Ponto prévio. Mérito a quem o tem. O Valência apresentou um futebol arrasador, mereceu inteiramente a dilatada vantagem. O resultado é desmoralizador, mas pode até ser importante. Quando se perde, procura-se com maior afinco perceber o que falhou.
Por não ser verdade, é impossível afirmar-se que uma diferença tão grande de uma equipa para a outra fosse expectável. Há, porém, alguns sinais de que ainda há muito para trabalhar. E esses mesmos sinais, foram até aqui sugeridos em tempo de vitórias.
Entre muitos elogios, haviamos também referido algumas lacunas, possívelmente não tão preocupantes quando estivermos de volta à realidade da primeira liga. Preocupantes, contudo, se percebermos que este será possívelmente um campeonato que se resolverá no detalhe.
“Obviamente que há ajustes a fazer. É importante obrigar o adversário a bater o pontapé de baliza longo, e há que ser mais pressionante sobre a bola quando esta está no lateral adversário (uma saída que se revelará ser relativamente fácil para colocar a bola nas costas da equipa do Sporting, passará por fazer a bola chegar a um lateral, que aproveitará a desmarcação do avançado adversário, através dum movimento horizontal deste, ao longo da linha defensiva, nunca caindo em fora de jogo, mas beneficiando de já se mover a uma velocidade considerável para chegar primeiro à bola quando esta for colocada nas costas da defesa. Exemplo. Bola no central adversário, enquanto este faz o passe na direcção do defesa direito, o avançado percorre em corrida o caminho que vai desde o central direito (Carriço?) ao central esquerdo (Oniewu?). Se o lateral não for suficientemente apertado, e revelar-se capaz, não será difícil colocar a bola nas costas entre o espaço do central e o lateral esquerdo leonino, onde aparecerá o colega já em passada rápida, contrastando com a posição mais fixa e expectável dos defesas).” Retirado daqui.
Haviamos sugerido uma possível forma de contornar muito facilmente o posicionamento alto do Sporting. Equipas como o Valência, por jogarem numa Liga em que semana após semana, defrontam adversários habituados a usar a armadilha do fora de jogo, têm um sem número de “truques” e combinações ofensivas para o fazer.
E o Sporting falhou rotundamente por dois pontos.
a) A pressão sobre o portador da bola. Na primeira parte, os defesas do Valência tiveram sempre tempo para poder levantar a cabeça e decidir com assertividade. Tal como mencionado no texto anterior, para defender ali, é obrigatório que o adversário saia em pontapé longo. Se não o faz, e se não se é suficientemente rápido a cair sobre o lateral (muitas vezes no caso do Valência, sobre o central, uma vez que à semelhança de tantas outras equipas, os centrais abrem bem nos corredores laterais, e é um dos médios que baixa para a posição de central), há que mudar posicionamentos. O que nos leva para o segundo ponto a ser corrigido.
b) O mais importante para quem defende à zona, é perceber a distância que a linha defensiva deve ter para a bola. Tal como nos jogos anteriores, quer a bola estivesse na marca de pontapé de baliza, ou no defesa lateral adversário, sensivelmente a meio do meio campo ofensivo do Sporting, a linha defensiva posicionava-se exactamente na mesma zona do campo. Há todo um jogo posicional do quarteto defensivo, que ainda não é feito. Exemplo. Bola no lateral adversário, não tem ninguém à sua frente, a defesa tem de descer. O lateral passa para o corredor central, onde quem recebe a bola é apertado. Defesa sobe. Bola volta a alguém sem oposição, mesmo que a meio do meio campo defensivo, defesa baixa. Falamos de deslocamentos de 4,5,6 metros. Mas, absolutamente decisivos se se pretende interceptar a bola, ou obrigar a que o passe longo, seja o suficientemente longo para cair no raio de acção do guarda redes.
Do ponto de vista ofensivo, já haviamos referido. O Sporting (ainda) não entusiasma. Cremos que, possivelmente, Domingos no seu processo de treino, ainda nem se terá preocupado em demasia com isso. Porque individualmente ainda faltam aqueles que prometem ser os melhores recursos do Sporting (Capel, Bojinov, Matias, e possivelmente outra contratação), quem está não demonstra muita capacidade. Deficit de creatividade, genialidade e essencialmente de definição dos lances, que será seguramente disfarçada quando o entrosamento for outro.
Demasiadas vezes, é nas derrotas que se torna mais fácil perceber, e corrigir o que está mal. O caminho é longo, mas promete estar a ser trilhado.
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