
“Um elefante numa loja de cristais”. Foi há quase uma década que associei pela primeira vez a expressão a um jogador de futebol. Em Luisão tudo era demasiado mau. Dificuldades técnicas evidentes. Total ausência de habilidade motora. O brasileiro parecia um imóvel. Era tudo menos um jogador de futebol. Quase dez anos depois, a opinião inicial, porque não era errada, não se alterou. Foi Luisão que evoluiu. Tanto que mesmo não sendo o melhor central da Liga, é bem capaz de ser o mais importante para o modelo de jogo em que está inserido.
Se um elefante numa loja de cristais cria danos. Imagine dois.
Há quem goste assim. Dois centrais enormes, e é indesmentível que a altura é um extra importantíssimo. E podemos facilmente pensar nos golos/pontos que Onyewu já ofertou ao seu clube. Não há que o negar. O americano é decisivo nas bolas paradas. Cabe a Domingos perceber se compensará de facto não ter um mínimo de qualidade na saída para o ataque desde o sector mais recuado, para poder estar mais forte em tal momento específico do jogo.
Na Madeira dez segundos antes do Marítimo chegar ao dois a zero, um central madeirense, pressionado por Ricky bem junto à linha lateral decidiu e operou o que seguramente Onyewu ou Xandão jamais fariam. Pisou a bola, arriscou um pouco a posse, rodou por trás e fez a bola sair pelo lado oposto. É possível que noventa por cento dos centrais da Liga tivessem colocado aquela bola fora sem hesitar. O maritimista não fez o trivial. Arriscou, saiu a jogar e dez segundos depois numa jogada desenvolvida no corredor lateral oposto, o Marítimo já vencia com maior conforto.
Basicamente deve ser esta a equação que Domingos terá de fazer na sua mente. Compensará jogar com atletas que se limitam a impedir ataques. Ou terá mais a ganhar jogando com outros que mesmo perdendo em aspectos específicos se revelam capazes de mais do que roubar, recuperar e iniciar o ataque? O número de golos obtidos e a imponência defensiva nas bolas paradas que os “grandes” oferecem compensará tudo o que retiram ao jogo? Talvez por gostar demasiado da beleza do jogo, sei o que decidiria. Preferia ter André Martins ao lado de Daniel Carriço no sector defensivo, do que uma dupla de jogadores incapazes de dominar uma bola sequer.
P.S.- Xandão é um miúdo em estreia na Europa. O jogo é muito mais rápido e o central pode perfeitamente evoluir e tornar-se um jogador bem diferente daquele que parece na actualidade. Uma dúvida. Teve treinos suficientes para perceber a dinâmica da equipa e poder ser lançado de início, ou não há dinâmica colectiva definida e trabalhada, e qualquer um pode entrar em qualquer momento? Quanto da responsabilidade de Domingos há na opinião negativa que agora tenho do central do Sporting?
P.S. II – No dia em que à frente desta dupla de centrais, Domingos colocar Renato Neto, fica aqui prometido que desligo o televisor.
P.S. III – Independentemente da feroz critica à qualidade individual dos jogadores aqui mencionados, percebeu-se ontem que o Marítimo é uma equipa muito mais trabalhada que o Sporting. Desde as saídas para o ataque com a bola jogável, à mobilidade ofensiva, passando pelos equilíbrios defensivos percebe-se que há trabalho de Pedro Martins. Superior ao de Domingos, acrescente-se.
P.S. IV – Porque é que só os grandalhões é que escorregavam? Eram os únicos com pitons errados, ou tal poderá de alguma forma estar relacionado com inabilidade motora?
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