Não pode ter outro nome, que não “parvoíce” a ideia que leva um treinador, na tentativa de ser uma equipa mais segura defensivamente a optar por jogadores deslocados da sua posição. Se se percebe que há que ser mais seguro defensivamente, então há que mudar posicionamentos. Não jogadores por outros, que depois acabam a ocupar o mesmo espaço.
Há que concordar com o onze inicial que Jesus fez subir ao relvado. Porém, nunca no sistema táctico apresentado. Se a ideia era ser mais seguro e mais capaz de controlar o espaço defensivo, Amorim tal como Witsel deveriam ter jogado como interiores, à frente de Javi Garcia.
Você crê realmente que se jogar com um guarda redes a ponta de lança, e com dois defesas centrais a extremos, fica mais seguro defensivamente? É claro que não. Interessa é o espaço que se ocupa. No golo do United valeu de alguma coisa ter Amorim a extremo direito? Pois não. Mas, e se lhe garantir que jogando a interior, Rúben seguramente que estaria, na situação em que o Manchester chega ao golo, no espaço que Giggs aproveita. Acredita? É que tal teria mesmo acontecido.
Se a ideia era jogar com dois extremos, Amorim nunca deveria ter subido ao relvado. O que se ganha em termos defensivos, por ter um médio centro, mesmo que muito culto tacticamente a ocupar uma posição de extremo é irrelevante. Porém, é demasiado gritante o que se perde em termos ofensivos. E não surpreende que a entrada de Nolito tenha coincidido com os melhores lances do Benfica no jogo da Liga dos Campeões.
Não foi a primeira vez que Amorim jogou com Jorge Jesus a extremo. Em Twente, depois da sua entrada em campo, para a posição de extremo, também correspondeu ao período em que os holandeses mais atacaram, tendo inclusive chegado ao golo do empate por aquele lado.
Reforçando. Jogar com atletas de características mais defensivas em espaços ofensivos é uma parvoíce. Pouco ou nada se ganha para o muito que se perde. Se há que defender melhor, então a ideia terá de ser mudar a ocupação do espaço defensivo. E não trocar as peças.
Há, também, boas novas. O problema posicional do Benfica, identificado neste espaço há um mês, parece corrigido. Felizmente para Jesus, demorou somente cerca de um mês, quarenta e cinco minutos, e um golo sofrido a ser corrigido.
“Houve um desposicionamento do Witsel numa saída do Javi” Jorge Jesus.
Parece que adivinhámos o golo. Era um problema premente que urgia ser resolvido. E se até à data o Benfica não tinha pago pelo mau posicionamento de Witsel quando Javi sai à bola, muito se deve ou à fraca qualidade dos adversários, ou à incapacidade que revelam para perceber os erros de Jesus.
Lance do golo do United.
Imagem da segunda parte do jogo.
P.S.- Supõe-se que Domingos com Schaars, tem tido exactamente o mesmo pensamento que levou Jorge Jesus a optar por Rúben Amorim numa posição mais ofensiva. Já Quique Flores levou um ano a tentar disfarçar um mau modelo defensivo, com peças defensivas em espaços que poderiam ser mais ofensivos.
P.S. – Enorme jogo do Benfica. A qualidade individual ao serviço de Jesus é uma maravilha. E se Jesus, se mostrar capaz de valorizar todos os adversários por igual, é o homem certo no lugar certo.
Deixe uma resposta