O caminho certo, por Paulo Bento

white corner field line on artificial green grass of soccer field

Alguns dados. Em 25 jogos oficiais, o Sporting não sofreu golos em 17. Notável. Dos 8 jogos em que consentiu golos, 2 foram contra o Barcelona, 2 contra o FC Porto e outro contra o Benfica. Excluíndo os jogos contra equipas dotadas de grandes individualidades no sector ofensivo, em 20 jogos, somente 3 equipas marcaram ao Sporting. O Trofense, de penalty. O Estrela da Amadora, num pontapé de recarga, e o Leixões, num remate de fora da área.

É comum afirmar-se, que as defesas ganham campeonatos e que estes são ganhos nos jogos contra os ditos “pequenos”. O Sporting, não possuindo, em termos individuais, argumentos do nível dos rivais (até no sector defensivo!), começa a surgir como o principal candidato ao troféu mais desejado.

Mérito de Paulo Bento. Óbvio.

A equipa pode continuar a não transmitir a intensidade ofensiva que leva os adeptos a jogo. Essa mesmo ausência de chama, de imprevisibilidade parece ter conduzido os adeptos a uma crise de militância, quiçá, sem precedente no clube de Alvalade.

Indiferente a tudo isso, Paulo Bento, percebe que mais importante que ter os estádios cheios, é ganhar. Dotou a sua equipa de uma organização absolutamente fantástica. O Sporting parece ser, cada vez mais, uma equipa equilibrada em todas as fases do jogo. Nunca se expõe demasiado. Não é susceptível aos contra-ataques adversários, precisamente porque a sua organização, priveligiando os equilibrios, precavê, em todos os momentos, eventuais perdas da posse de bola. Contar o número de remates feitos à baliza de Rui Patricio, é sempe um exercício de fácil execução. O guarda redes leonino raras vezes é chamado a intervir.

O treinador do Sporting, identificou o caminho certo. Em Março ou Abril, também os adeptos terão essa percepção. Quem sabe, Alvalade não voltará a estar composto? Pelo menos, enquanto houver Liedson…
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

4 Comentários

  1. Boas

    É a primeira vez que comento neste blog, que já venho seguindo desde de algum tempo e com interesse crescente. Parece ser um blog de futebol e não de futebolices. Os meus parabéns.
    Relativamente ao sporting e a este post, sem duvida a força do sporting reside no seu equilibrio táctico. Fecha muito bem o meio, alterna as zonas de pressão de acordo com as equipas que defronta e o tipo de jogos (fora, casa, a eliminar ou não, etc), tem segurança de passe, toda a equipa tem funções defensivas e ofensivas bem definidas, tem uma boa velocidade de transição defesa-ataque. No fundo, é uma equipa muito bem organizada e mecanizada. No entanto, tem algumas limitações. Desde logo criatividade. Neste esquema, todos os jogadores precisam de saber defender bem e muitas vezes jogadores de claro pendor ofensivo (falo no meio campo especialmente) são muito debeis nesse capitulo (vide romagnoli). Assim, p.bento prefere jogadores tipo moutinho, izmailov ou até pereirinha, que dão rigor à equipa mas, apesar de serem jogadores com capacidade técnica, velocidade e intensidade, acabam por ter dificuldades quando a equipa adversária baiza as linhas e reduz os espaços. Assim, com pouco espaço para desenvolver não existe aquele génio que permite em pouco espaço levar u lance para uma possivel jogada de conclusão e a bola volta para trás. Daí, durante muito tempo, romagnoli ter sido opção, ele tem esse génio, apesar de muito irregular, até dentro do prórpio jogo. Outro jogador que tem essas caracteristicas é vuck e por isso nos ultimos jogos a opção apara pivot ofensivo do meio campo ter sido joão moutinho e não romagnoli (com vcuk e roma na mesma equipa, a equipa tornava-se mais criativa mas muito desequilibrada defensivamente e isso bento não quer). Outra lacuna que este sporting tem são os laterais. Mas aqui a culpa não é do sistema, é das caracteristicas dos jogadores. Lembro-me de uma fase do sporting, julgo na segunda época de bento e na segunda metade dessa época, que o sporting marcava sempre muito cedo e apresentou talvez o melhor futebol com bento no comando. Nessa altura, os laterais criavam muitos problemas às equipas contrarias. Na altura os laterias eram Abel (em melhor forma) e tello (o melhor lateral esquerdo da era bento). Laterais muito consistentes na defesa e empreendedores no ataque (tello deveria ser o melhor jogador a cruzar ma primeira liga nessa altura). Neste esuqema losango, a acção dos laterais é muito importante. Deverão ser sempre eles a criar os maiores desiquilibrios, aproveitando o espaço que deixado pelas movimentações dos alas, sempre com tendencia a vir para o meio. Nessa fase que referi, isso era feito muito bem, ofensivamente o sporting criava muito perigo. Hoje nem por isso porque os laterais não são tão fortes. Abel está algo distante dessa forma (nomeadamente fisicamente), Grimi é o mais equilibrado, mas decide muitas vezes mal, pedro silva é tecnicamente evoluido mas tacticamente inculto, ronny muito pouco dinamico para o profissionalismo a este nivel e caneira é defesa, com tudo o que isso encerra. Um jogador que julgo que poderia ser trabalhado para desempenhar essa função e julgo que o faria com sucesso é pereirinha. É bom no plan o táctico, é rapido, tanto no arranque com em “velocidade de ponta”, boa capacidade técnica, é inteligente na marcação e no desarme e recupera bem. Perde na estatura e no plano fisico, mas frente a equipas mais pequenas, seria uma forte hipotese para lateral.
    Se mantiver este registo defensivo, sem duvida que o sporting é um muito forte candidato ao titulo. Se entretanto paulo bento conseguir acrescentar ainda uma maior dinamica ofensiva e conseguir desequilibrar a equipa sem desequilibrar a estrutura (vide barcelona, com as devidas distãncias, claro…), dificilmente não vencerá.

    Saudações

  2. Estou de acordo com os méritos de Paulo Bento como treinador – aliás, isso ficou muito claro para mim na primeira época e há muito que digo que terá sucesso, mesmo que tal não seja no Sporting. Tem uma boa leitura de jogo – vê-se na forma como analisa os problemas da equipa após os jogos – e é muito pragmático, respeitando o jogo e aquele que é o seu objectivo, ganhar.

    Sobre o Sporting, não sei se será o mais forte candidato nesta altura, mas tem seguramente a fórmula de vitórias que mais regularmente rende títulos – como referes.

    Acrescento 2 notas sobre este modelo.

    – A única coisa que creio que aponto é o facto da equipa ter muito receio em subir a sua linha defensiva para pressionar mais alto. Isto é em grande parte devido a Polga que é o líder do sector e tem muitas dificuldades de recuperação. Isto impede que o Sporting pressione mais alto e dificulta a transição ofensiva. Ainda assim, com Moutinho a 10 a equipa ganha outra capacidade neste aspecto porque é um jogador muito forte no pressing e passa a estar a jogar mais adiantado.

    – Tal como foi referido no primeiro comentário, o losango requer, normalmente laterais ofensivos. Um dos aspectos mais curiosos no modelo de PB é o facto de ser uma excepção. Houve períodos em que o Sporting conseguia ser forte mesmo jogando com Caneira e Abel nas laterais. Isto acontece porque existe uma grande mobilidade dos médios e avançados que, mesmo partindo de posições centrais, conseguem dar muita largura ao jogo. Essa mobilidade encontrou a melhor expressão no melhor período de Romagnoli e ainda com Nani como interior.

    Abraço

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