Não há na Liga portuguesa ninguém com o nível de conhecimento táctico que Jesus tem do jogo. Por vezes fica a sensação que de tanto dominar o que deve ser feito em termos posicionais a cada situação de jogo, Jesus acaba por tornar-se displicente.
O treinador do Benfica sabia perfeitamente o nível de dificuldade que encontraria em Guimarães e não parece crível que o onze que subiu ao relvado no Estádio Dom Afonso Henriques não fizesse parte de uma estratégia. Todos sabemos como gosta de surpreender ou de tentar inovar.
Que terá passado pela mente de Jesus no momento de traçar a estratégia para tão difícil jogo?
Quando vi a constituição da equipa não pude deixar de pensar que a ideia seria convidar o Vitória a atacar, a ter bola, a investir mais no ataque. A estratégia provavelmente passaria por deixar o jogo partir. Entrar numa toada de ataque resposta, que naturalmente beneficia mais quem tem mais qualidade técnica e de decisão na frente. Todavia, torna o jogo mais aleatório e menos passível de ser controlado.
O exercício é puramente especulativo, mas é difícil pensar em algo diferente. Com jogadores de enorme qualidade, Jesus tornou-se um pouco diferente dos tempos passados em Belém e em Braga. Passou a adorar o risco e a delinear estratégias bem menos seguras. Próximas do tudo ou nada. Entusiasmou e entusiasmou-se com a exibição em casa frente ao Nacional. Quanto das duas derrotas consecutivas foram fruto da última exibição caseira?
Na liga jogando no Estádio da Luz apenas em um jogo não consentiu golos. Quando em Braga ou Belém fazer-lhe golos parecia tarefa hercúlea…
As loucas ideias de Jesus vão funcionando. Todavia, apenas porque tem melhores jogadores que os demais. Quando a dificuldade sobe, Jesus tem de regressar ao passado. Ou o sucesso passará a depender de factores que não controla.
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