O Sporting de José Peseiro

white corner field line on artificial green grass of soccer field

Tal como o Benfica de Fernando Santos, o Sporting de Peseiro poderá não perdurar na história como uma equipa vencedora. Porém, jamais será esquecido.

Poderá José Peseiro, que acabou escurraçado de Alvalade, e que é tido pela generalidade dos adeptos, independentemente das cores clubísticas como um problema, e nunca uma solução, ter sido vitima de uma tremenda injustiça?

Apesar do indesmentível excelente futebol proporcionado pelo Sporting da época, os criticos garantem haver uma dicotomia. Jogar bem, em oposição ao vencer. Tal permissa, falsa quanto judas, foi sempre a principal forma de inferiorizar a qualidade do trabalho de Peseiro.

Contudo, é importante perceber, que no futebol, jogando-se melhor, está-se sempre mais próximo de vencer. Ainda que em determinados momentos possa não acontecer.

Na vertente táctica, a falta de equilibrio que por vezes a equipa exibia, foi sempre um dos principais defeitos no modelo de jogo adoptado. Em cada minuto, em cada ataque, parecia não haver meio termo. Ou marca ou sofre. Se por um lado, os pressupostos ofensivos inerentes a tais ideias permitiram aos adeptos leoninos, festejar, só no campeonato nacional, mais 27 golos que o FC Porto. Sim, 27. Por outro, terminar a Liga apenas como a 8a melhor defesa da prova, foi uma “proeza” quase impensável para um candidato ao titulo.

Peseiro sai com a imagem de um fraco perfil de liderança, fruto de diversos episódios absolutamente lamentáveis com alguns importantes jogadores.

Tão importantes quanto ingratos. Claro. Muitos, se tiveram oportunidade de disputar uma final europeia, a Peseiro devem agradecer.

Não acrescentou troféus às vitrines de Alvalade. Certo. No entanto, se questionarem qualquer adepto leonino, sobre a melhor memória das últimas décadas, Alkmaar, com Peseiro ao leme, por certo, jamais será esquecido. Não valerá tal memória bem mais que uma qualquer Taça da Liga ou Supertaça?

Na mente de Peseiro, três lances, que definem uma época inteira, perdurarão eternamente como “SES”.

– E se Liedson não comete, nos últimos momentos do jogo que antecedeu a visita á luz, o (estranho) disparate de pontapear, propositadamente, uma bola para longe? Disparate esse, que lhe valeu a ausência no mais decisivo jogo do campeonato. Mas, que por outro lado, lhe permitiu estar um pouco mais disponível físicamente para a final da Taça Uefa…;

– E se Ricardo, a 6 minutos do fim da partida na Luz, na penúltima jornada do campeonato e com o Sporting em 1º lugar, tem decidido socar a bola?;

– E se a bola rematada por Rodrigo Tello, 20 segundos antes do 3º golo do CSKA, após bater nos dois postes de Akinfeev, nobre guardião Russo, tem entrado na baliza?

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

1 Comentário

  1. Estamos mais uma vez em sintonia. E mais uma vez em clara oposição às ideias generalizadas. Peseiro, como Santos, vê o seu nome na blogosfera ser alvo de chacota, ridicularização e raiva. Porquê? Difícil de perceber. Ou simples: os adeptos de futebol não gostam, dizem eles, de “frouxos”. Mesmo que competentes, mesmo que conhecedores do jogo, mesmo que colocando as suas equipas a jogar futebol. Para o adepto típico, interessa é que o treinador “tenha pulso”, seja capaz de “gritar do banco”, ponha os “gajos a suarem as estopinhas”. Mesmo que a equipa saiba tanto de futebol e organização colectiva como eu sei do cultivo da batata no Burkina Faso. É por isso que o Camacho faz parte dos sonhos mais eróticos de grande parte dos benfiquistas.

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