Era um adolescente quando em 1991 Portugal se sagrou bi campeão do Mundo de Juniores. Lembro-me de antes do torneio se iniciar de conhecer o nome das grandes figuras portuguesas. O Figo, o Peixe, o Gil, o Rui Bento, o Paulo Torres, o Toni e claro, o João Pinto.
Para além destes, havia por lá um miúdo magrinho no meio campo de quem eu nunca tinha ouvido falar. Jogava no Fafe, e talvez porque a informação não chegava tão rápido quanto hoje, eu nem fazia ideia que o miúdo tinha ligação ao Benfica. Ser um médio e jogar com o número cinco, também não ajudava, e na minha mente parecia mais que certo que o miúdo magrinho seria seguramente o elo mais fraco de tão grande constelação de estrelas.
Mas, depois vi-o jogar.
“Passes com sugestão”. Recordo um post relativamente recente no Centro de Jogo. Foi a melhor definição que encontrei até hoje para aqueles passes que aliam à qualidade técnica, uma tomada de decisão extraordinária. Aquele tipo de passe que indica o caminho. Que mesmo quando colocado no espaço como que pára no local exacto, à hora correcta.
Aqueles vinte minutos de ontem do outro miúdo magrinho valeram o bilhete. Detesto parecer fundamentalista, mas sei do que falo. Há vinte anos atrás, do alto da minha adolescência, não teria dado oportunidade a um dos melhores futebolistas que alguma vez vi jogar. Era magrinho e o seu nome não era (ainda) famoso.
Não matem o miúdo porque já lá vão muitos anos desde o último talento destes em Portugal.
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