
Espanha vive o tiki taka catalão. Será, porventura, impossível de reproduzir com igual qualidade, mas as cópias prometem qualidade suficiente para enfrentar os desafios vindoiros.
A selecção espanhola no Mundial de Sub 20, caracteriza-se precisamente pela imensa técnica, e excelente capacidade de decisão de cada um dos seus intervenientes. Se a uma cultura táctica extraordinária, seja na ocupação do espaços, seja na forma como decidem o que fazer a cada momento com a bola, ou sem ela, na sua movimentação, aliarmos uma criatividade ímpar em determinados elementos, chegamos a uma das mais encantadoras equipas de futebol jovem de que há memória.
Os espanhois, numa perspectiva de campionite, poderão não ser bem sucedidos no imediato, poderão até nem conseguirem levar o ceptro para casa. Nestas idades, os traços físicos são decisivos como nunca. Todavia, arriscaria com enorme margem de segurança predizer que de todas as selecções em prova, aquela que terá mais jogadores com maior percentagem de sucesso no futebol sénior será indubitavelmente a de Espanha.
Referências individuais.
Marc Bartra. Defesa central e capitão da selecção, o catalão transpira classe. Sabe jogar e é o primeiro atacante da equipa. Posicionalmente culto e muito capaz na leitura que faz das diversas situações, é possível vê-lo a dobrar a preceito os colegas. Há imensos jogadores para ver. É, porém e à data, o central que demonstrou maior qualidade no torneio.
Recio. Habitual suplente, é um luxo de jogador o centrocampista que ocupou a posição de pivot defensivo no jogo com a Austrália. Técnica espantosa, como é apanágio nos médios daquela nacionalidade.
Oriol Romeu. O habitual titular na posição de Recio. E tal, só por si, já é garantia de qualidade. Autêntico líder em campo, tirar-lhe a bola não é tarefa possível. Sabe tudo sobre o jogo, é imponente fisicamente e claro, tem uma técnica aprazível. Seguramente que o futuro do jogo estará também nos pés do agora jogador de Villas Boas.
Sergio Canales. Passeia classe e criatividade. Descobre linhas de passe inimagináveis para o comum dos jogadores, e também sabe jogar simples quando assim se impõe. Um verdadeiro talento.
Isco. Traços bem próximos dos de Canales. Para além da criatividade e da imensa técnica, é de uma velocidade de execução extraordinária. Mais um dos que estará em breve no topo do mundo.
Koke e Sergi Roberto. Também centrocampistas de qualidade imensa. Talvez num patamar abaixo de Isco, Canales e Recio, somente porque a criatividade não parece tão acentuada. Sabem tudo sobre o jogo, ainda assim.
Daniel Pacheco. Não é comum assistirmos a raides dos extremos espanhois, e Pacheco não é excepção. Essencialmente, por à semelhança da equipa, preferir caminhos mais colectivos. Mas, porque é veloz e de drible fácil, também sabe ir para cima.
Rodrigo. Está longe de ter a classe de muitos dos seus colegas. É todavia, um avançado com caracteristicas extraordinárias para o tipo de jogo que a Espanha se propõe a fazer. É muito rápido e eficiente a explorar a profundidade nas costas das defesas adversárias, através de desmarcações de ruptura inteligentissimas, essencialmente movendo-se no espaço que vai de um central ao outro. Encaixará que nem uma luva, no recente esquema de Jesus, que contempla um único avançado.
P.S.- Todos os outros jogadores espanhois que não foram aqui mencionados, demonstraram também uma qualidade e maturidade bastante acima da média do torneio. Não foi tarefa fácil manter o texto curto.
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