“Kléber voltou a agitar, a driblar, a partir para cima dos adversários…”
“Pontos Negativos. Algum egoísmo”. Frases de Matilde Rocha Dias, no diário Correio da Manhã.
Mesmo não sabendo exactamente em que realidade paralela habitam determinados jornalistas, não parece que inventar situações inexistentes deva ser o caminho para qualquer crónica. Mesmo que de um jornal cuja secção desportiva não prime especialmente pela sua credibilidade.
Ao longo dos setenta e dois minutos em campo, Kléber não deu nunca mais de três toques consecutivos na bola. Em cerca de noventa por cento das suas intervenções libertou a bola após dois toques (um para receber, outro para passar). Na única vez que recorreu ao drible, tal verificou-se por manifesta falta de opções. Recebeu, no meio de três uruguaios e sem qualquer opção de passe, desviou de um e sofreu falta. Mesmo nesse lance, usou apenas dois toques para definir a jogada.
Talvez o Correio da Manhã tenha definições diferentes para o “driblar”, “ir para cima dos adversários” e especialmente “egoísmo”. Da última vez que no planeta terra se definiu a palavra “egoísmo” seguramente que esta não estaria associada a mais de noventa por cento das opções tomadas por Kléber. Quer com bola, onde após a recepção, passou sempre a bola aos colegas. Quer sem bola, onde se desmarcou mais vezes em apoios, em movimentos de aproximação ao portador da bola, que aquelas em que procurou a profundidade, para beneficiar, ele próprio, de possíveis situações de finalização.
Provavelmente a caríssima Matilde, autora de tão brilhante crónica, não viu sequer o jogo. E honestamente, que o jornal beneficiaria imenso em abdicar de inventar disparates. O mais injusto de tudo, é que demasiados leitores que não puderam seguir o jogo, serão enganados.
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