil. Praticamente só jogaram miudos, que por certo, têm uma participação muito pouco crítica e activa no balneário do Benfica. Se o próprio Quique percebe que é altura de dar minutos a um jovem com idade júnior, e a vários que estão no seu primeiro ou 2ndo ano de séniores, não me parece admissível que opte pelo discurso de choque e de ruptura no fim de tal jogo.

Não pode, por um lado, colocar os mais valiosos e mais bem pagos de fora (e que no fundo, foram mais responsáveis pela hecatombe nas provas europeias, do que os jovens) e por outro, exigir rendimento a jogadores em pleno processo de evolução e maturação individual (para além de colectiva).

Por momentos fez lembrar aquele que foi o planeamento da época do Benfica 07 / 08. Trocaram-se homens (Simão, Miccoli e Karagounis) por miúdos (Adu, Di Maria e Coentrão), e depois exigiu-se sucesso, a quem não o poderia dar.

Quem tem de dar a cara pelos insucessos, para além de Quique Flores, terá de ser sempre os Reyes, Suazos, Aimares, Katsouranis, Luisões e Nuno Gomes do Benfica. Nunca os miúdos. Será curioso observar o próximo discurso de ruptura e a quem o mesmo se dirigirá, para perceber um pouco mais sobre a liderança de Quique Flores.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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