Yebda. Entrou para marcar Ronaldinho.

white corner field line on artificial green grass of soccer field

A frase é de um tal de Sobral. Cronista de Desporto no Correio da Manhã.

Não se sabe, exactamente, a formação dos cronistas desportivos de tal jornal. Uma certeza, porém. Habilitação para falar do jogo de futebol, zero.

A generalidade dos adeptos, crê que os jogos são somas de duelas individuais e que o vencedor, é, por norma, a equipa que mais duelos individuais venceu no jogo. Tal premissa, enganadora, é comum, porque na realidade, vários, ainda são, os treinadores que assim pensam. Cronistas, serão, porventura, todos.

Ainda que seja pouco crível que estas palavras cheguem a quem de direito, é importante informar o tal Sobral (para que não continue a enganar, ainda que por ignorância, os leitores) que nas equipas de Jorge Jesus, jamais alguém entrará em campo, para marcar quem quer que seja.

Posto isto, explicar de forma bastante sucinta, a zona defensiva do SL Benfica (não no seu todo. Somente na ligação entre quarteto defensivo e trinco. Seja Javi Garcia, seja Yebda).

Na sua mente, Jorge Jesus, pretende sempre, ter um minimo de 5 jogadores (esquecendo o guarda redes) numa linha mais recuada no campo, em relação à bola. O quarteto defensivo e o trinco. Uma linha de 4 jogadores alinhada na horizonal (nem sempre paralela à linha de fundo) e alguém à frente da dita linha defensiva, na contenção, pressionando o portador da bola.

A dinâmica, quando a bola está próxima da área encarnada, é a seguinte. Ao adversário com bola, sai quem está mais próximo. Em função de quem saiu, o trinco deverá ajustar a sua posição, por forma a garantir uma linha, sempre, de 4 jogadores. O quinto elemento, é quem pressiona o portador da bola.

Exemplo simples. Imagine que o avançado adversário recua no campo de jogo e recebe a bola numa zona em que o jogador mais próximo do SL Benfica é Luisão. Será Luisão a ir pressiona-lo, e a Javi Garcia, caberá recuar uns metros no campo, por forma a juntar-se à linha defensiva (sempre de 4 jogadores. Independentemente de ser formada pelos 4 defesas originais. Lá está. O trinco equilibra a equipa, porque se posiciona em função da bola e dos seus colegas. Não por correr 13 kms, tão pouco por ser demasiado viril).

P.S.- Fizeram história os dois neurónios de Jaime Pacheco. Fosse ele o único, dentro da indústria, sem que dela, nada perceba…

P.S. II – Como pode esta gente, avaliar a prestação dos futebolistas, se não comprendem, sequer, o jogo, e as tarefas que os jogadores estão incubidos de cumprir? Percebe agora, porque, Pablo Aimar, provavelmente, o jogador mais inteligente da Liga, garante não ler nos jornais, nada sobre futebol?

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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

14 Comentários

  1. Concordo com a crítica aos cronistas desportivos, mas discordo da interpretação da zona que fazes. Aliás, não sei se estás certo em relação ao que o Jesus pede ao trinco, pois ainda não me apercebi se isso acontece, ou se é a ideia de zona do Jesus que não é consentânea com aquilo que considero ideal. Mas esse comportamento, reocupar o lugar deixado vago pela saída de um colega ao portador da bola, perfazendo a linha de 4, choca com a minha concepção de defesa à zona. Uma defesa à zona perfeita não implica haver zonas sempre preenchidas. Não é necessário que haja sempre 4 defesas, 1 trinco, três médios e dois avançados. E a saída de um elemento não implica a ocupação do espaço por outro elemento. Isto porque não há, propriamente, zonas. Existe, isso sim, um colectivo que deve estar o mais unido possível. Assim, por exemplo, se o lateral sair ao portador da bola, não faz sentido haver reocupação do seu lugar. O que deverá acontecer é o central fazer a cobertura ao lateral, basculando para esse lado, o outro central bascular também, cobrindo o primeiro central, e o lateral vir para dentro. O trinco não deve abandonar a sua linha, descendo para manter a linha defensiva, mas sim bascular com o resto da equipa de modo a tornar o espaço perto da bola mais pequeno. Mas não deve descer no terreno. Deve manter-se à frente da defesa.

  2. O cenário q descreves, acontece mtas vezes.

    Outras (em q a bola esta no corredor lateral), é o interior que faz a cobertura.

    Depende, essencialmente, da rapidez a q o adversário chegou aquela situação.

    Se foi em contra-ataque, é seguro q o posicionamento defensivo, com a bola no corredor lateral, é como descreveste

  3. "Não é necessário que haja sempre 4 defesas, 1 trinco, três médios e dois avançados. E a saída de um elemento não implica a ocupação do espaço por outro elemento. Isto porque não há, propriamente, zonas." Concordo. Vai depender muito de cada situação, se se trata de uma situação de contenção em que a outra equipa está em ataque organizado com muitos jogadores ou se, por exemplo é uma situação de contra-golpe. O número de jogadores em modo defensivo previsivelmente será menor caso estejamos a sofrer um contra-ataque, agora a intenção é não cair em inferioridade numérica, ou pelo menos posicional. Depois a acção dos defensores dependerá sempre da leitura que a situação proporcionar. Xavi tem estado neste aspecto inatacável. O jogo do Milan foi disso um paradigma. Para o site maisfutebol, Xavi esteve a marcar (homem-a-homem) o Pilro (by the way, what a player!), tsc, tsc…

  4. Daí que haja agora muita gente a criticar Yebda, por não perceber que o que se lhe pede agora é diferente do que se lhe pedia antes. Yebda, passa a ter de fazer agora um papel muito mais exigente tácticamente, sendo mais o 3º central que o 1º médio – tem de ser constantemente uma sombra com influência no jogo. E para isso é lhe exigido uma capacidade de leitura do jogo que ainda não tem, mas como tudo, pode aprender. Como Xavi sabe e tem feito. Bem, muito bem. Yebda está ainda a adaptar-se a este novo papel. Não me parece que Jesus queira prescindir dele. Caso Xavi se lesionasse, quem mais tería?

    Xavi tem-se mostrado uma contratação e pêras. Mesmo continuando a achar exagerados os 7M, a cada jogo que passa, vai justificando esse valor. Tem sido importantíssimo no jogo da equipa.

    "Epá, o Aimar, o Aimar é velho e vem acabar a carreira no Benfica, para a reforma dourada."

  5. isso é algo q n existe na nomenclatura do futebol. Foi invenção desse tipo. Provavelmente, referia-se a um passe para um jogador no apoio (alguém mais recuado no campo e de frente para o jogo)…

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