
“Pensa-se que ao se reduzir a complexidade do jogo no treino se está a tornar as coisas mais fáceis. Estamos apenas a criar condições de sucesso ao jogador somente em trenio! Ao fazê-lo depois não se encontra qualquer transferibilidade para o jogo. Por exemplo, há dez anos, o Eusébio era treinador de guarda redes do Silvino no Benfica. O Eusébio colocava a bola à entrada da área e rematava com o intuito de treinar o guarda redes. O problema é que o Silvino não conseguia treinar porque as bolas entravam todas na baliza. Ele simplesmente não treinava porque os remates eram descontextualizados daquilo que é o jogo. Quando trabalho a finalização dos meus jogadores, coloco-lhes oposição, porque é isso que acontece no jogo. Ou seja, antes de rematar, os meus jogadores tiveram adversários pela frente.”
“A minha descoberta guiada não tem tanto que ver com o perceber mas sim com o sentir. Ou seja, com o que eles sentem em determinado tipo de situação ou de movimentação. Eu pergunto-lhes o que eles sentem a nível de experimentação… vamos experimentar e sentir a nível posicional… estou apoiado… a nível mental não tenho medo de errar porque isto está coberto… é daqui que partimos, executamos em treino e recebo o feedback que me permite mudar de acordo com isso. Tenho essa elasticidade, que é ter a capacidade de promover alterações dentro do próprio exercício em função daquilo que me dizem. Se entender, pelo que me dizem, que o exercício não está adequado à situação, altero-o logo ali na altura. às vezes,, ao fim de três minutos, já introduzi uma nova regra no exercício de forma a adaptá-lo àquilo que os jogadores estão a sentir. No fundo, isto é a operacionalização da descoberta guiada.”
Em “Liderança. As lições de Mourinho”, por Luís Lourenço e Fernando Ilharco.
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