Adivinha quem voltou

white corner field line on artificial green grass of soccer field

E foi, novamente, nos momentos defensivos que o Sporting voltou a demonstrar alguns períodos de excelência.
Exactamente como na partida anterior, a defesa bem subida e o campo bem curto permitiu somar um número considerável de recuperações de bola, muitas das quais ainda no meio campo ofensivo. Esse foi, indubitavelmente, o principal catalizador para a percentagem avassaladora de posse de bola que se verificava ao intervalo. Não esquecendo, todavia, a importância que o critério e a capacidade de passe de Schaars e Rinaudo tiveram na preservação da mesma.
Jogar tão alto tem necessariamente riscos. Relembre o golo de Del Piero, e mais uma ou outra bola bem colocada entre as costas da linha defensiva do Sporting. É, todavia, um risco claramente compensatório. Mesmo nos dias de menor inspiração (e há que realçar que com bola, o Sporting ainda não entusiasma), jogar tão próximo da baliza adversária catapultará a equipa para o golo. Mais bola, significará mais livres, mais cantos, mais remates, e seguramente que mais golos. Se pensar no quão frágil é a qualidade da Liga portuguesa, ainda mais compensatório o risco parecerá. Não será nada fácil em Portugal, ter muitas equipas a conseguir coordenar bons passes longos, com boas desmarcações nas costas da defesa leonina.
Claramente que este é o caminho. Obviamente que há ajustes a fazer. É importante obrigar o adversário a bater o pontapé de baliza longo, e há que ser mais pressionante sobre a bola quando esta está no lateral adversário (uma saída que se revelará ser relativamente fácil para colocar a bola nas costas da equipa do Sporting, passará por fazer a bola chegar a um lateral, que aproveitará a desmarcação do avançado adversário, através dum movimento horizontal deste, ao longo da linha defensiva, nunca caindo em fora de jogo, mas beneficiando de já se mover a uma velocidade considerável para chegar primeiro à bola quando esta for colocada nas costas da defesa. Exemplo. Bola no central adversário, enquanto este faz o passe na direcção do defesa direito, o avançado percorre em corrida o caminho que vai desde o central direito (Carriço?) ao central esquerdo (Oniewu?). Se o lateral não for suficientemente apertado, e revelar-se capaz, não será difícil colocar a bola nas costas entre o espaço do central e o lateral esquerdo leonino, onde aparecerá o colega já em passada rápida, contrastando com a posição mais fixa e expectável dos defesas).
Destaques individuais.
Rinaudo. Excelente surpresa o argentino. Não só é forte e agressivo como tantos outros trincos, como sabe passar a bola, e mover-se para criar apoios para a saída desta. A nível individual é um dos grandes responsáveis pelo domínio que o Sporting vem exercendo sobre os adversários.
Schaars. Uma espécie de Hugo Viana do Braga de Domingos. Muito assertivo e capaz no passe e no trabalho para receber a bola. Menos criativo que o formado em alvalade, mas mais presente no jogo. Schaars não se esconde e não tem medo de mostrar disponibilidade para receber a bola, mesmo que apertado. Pelo seu critério em posse, tal como Rinaudo é determinante para a elevada percentagem de posse que o Sporting vem almejando.
Yannick. Muito difícil emitir opinião sobre Djaló. Quando menos se espera, aparece. De facto, ser mexido e aparecer é algo que não se lhe pode negar. A sua inconstância e incapacidade para aparecer qualitativamente de forma regular, mesmo que numa visão mais colectiva, será um entrave à entrada no onze. É que ninguém saberá qual será o dia “Sim” de Yannick. Difícil confiar num jogador assim.
Onyewu. Não se percebe o rol de críticas a que foi sujeito durante a transmissão televisiva do jogo. Talvez Luís Freitas Lobo o conheça como ninguém, e tenha partido com uma ideia pré-concebida, que possívelmente até se poderá tornar real. No jogo da última madrugada, porém, nada se pode apontar ao central americano. A falta de agilidade é tão latente, quanto comum em atletas da sua fisionomia, a cada início de época. Tal não significa que não seja algo alterável.
Ricky. Novamente o reforço em menor destaque. Muito possívelmente, porque Domingos ainda estará a tratar dos momentos defensivos (e que diferença se nota nesses mesmos momentos!). Não será fácil manter o lugar no onze, com a chegada de Bojinov e até Matías. A rever.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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