A estranhíssima contratação de Cristiano por Paulo Sérgio, ou apenas o admitir que é incapaz de lá ir pelo incrementar das qualidades colectivas das suas equipas.

white corner field line on artificial green grass of soccer field
“Tomadas de decisão. O futebol como um jogo de probabilidades.
Num momento em que o jogo é do ponto de vista técnico e físico, cada vez mais equilibrado (longe vão os tempos em que só os grandes clubes treinavam), as tomadas de decisão surgem como um dos traços mais decisivos no jogo moderno.
Por tomadas de decisão, deve entender-se, as opções que cada jogador toma a cada momento (com ou sem bola). Para onde deslocar? A que velocidade o fazer? Que espaço ocupar? Para onde desmarcar? Quando soltar a bola? e para onde? Quando progredir com a bola?
Cada situação de jogo tem uma forma mais eficiente de ser resolvida. Tal não significa que optando pelo pior caminho, se estará sempre condenado ao insucesso. Tão pouco que, optando bem, se será sempre bem sucedido. Significa somente que, optando bem, está-se sempre mais próximo de ser bem sucedido.
Exemplo simples. Numa situação de 2×1, o portador da bola deve progredir com a bola no pé, no sentido da baliza, soltando a bola, no timing correcto (bem próximo do defesa), para que a bola saia para as costas do defesa. O passe deve ser efectuado para o espaço (e não para o pé do colega, por forma a que este não trave a corrida). Ou seja, de uma situação de 2×1, pretende-se passar para uma de 1×0.
Se em dez situações de 2×1, o portador da bola (no momento inicial, antes do passe), for capaz de as resolver dessa forma, provavelmente a sua equipa fará 8,9 golos, ainda que nenhum marcado por si (uma vez que acabará por fazer o passe para o colega de equipa).
Se na mesma situação, o portador da bola optar por driblar o defesa, e mesmo partindo do princípio que os seus traços individuais são bastante bons, provavelmente, em dez lances, marca 4,5 golos.
Os jogos em que, optando mal, se chega ao golo, são óptimos. Porém, em termos globais, a equipa sai prejudicada. Os 5 golos marcados dão notoriedade aos olhos do comum adepto. Mas, não são o que de melhor poderia ter dado à equipa.
Quem toma as melhores decisões a cada momento, tem a sua equipa, sempre mais próxima do objectivo (marcar, não sofrer, ganhar). Mesmo que não obtenha tanta notoriedade.
A situação descrita é uma situação de finalização, por ser de mais fácil compreensão. Porém, é importante perceber-se que as decisões se aplicam em todas as situações do jogo. Por mais banais que lhe pareçam. É que, para se chegar a uma situação de finalização, há todo um trabalho prévio, tão importante quanto o último momento (que nunca surge, quando a fase que antecede a finalização não é eficiente).
Numa equipa desorganizada, talvez seja interessante ter jogadores que, jogando só para si, sejam capazes de, tempos a tempos, criar algo. Num colectivo que se pretende forte, tal não faz sentido.
Já consegue perceber porque o mais talentoso jogador do Paços de Ferreira (Cristiano) deixou de ser, assim tão importante, para o seu treinador?”
O texto é de Outubro de 2009
Das duas uma. Ou Paulo Sérgio crê que Cristiano é agora um jogador diferente, ou já desistiu de construir um modelo de jogo assente em pressupostos colectivos. A ideia agora deve ser meter os malucos (mas, rápidos e habilidosos) todos em simultâneo, à espera que os golos caiam do céu (leia-se, de jogadas individuais).
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

4 Comentários

  1. Sem critica ao teu comentário, só uma questão.
    Explica-me porque é que uma situação de 2×1 tem mais probabilidade de sucesso, se resolvida com um passe?
    Eu sei que foi só um exemplo e percebo o que queres dizer, mas acho que não foi o mais feliz..
    Isto porque não sei que tipo de situação falas, existem variadas formas de 2×1, dependendo do espaço que tens da zona do campo que se ocupa, das acções anteriores, etc.
    Mais uma vez, percebo onde queres chegar, mas acho que da forma que foi referido, foi um mau exemplo.

    Abraço..

  2. Esta contratação do Sporting é inacreditável… Se ao menos houvesse falta de jogadores com estas características oriundos das escolas do Sporting. É o Paulo Sérgio a querer ser um novo Quique Flores, 6 defesas e 4 criativos que se desenrasquem.

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