Verdadeiramente entusiasmante o SL Benfica no processo de criação de jogo ofensivo. Muita velocidade, qualidade na tomada de decisão, qualidade técnica presente em cada passe e recepção, e um trabalho verdadeiramente notável na mobilidade com que todos os jogadores se desmarcam em apoio ou em ruptura a cada instante, garantindo inúmeras opções ao portador da bola para dar seguimento a cada jogada.
Jesus continua crente que defender com apenas cinco é suficiente para os jogos na Luz. Os resultados têm provado que está certo. Eu nunca arriscaria tanto, ainda assim. Muitos são os lances em que os adversários que visitam a luz têm demasiado espaço para pouca oposição, e não parece que este tipo de táctica ou abordagem aos jogos seja suficiente para vencer jogos de elevado grau de dificuldade. Todavia, a péssima capacidade de definição no último terço de quase todos os jogadores/equipas da nossa Liga, vai permitindo demasiadas facilidades.
Ainda assim, continuo convicto. O Benfica golearia o Benfica.
Esquecendo o risco que sempre é deixar partir a equipa em dois, é bastante aprazível poder assistir a futebol ofensivo deste nível. Em quinze segundos a bola passa por uma mão cheia de jogadores, percorre todo o comprimento do campo e termina em ocasiões flagrantes de golo na baliza adversária.
Só em lances criados com finalização em situações extremamente vantajosas o resultado podia ter-se avolumado até aos dois dígitos. E sempre com qualidade elevada nas combinações ofensivas.
A inteligência e a qualidade técnica tornam a fazer a diferença na Luz.
Destaques individuais.
Garay. Para o nível da nossa liga, o argentino é um central soberbo. Incrível capacidade técnica e imponente no jogo sem bola. É o primeiro avançado do Benfica e é dos seus pés que nascem muitas das jogadas mais interessantes que vão sendo construídas.
Emerson. Péssimo. Inacreditável o número de perdas que soma. Destoa completamente dos restantes colegas. E pensar que Capdevilla é o tipo de jogador que encaixaria que nem uma luva neste modelo de jogo (primazia pela posse de bola, inteligência e excelente capacidade de passe). É que Emerson não é sequer assim tão veloz que justifique por uma única característica o lugar…
Witsel. Discreto na lateral direita, soberbo no meio campo. Parece um adulto a jogar contra crianças quando protege a bola. Enorme na ocupação do espaço e na capacidade de passe, recepção e desmarcação. Notável.
Aimar. O lance que termina com a bola no poste enviada por Cardozo ajuda a classificar Aimar. Fabuloso na tomada de decisão. Sabe tudo sobre o jogo e se há uma mínima hipótese de se poder chegar com perigo à baliza adversária, Aimar saberá explorá-la.
Nolito. Por vezes parece que está menos em jogo. Porém, se se der ao trabalho de quantificar o número de desequilíbrios que os seus passes provocam, perceberá que é um jogador determinante no pendor ofensivo do SL Benfica. O passe que isola Rodrigo no terceiro golo do Benfica é um clássico do espanhol. Na jornada anterior saiu igual e também para Rodrigo. Deu penalty e vitória em Santa Maria da Feira, e já no Dragão havia dado golo a Cardozo. A sua capacidade de definição aproxima-o de Aimar. E não recordo elogio maior que se lhe possa fazer.
Gáitan. Classe, classe e mais classe. Pouco trabalhador, com perdas irresponsáveis. Tem de estar mais em jogo e definir com mais qualidade para justificar o lugar num onze de inegável categoria. Quando em dia sim, a sua qualidade técnica e criatividade deslumbram qualquer um. Tem recortes técnicos de nível mundial. Imagine o argentino com a disponibilidade e definição de Nolito…
Rodrigo. Já é um dos grandes avançados do futebol europeu a explorar a profundidade nas costas das defesas adversárias. As suas desmarcações de ruptura revelam uma inteligência incrível para esse momento específico sem bola. É muito forte, muito rápido e tem um remate extraordinário. Acrescenta algo que mais nenhum avançado do plantel dava ao estilo de jogo encarnado. Vale golos. Muitos golos. E é certo que jogará num “tubarão” europeu.
Matic. Melhor jogo pelo SL Benfica. Qualidade de posicionamento outrora desconhecida. Pela primeira vez não só pareceu fazer esquecer Javi, como em determinados momentos, a sua capacidade para sair a jogar superou largamente a do espanhol. Menos complicativo, mais jogador.
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