Carlos, o futebol mudou tanto…

white corner field line on artificial green grass of soccer field
“Desde os tempos de Enakharire que o Sporting não tinha um central de marcação tão forte.” Carlos Xavier.
Evoluiu imenso o jogo em Portugal, particularmente nas melhores equipas. Carlos Xavier, tal como milhentos outros não sabem, mas nem o Sporting, nem equipa nenhuma de topo na Europa precisam de ter um central forte de marcação. Especialmente se pensarmos que nenhuma equipa de topo joga, na actualidade, com o bem antigo método de um central a marcar e um líbero para as compensações. As referências defensivas são na actualidade os colegas e a bola. Joga-se com central direito e central esquerdo, e qualquer um pode “pegar” no avançado adversário, dependendo da zona onde o tal avançado cai para receber a bola.
É por isso que visualizar o video de um exercício de treino de Domingos que corre o youtube, cujo principal objectivo identificável é a aprendizagem do posicionamento defensivo, em função da bola, e dos próprios colegas, uma vez que não há sequer oposição no tal exercício, fará imensa confusão aos mais “antigos”.
Se Rodriguez chegou ao Sporting, tal não tem minimamente nada a ver com a relação que dentro do relvado estabelece com os adversários. Antes, com os restantes colegas.
“Rinaudo encaixa bem. O Sporting precisava de alguém que pensasse o jogo desde a saída do Moutinho.” Carlos Xavier.
Na verdade, não é só o Sporting que precisa de jogadores que pensem o jogo. Todas as equipas precisam. Contudo, ao contrário do que é crença geral, e particular de Carlos Xavier, não pode ser um jogador específico a fazê-lo. Terão de ser os onze. O tradicional jogador que baixava para receber a bola e progredia com ela em direcção ao meio campo, e à baliza adversária já não existe. Hoje, são precisos onze a pensar o jogo. E pensar o jogo, faz-se muito mais sem bola. É quem não a tem, que tem de trabalhar para que esta vá progredindo. Há que perceber e realizar desmarcações, por forma a garantir sempre várias opções ao portador da bola (triângulos ao seu redor, para que este possa ter linhas de passe à direita e à esquerda, tornando o seu jogo imprevisível). Mais que nunca importa realmente pensar o jogo. Mas, quem tem a bola chega até a ser dos menos responsáveis por isso. Aquele jogo de dez jogadores parados, ou nove, com o décimo a procurar desmarcar-se nas costas da defesa adversária enquanto somente um progride com a bola, e procura ele próprio inventar algo, já não existe.
O futebol mudou de sobremaneira. O Barcelona é o expoente máximo de tal afirmação. Porém, e mesmo que de forma bem menos competente que a da Catalunha, todas as outras equipas de nível o percebem.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*